Assédio e abusos. Também tu, Brand?
Tudo o que já se sabe sobre os casos de violação, abusos sexuais e comportamentos abusivos que cinco mulheres alegam ter vivido às mãos do comediante inglês Russell Brand.

Russel Brand, comediante, apresentador, ator inglês e ex-marido da cantora Katy Perry, está envolvido num escândalo sexual com pelo menos cinco mulheres a acusá-lo de violação, abuso sexual e comportamentos controladores e emocionalmente abusivos. Quem diria? Pelos vistos, muita gente. Como já vem sendo costume nestes casos, a conduta de Brand era um segredo que se comentava à boca pequena, nos bastidores das estações de televisão e salas de espetáculos onde o comediante se movimentava. Pelo menos, é o que se vai ouvindo e lendo nos meios de comunicação e redes sociais, desde que as acusações vieram a público, no passado sábado, 16 de setembro.
As acusações decorrem de uma investigação conjunta dos jornais britânicos The Times e The Sunday Times, com a equipa do programa documental "Dispatches", que é emitido na cadeia de televisão Channel 4. Ao todo, cinco mulheres – quatro em anonimato e uma quinta usando o seu nome verdadeiro –, relataram as suas experiências de abuso e violência com Russell Brand. Os jornalistas dizem ter recolhido mais relatos, mas de mulheres que preferiram não contar a sua história publicamente. Os casos conhecidos até ao momento remontam ao período entre 2006 e 2013.
Uma das mulheres afirma que Brand a agrediu sexualmente durante um relacionamento de três meses, que terá decorrido em 2006, quando ela tinha 16 anos e ainda estava na escola, e Brand tinha 31. A jovem conta um episódio em particular de sexo oral forçado em que Russell a "sufocou com o pénis". O escândalo está já a envolver a BBC, com a alegada vítima a contar que, por mais do que uma vez, Russell Brand mandou o carro de serviço da estação de televisão pública, que estava ao seu dispor, para a ir buscar à escola e levar a casa dele.
Jordan Martin, a única mulher a dar o nome até ao momento, conta que Russell foi física e emocionalmente abusivo durante um relacionamento de seis meses que mantiveram em 2007. Em fevereiro desse ano, Jordan alega que Brand a agrediu, no Hotel Lowry, em Manchester, quando soube que ela tinha falado com um ex-namorado. O comediante ter-lhe-á arrancado o telefone da mão, para tirar a bateria e, de seguida tocou-a de forma sexual.

Outra mulher alega ter sido violada por Brand contra uma parede da casa do comediante em Los Angeles. De acordo com o relato, Russell terá tentado que ela participasse numa cena de sexo a três, quando ela se recusou, impediu-a de sair de casa e violou-a. Há relatórios médicos que comprovam que ela foi tratada, nesse mesmo dia, numa clínica especializada em crimes sexuais. Fez terapia e foi acompanhada neste centro durante cinco meses. Depois do sucedido, Brand mandou-lhe mensagens pedindo desculpa, descrevendo o seu próprio comportamento como "louco e egoísta". Este episódio ter-se-á passado em 2012, no mesmo mês em que ficou finalizado o divórcio do comediante com a cantora Katy Perry.
No ano seguinte, uma mulher que diz ter conhecido Brand num centro de Alcoólicos Anónimos e que, mais tarde, começou a trabalhar com ele, alega ter sido alvo de abuso sexual também na sua casa de Los Angeles. A alegada vítima diz que Brand a tentou beijar, arrancou-lhe a roupa e a agarrou-a com força. Esta mulher diz-lhe ter gritado, inúmeras vezes, dizendo-lhe que parasse e conta que a determinada altura ele cedeu, mas gritou-lhe que estava "despedida".
Em comunicado, no mesmo dia em que estas acusações foram conhecidas, Russell disse que durante esse período da sua vida foi "muito promíscuo", mas que as relações que manteve foram "sempre consensuais". Não negou ter tido uma relação com uma adolescente de 16 anos.

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