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Mulheres portuguesas trabalham mais 54 dias por um salário igual ao dos homens

Apesar da evolução positiva dos últimos anos, o fosso salarial em Portugal ainda é de tal forma substancial que os homens poderiam deixar de trabalhar a 8 de novembro, enquanto as mulheres teriam de o fazer até ao fim do ano para receber o mesmo.

Foto: unsplash
08 de novembro de 2019 às 15:51 Vitória Amaral

No âmbito do Dia Nacional da Igualdade Salarial, assinalado esta sexta, 8, a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), Joana Gíria, destacou numa entrevista à LUSA que nos últimos quatro anos Portugal tem evoluído de forma positiva rumo à diminuição das desigualdades salariais entre homens e mulheres. “Sobretudo porque com a retoma da economia o salário mínimo aumentou e o maior grupo de pessoas que recebe salário mínimo são mulheres, o que significa naturalmente que a disparidade diminuiu”, apontou. Outro fator que contribuiu para este progresso foi a “desvalorização do salário dos homens durante o período de crise e que ainda não foi totalmente retomada”.

Contudo, a presidente da CITE apontou também a situação heterogénea que se mantém: “Havendo uma disparidade de 14,8% de rendimento em desfavor das mulheres, fazendo as contas, são 54 dias por ano que as mulheres teriam de trabalhar a mais para atingirem os rendimentos dos homens”. Além disso, há o problema das profissões em que as mulheres “praticamente não ascendem” a cargos de chefia. Joana Gíria usa como exemplo as áreas da saúde ou da educação, nas quais as mulheres ganham salários mais baixos “porque a sociedade entende que estas tarefas lhe são naturalmente mais fáceis de desempenhar”, sendo o seu trabalho desvalorizado.

Quanto a este fenómeno, a presidente da CITE aponta que o país está consciente do problema e tem tomado medidas que combatam a tendência através da criação de quotas em cargos diretivos a serem preenchidas por mulheres. De acordo com Joana Gíria, a realidade nacional e mundial ainda mantém a supremacia masculina em cargos de chefia, que têm acesso às remunerações mais elevadas.

A responsável pelo CITE lembra que um fosso salarial baixo não é sinónimo de igualdade, usando como exemplo o caso da Roménia, o país Europeu com menor diferença salarial, à custa da falta de representatividade feminina no mercado de trabalho. Ou ao contrário, o caso dos países nórdicos em que os homens trabalham a tempo inteiro e as mulheres não, gerando uma disparidade salarial substancial. As estatísticas europeias do Eurostat dizem que as mulheres terão em média salários 16% mais baixos do que os dos homens, um valor que, no caso português, sobe ligeiramente para os 16,3%. Gíria esclareceu ainda que a diferença deste valor face aos 14,8% das estatísticas nacionais tem a ver com as diferentes formas de apuramento de dados, já que para o Eurostat conta os salários brutos por hora de empresas com mais de 10 trabalhadores, enquanto Portugal tem em conta a média de salários de todas as empresas.

Finalmente, a presidente da CITE considera que a promoção da igualdade salarial e do posicionamento das mulheres em cargos de chefia são fundamentais, destacando também que “uma das medidas mais bem conseguidas até agora foi a criação da licença parental partilhada”.

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