Nazareth, a marca portuguesa inspirada na vida de duas avós
Feita a partir de materiais sustentáveis e 'dead stock' de fábricas nacionais, a Nazareth Collection é pensada para quem quer apoiar a produção nacional e adora peças que permaneçam no tempo.
Antes de criar a sua marca de Moda em nome próprio, Márcia Nazareth já sabia que o caminho passaria por aplicar uma abordagem sustentável e consciente a cada peça. Assim nasceu, em 2013, a Nazareth Collection, uma marca e uma empresa inspirada nas vidas pioneiras das duas avós de Márcia. "A avó Aurora era mestre de guarda-roupas cénicos e artísticos no TEP, Teatro Experimental do Porto. O atelier dela era verdadeiramente uma sala de artista: com colas, entretelas, arames e materiais para criar todo o tipo de peças, do século XV às de astronauta", começa por contar. "Já a avó Luz foi a primeira empreendedora a ter uma empresa têxtil de plissados e sacos de cama no nosso país. Juntamente com o meu avô Avelino, viajava até Milão para trazer novos produtos e materiais ainda por explorar em Portugal. É certo que tiverem várias quebras no negócio, mas sempre se reinventaram. Sempre."


Márcia Nazareth herdou de ambas a criatividade, a inovação e, acima de tudo, a persistência. E também o sentido de vanguarda, claro. "Como também o gosto por saber fazer durar uma peça de roupa e o sonho de a vestir como sendo única", acrescenta.

Formada em Design Gráfico nas Belas Artes, no Porto, Márcia trabalhou em algumas agências de design até que em 2003 decidiu abrir o seu próprio gabinete de comunicação. "Foi uma maravilhosa aprendizagem de 10 anos, que me deu a experiência necessária para ainda hoje, e cada vez mais, continuar a acreditar no empreendorismo." Fundou a sua marca dez anos depois, em 2013. "Os primeiros tempos foram bastante difíceis, mas o desejo de criar uma marca nova portuguesa, e de assumir toda a responsabilidade que com ela vem, tem sido mais forte."


A inovação trazida ao mercado pela Nazareth inclui "coleções temáticas com fotografias de minha autoria produzidas em digital print, aplicadas a 360 graus em cada peça. A ideia era vestir uma fotografia. Foram 14 coleções temáticas de cidades ou de temas que me inspiravam, como Porto e Lisboa, ou o fado e o mar."


Desde então a marca foi evoluindo, passando a utilizar progressivamente tecidos de maior sustentabilidade ambiental, " como a viscose, depois o algodão, o lyocel ou o algodão orgânico".

A sustentabilidade e a preferência por dead stock são evidentes.

"Na Nazareth, apresentamos coleções de Moda feminina que somam valor a quem as veste. Para isso estamos focadas em desenvolver peças com índices de sustentabilidade cada vez maiores, reaproveitando matérias-primas de primeira qualidade. Este cuidado por ser sustentável nasce e destina-se a pessoas que se preocupam não apenas consigo, como também com os outros. E com o futuro de todos. Esta generosidade emocional das nossas clientes são também o principal ativo da marca."

Tudo começa na ida às fábricas para procurar o que outras produções deixam para trás. "Cada peça dura pela qualidade e conforto que proporciona. As matérias-primas são selecionadas pessoalmente entre stock que esteja parado nas fábricas como excessos de produção", esclarece. Assim se "ganha uma segunda vida. Fomentando um equilíbrio ambiental, social e económico, estimulando uma cultura onde todos os intervenientes no processo, do desenho inicial ao armário final, se sentem felizes e enquadrados numa lógica de bem-estar."


A mais recente coleção, 'I Care', espelha a importância do cuidar. "Cada vez mais procuramos vestir pessoas conscientes, de si próprias e do mundo que as rodeia. Esta coleção nasce do respeito mútuo existente entre a matéria-prima selecionada e a natureza. Como na Nazareth valorizamos esta relação, queremos ir ao encontro de mulheres que tenham também uma voz e uma postura ativas na defesa do seu bem-estar e do nosso meio-ambiente" remata.

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