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Moda

Os negócios de Bernard Arnault, o segundo homem mais rico do mundo

A fortuna do empresário francês dono da Louis Vuitton ultrapassou a de Bill Gates.

Foto: Instagram @lvmh
28 de novembro de 2019 às 07:00 Vitória Amaral

Foi a maior compra do grupo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton) até à data e mudou a posição de Bernard Arnault no jogo de poder das grandes fortunas mundiais. Falamos da compra da marca de joias Tiffany’s, com uma forte presença nos EUA e uma quota relevante no mercado asiático, um negócio de 16,5 mil milhões de dólares (135 dólares por acção) oficializado esta segunda-feira.

Bernard Arnault, o homem mais rico da Europa e o segundo mais rico do mundo é dono da LVMH, o maior grupo de de luxo do mundo, que, para além da Louis Vuitton, conta com marcas como Dom Pérignon, Christian Dior, Bulgari, Tag Heuer, entre outras. Nascido no norte da França, perto da fronteira com a Bélgica, no seio de uma família abastada, Arnault estudou na prestigiada escola de engenharia École Polytechnique com ambições de trabalhar no negócio de construção do pai. Aos 32 anos, quando a esquerda chegou ao poder no país, mudou-se para os EUA para trabalhar no mercado imobiliário. Chegou a construir um condomínio em Palm Beach, mas sem grande sucesso.

Em 1984, Bernard Arnault soube que o governo francês estava à procura de alguém para liderar o grupo têxtil Boussac, dono da Dior, que entretanto tinha entrado em falência. Com a ajuda de Antoine Bernheim (banqueiro do Lazard, grupo de consultoria financeira sediado em Nova Iorque e hoje o maior banco de investimento independente do mundo) reuniu 80 milhões de dólares mais um investimento pessoal de 15 milhões de dólares e começou a construir o seu império. Assim que chegou à Boussac, Arnault demitiu 9 mil trabalhadores e vendeu praticamente todas as suas fábricas, restando apenas a Christian Dior e os conhecidos armazéns franceses Le Bon Marché. Modernizou e deu escala à produção e distribuição de roupas e acessórios de luxo, um negócio até então maioritariamente artesanal. Na Dior, acabou com as quase 300 licenças concedidas a outras empresas para produzir com o nome da marca, reestabelecendo o controlo da produção, distribuição e marketing.

No fim dos anos 80, a Louis Vuitton e a Moët/Hennessy estavam numa disputa de poder depois da fusão da empresa de bebidas com a marca de moda, originando a LVMH. O vice-presidente do grupo, Henry Recamier, propôs a Arnault que comprasse uma participação, pensando ter um aliado contra o presidente da altura, Alain Chevalier. Arnault encontrou-se com o presidente e fez outra negociação que lhe permitiu tornar-se no maior acionista da LVMH e assumir a presidência, derrotanto mais tarde Recamier numa batalha judicial.

Recebeu a alcunha de "O Exterminador do Futuro" e de "predador" pela sua postura impiedosa no mundo dos negócios, recorrendo a ofertas hostis e traição de antigos aliados. Bernard Arnault usou tudo o que estava ao seu alcance para aumentar a rentabilidade da LVMH, mesmo que isso significasse fechar fábricas, demissões em massa ou conspirações para comprar concorrentes que não estavam à venda, como é o caso da Hermès, que conseguiu reverter a situação depois de quase perder a empresa para a LMVH.

Entusiasta da tecnologia, fez alguns investimentos no e-commerce que, apesar de não irem muito longe, lhe garantiram ações em empresas como a Netflix, Airbnb e Spotify. Só no ano passado, a margem operacional no grupo foi de 21,5%. Seguindo uma economia de escala, Arnault transformou a LVMH numa espécie de McDonald’s de luxo com 4 592 lojas em 70 países e 156 mil colaboradores. Tendo em conta que a família Arnault detém mais de 47% do capital da LMVH, com a subida das acções da marca, a sua fortuna pessoal tem acompanhado a evolução.

As ações da LMVH estão a acumular uma subida de quase 58% desde o início do ano - com a cotação, desde 1989, a negociar acima dos 407 euros por acção, o valor mais elevado de sempre. Este crescimento mostrou-se decisivo para a fortuna de Bernard Arnault, hoje avaliada em 107,4 mil milhões de dólares, de acordo com a Forbes.

O empresário francês ascende assim à segunda posição no ranking, ultrapassando Bill Gates, que durante anos liderou as listas dos mais ricos do mundo e em 2018 ficou em segundo lugar, descendo agora para a terceira posição. Já em março deste ano, a fortuna de Bernard tinha superado a de Warren Buffet. Atualmente o líder do ranking é Jeff Bezos, à frente da Amazon, com uma fortuna avaliada em 110,5 mil milhões de dólares.

Bill Gates, por sua vez, conta com uma fortuna avaliada em 107 milhões de dólares, valor que está a crescer, em parte a beneficiar dos máximos históricos atingidos pela Microsoft. A empresa, que se estreou em bolsa em 1986, está a subir quase 49% em bolsa durante este ano. Apesar de ter destronado Bill Gates, os "adversários" de Bernard Arnault têm fortunas que continuam em crescimento, mas a um ritmo mais lento.

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