Não é fácil organizar e digerir toda a informação que nos é injetada em três dias de ModaLisboa. São centenas de coordenados, inspirações, silhuetas, perspetivas. Ainda mais difícil é voltar à identidade de cada coleção e ao trabalho de cada designer ? são só as peças mais especiais que conseguem encontrar um lugar e ficar na nossa memória. Ontem, já ao fim do dia, se perguntássemos a quem assistia aos desfiles o que não tinham conseguido esquecer, de certeza que nos iam falar da coleção de João Magalhães para a Morecco (a Máxima filmou a preparação desta coleção e mostra-lhe tudo em breve, no site). O designer diz que se inspirou numa viagem à Índia, mas a verdade é que nos conseguiu levar a um novo lugar, provavelmente algures na sua imaginação. Com ideias fora da caixa e influências do Rajastão, construiu uma coleção a partir de um moodboard tão criativo quanto interessante, feito de cores vibrantes, materiais inesperados e influências que não cabem neste mundo.
Em Olga Noronha vimos novas reinterpretações do naked dress, algumas mais interessantes que outras, com materiais sólidos a imitar joias, que a criadora descreve como "um conjunto de esculturas usáveis que espelham e revelam variações físicas e (in)clemências emocionais".
Hiperfeminina, a coleção de Luís Carvalho joga com a forma e com a proporção, num jogo de camadas que se sobrepõem para criar textura. Na passerelle, vimos coordenados em cores neutras e pastéis. "O ocre surge como cor de contraste em materiais mais estruturados como as sarjas de algodão e os alinhados, bem como nos tecidos mais fluidos, como os cetins e cupros", explica o designer. São peças sofisticadas, feitas a pensar no que as mulheres querem.
O último dia da ModaLisboa terminou com o desfile de Filipe Faísca, que trouxe à passerelle coordenados primaveris e leves, mas que também conseguiam ter sex appeal. O melhor? As calças espaciais, metalizadas, e o trench coat no mesmo material, a fazer lembrar um fato de astronauta do futuro.