O charme eterno de Paris segundo a diretora de celebridades da Dior
Acredita que Paris convida os transeuntes a abrandar o ritmo e a entregar-se ao prazer das pequenas coisas. Mathilde Favier, diretora de relações públicas da maison, com o pelouro das celebridades, esteve em Portugal para apresentar o livro Living Beautifully in Paris e conversou com a Máxima.

Dizia o cineasta Sacha Guitry que "para se ser parisiense não era preciso ter nascido em Paris, mas, sim, ter renascido lá." A mesma declaração poderia ter sido feita por Ernest Hemingway, que escreveu o livro Paris é uma Festa sobre as suas vivências na cidade nos loucos aos 1920, mas também pelo escritor Scott Fitzgerald, pela bailarina e cantora Josephine Baker, pela britânica Jane Birkin ou pelo espanhol Pablo Picasso, entre tantas outras referências da cultura mundial.
Esse é também o ponto de vista que Mathilde Favier, diretora mundial de Celebridades da Dior, partilha no livro Living Beautifully in Paris (edição Flammarion, com texto de Frédérique Dedet e fotografias de Pascal Chevalier). É um coffee table de charme, cheio de pormenores deliciosos, que Mathilde veio apresentar à imprensa portuguesa, consciente de que, na verdade, pode haver uma Paris à medida de cada alma sensível que a queira descobrir. "Este livro - diz-nos Mathilde - nasceu da ideia de partilhar o meu universo pessoal. É uma proposta de passeio, quis mostrar o que me encanta, a Paris que me embala. No fundo, quis homenagear esta cidade sublime."

Movendo-se Mathilde no mundo do luxo e das celebridades, este é, como não podia deixar de ser, um álbum recheado de moradas tão requintadas como inacessíveis à maior parte das bolsas - lá estão restaurantes como Le Voltaire ou o florista Éric Chauvin, mas as propostas, assegura, não se esgotam neste nicho dourado: "Assumo que falamos num ambiente que faz sonhar e que, por vezes, parecerá inacessível. Mas eu quero trazer um pouco do encanto de Paris a todos os tipos de meios. Apresento aqui os meus locais habituais, mas sou capaz de ir muito longe, para encontrar uma pequena padaria, longe dos melhores quarteirões. Ou um pequeno artesão que faz tudo de forma manual, à antiga e que, por isso, também faz parte do charme de Paris." E acrescenta: "Eu diria que cada bairro, independentemente de estar ou não no centro, funciona como uma pequena Paris. Desde a bomboneira do chocolateiro-confeiteiro Louis Fouquet a floristas como Eric Chavin ou Jean Moulié, Paris tem esta dimensão íntima que me faz sentir em casa."
A alegria e a beleza das propostas que colige nestas páginas pretendem ser um bálsamo para a dureza dos tempos que vivemos: "Penso que Paris nos lembra a importância de abrandar o ritmo, saborear o instante presente e apreciar as pequenas alegrias. A minha ideia é também trazer uma certa ligeireza, não apenas a uma indústria que, por vezes, se toma demasiado a sério, mas também a um mundo que, como sabemos, pode ser demasiado duro. Pessoalmente, estou convencida de que a ligeireza pode ter uma certa profundidade e adoçar a vida."

No livro de escolhas de Mathilde Favier aparecem muitos dos seus "cúmplices" favoritos, parisienses de nascença ou adoção, como Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da Dior desde 2016, Carla Bruni-Sarkozy, a editora chefe da Vogue Paris, Emmanuelle Alt, o apresentador de televisão, Antoine de Caunes, a pintora Tatiana de Nicolau ou a supermodelo Natalia Vodianova. Todos juntos, formam um autêntico mosaico de origens e culturas, unidos pelo prazer com que se entregam a Paris: "Ser parisiense é uma atitude associada a um certo mistério, um certo charme", diz-nos ainda Mathilde Favier. "Conheço pessoas que não são originárias de Paris, mas que parecem mais parisienses do que outras realmente nascidas na cidade."

No livro, Mathilde, que nasceu, de facto, em Paris (no 16º arrondissement) evoca ainda a sua infância parisiense, num meio cheio de arte e criatividade. Através da sua família, poderia contar-se boa parte da História da Moda francesa no último meio século. O tio materno, de que Mathilde fala recorrentemente, é Gilles Dufour, que entrou na Chanel na qualidade de assistente de Karl Lagerfeld e foi diretor criativo da Balmain. Amigo próximo de Catherine Deneuve e Claudia Schiffer, acabaria por ser ele a abrir as portas do mundo da Moda à sobrinha, que, aos 13 anos, começou a trabalhar na Chanel, num pequeno estágio de Verão.

Mas na casa de família, onde Mathilde diz ter aprendido a verdadeira arte de bem receber à parisiense, passavam amigos como Azzedine Alaia, Hubert de Givenchy e Karl Lagerfeld. Muito jovem ainda, trabalhou como assistente de Carine Roitfield na revista Glamour, iniciando, assim, uma carreira brilhante, que a levaria a dirigir o departamento de Relações Públicas da Prada e, finalmente, à Dior, onde se mantém.

Com o humor e descontração que a caracterizam, Mathilde Favier recorda ainda a sua brevíssima "carreira" cinematográfica. Para isso, inclui no livro uma fotografia das rodagens de Maria Antonieta, da sua amiga de adolescência (outra parisiense de adopção) Sofia Coppola. Ali aparece, vestida à moda da corte de Versalhes, numa pausa para um cigarro, ao lado da designer de lingerie Fifi Chachnill e do ator Al Weaver: "Interpretava uma dama da corte e só tinha de me curvar à passagem da rainha - recorda - mas foi um dia inteiro de trabalho para filmar só esta cena", recorda com uma gargalhada.

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