Alta-Costura primavera/verão e o lado sonhador da moda
Agora que o verão chegou para ficar inspiramo-nos nas coleções de sonho da Alta-Costura primavera/verão 2018. Quando as portas destes desfiles se fecham, um novo mundo se abre e o mínimo que se poderá esperar é pura fantasia.

Contava Chistian Dior (Granville, França, 1905 - Toscana, Itália, 1957) nas suas memórias Christian Dior et Moi, de 1956, que os seus primeiros desfiles, em 1947, no mítico número 30 da Avenue Montaigne, em Paris, já eram uma mistura de desfile de moda e de evento social, onde as convidadas se sentavam, acenavam cumprimentos entre si, trocavam doces e acendiam o cigarro quando o desfile estava prestes a começar. Havia um programa do desfile, uma colaboradora que distribuía leques às convidadas e as modelos caminhavam, elegantemente, ao som de uma voz feminina que descrevia a roupa que estavam a exibir. Na semana de Alta-Costura primavera/verão 2018 (entre 22 e 25 de janeiro de 2018), John Galliano ? que está ao leme da Maison Margiela depois de, durante mais de 14 anos, ter desafiado todos os limites da criatividade na Casa Dior ? criou uma coleção que reflete (literalmente) o fenómeno atual do ubíquo smartphone. Algumas peças do desfile foram feitas num material aparentemente negro e liso, mas que perante a luz de um flash se transforma numa mistura de cores psicadélicas. Nas sete décadas que separam os dois momentos da Alta-Costura muito aconteceu. Mas um elemento manteve-se constante: a representação do sonho. A questão que se coloca talvez seja: então com que é que sonhamos agora?
Teríamos de recorrer à genialidade de pensadores para aprofundar a questão e poderíamos perceber porque é que este mercado de números milionários, que teve morte anunciada, continua a florescer. Mas foquemo-nos, por agora, na genialidade dos criadores que apresentaram as colecções de verão, em Paris. A capital francesa e a exclusividade são outros elementos-chave da Alta-Costura. Já na década de 1860, foi na Cidade Luz que o inglês Charles Frederick Worth começou a dinâmica de desfile de moda, à semelhança do que conhecemos hoje: só se entrava com convite e havia um rígido dress code. Mas outras regras mantêm-se. Por exemplo, para que uma marca possa apresentar a coleção neste restrito círculo tem de possuir o ateliê em Paris, com um grupo de trabalho de, pelo menos, 20 pessoas, onde se incluem as costureiras que manobram a arte de passar do papel para a realidade uma peça de roupa feita à mão. Por isso mesmo, na Casa Valentino, Pier Paolo Pichioli homenageou o trabalho das artesãs dando a cada criação da coleção o nome da pessoa que a costurou, depois de, na estação anterior, ter optado por nomes de deusas gregas e romanas. Quanto aos vistosos acessórios de cabeça, também os podemos tratar pelo nome do seu criador: Phillip Treacy. É também essencial que cada desfile tenha um mínimo de 35 propostas com sugestões para o dia, como os eternos tailleurs Chanel em tweed, e, para a noite, como os vestidos de Elie Saab.

Depois de um início de ano em que a Moda assumiu o preto como cor de protesto, na sequência do escândalo Weinstein, o que se pôde ver na cerimónia de entrega dos Globos de Ouro, a semana de Alta-Costura reimplantou o uso da cor com uma paleta interminável de pastéis e passou a contar com uma nova mulher no grupo de "criadores magníficos". Clare Waight Keller (criadora do vestido de noiva de Meghan Markle) estreou-se na Alta-Costura, através da Casa Givenchy, com uma coleção em que a alfaiataria teve o papel principal. Maria Grazia Chiuri também explorou o vestuário masculino, na coleção de Christian Dior, porque a sua musa desta estação, a artista argentina e surrealista Leonor Fini, costumava vestir-se de homem e brincar com a sua personalidade. A criadora "tatuou" no pescoço das modelos frases de André Breton (fundador do manifesto surrealista), pintou a coleção de preto e branco porque diz serem as cores do subconsciente e recuperou o vestido-gaiola dos arquivos da Maison. Chiuri mergulhou de cabeça no movimento surrealista e não foi a única. Na Casa Schiaparelli, Bertrand Guyon quis contar a história das deusas de hoje e criou uma coleção a partir de duas inspirações que, garante, nada têm a ver uma com a outra: a Coleção Pagã de outono/inverno de 1938, de Schiaparelli, e a peça de teatro de Jean Paul Sartre, Le Diable et le Bon Dieu. A dupla Viktor & Rolf fez do seu desfile um baile de máscaras com pinceladas de surrealismo. Os criadores continuam a sua linha de pensamento consciente e, desta vez, decidiram usar um único tecido: o satin duchesse que se multiplica em fitas, em figuras geométricas, em laços, em folhos e em flores numa coleção que parece um puzzle de cores e de formas.
A fantasia está na ordem do dia, seja por uma avalanche de passadeiras vermelhas, seja porque concorreu aos Óscares um filme sobre um criador na época dourada da Alta-Costura (protagonizado por Daniel Day-Lewis, em Linha Fantasma, filme vencedor do Óscar do Melhor Guarda-Roupa, este ano) ou seja, ainda, porque este ano houve mais um casamento real britânico. E vale a pena relembrar que a marca do vestido que Meghan Markle escolheu para as fotografias oficiais do noivado, a Ralph Russo, também apresentou a sua coleção e podia ter sido feita a pensar em princesas de contos de fadas. Os sonhos parecem embalar a Alta-Costura para a primavera/verão 2018. E, depois de ver as coleções, quereremos acordar?

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