Quem é a mulher que acusa Nuno Lopes de violação?
A. M. Lukas – pseudónimo de Anna Martemucci – é atriz, guionista e realizadora de cinema. Tem 41 anos e nasceu em Nova Iorque.

Possivelmente desconhecida de boa parte dos portugueses, A. M. Lukas – pseudónimo de Anna Martemucci –, passou a ser das mulheres mais pesquisadas na internet e nas redes sociais quando se soube que Lukas acusa o ator português Nuno Lopes de a ter drogado e violado. Lukas tem 41 anos, nasceu em Nova Iorque e é atriz, guionista e realizadora de cinema, e, no processo que apresentou em tribunal, datado de 17 de novembro, diz que a sua vida mudou no dia 28 de abril de 2006, depois de ter conhecido Nuno Lopes no Tribeca Film Festival, um famoso festival de cinema nova-iorquino.
Lukas é filha de um refugiado político que fugiu do comunismo na Checoslováquia e de uma emigrante italiana. O seu avô, Jan Lukas, é um famoso fotojornalista que retratou o Holocausto e os anos do pós Segunda Guerra Mundial no seu país de origem. E é fácil perceber, pelo seu percurso, que Lukas herdou do avô essa vontade de contar histórias através de imagens. Lukas é mais conhecida pelo filme Hollidaysburg, lançado em 2014, uma comédia premiada sobre a passagem da adolescência para a idade adulta, que escreveu e dirigiu, e por One Cambodian Family Please for My Pleasure, filme lançado em 2018, protagonizado por Emily Mortimer, que abriu o festival de cinema Sundance, recebeu uma nomeação para o Óscar de melhor curta-metragem e foi elogiado por organizações de direitos humanos – o filme contava a história de uma mulher checa, refugiada em Fargo, no Dacota do Norte, e que escreve uma carta a uma organização não governamental implorando que enviem uma família de cambojanos para viver na terra que a acolheu.

Lukas começou o seu percurso no mundo do cinema em 2004, quando se licenciou em guionismo, na New York University’s Tisch School of the Arts e, pouco depois de terminar o curso, trabalhou com o famoso realizador Wes Anderson. Ao mesmo tempo, como é usual para as pessoas que procuram uma carreira artística, Lukas ia mantendo diversos trabalhos para sobreviver, em lojas de roupa e bares, de acordo com a breve biografia que consta do processo que apresentou em tribunal. Em 2015, já depois do seu sucesso com Hollidaysburg, foi-lhe atribuída, pelo Tribeca Film Institute, uma bolsa inaugural, no valor de 75 mil dólares, mas que teve de a recusar por se encontrar num estado mental frágil – algo que atribui à alegada violação que terá sofrido às mãos de Nuno Lopes e que é uma das queixas que pode ler-se no processo que apresentou.
No documento entregue em tribunal, Lukas conta que conheceu Nuno Lopes na antestreia do filme Journey to The End of The Night, que foi apresentado no Tribeca Film Festival, em 2006, e que estava a beber um copo de vinho branco que suspeita que tenha sido usado para a drogar porque, ao longo da noite, perdeu a consciência e a capacidade de se locomover e que tem memórias soltas de estar nua e a ser abusada por Nuno Lopes, no seu apartamento. Só se terá apercebido do local no dia seguinte, por volta das sete e meia da manhã, quando este chamou um táxi para a levar a casa e lhe deu 30 dólares, para pagar a viagem, e o seu número de telefone. Lukas refere ainda que, dois dias depois, foi assistida no Long Island College Hospital e que foi examinada em conformidade com as suas queixas tendo-lhe sido feito aquilo que vulgarmente é referido como rape kit – um exame que visa registar ferimentos e material biológico que seja possível recolher, decorrente da violação –, e que a polícia foi chamada ao local para falar com ela.
Nuno Lopes já reagiu à notícia, através de um comunicado que postou na sua conta de Instagram, no qual diz ter recebido "com surpresa e choque uma carta vinda dos Estados Unidos por parte dos advogados de A. M. Lukas" que o acusam de a ter drogado e violado há 17 anos, pedindo-lhe "que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas". Diz ter rejeitado ambos, acrescentando que é "moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos" de que o acusam, e sublinha estar "de consciência absolutamente tranquila".

A. M. Lukas apresentou este caso em tribunal ao abrigo do Adult Survivors Act, uma alteração que o estado de Nova Iorque aplicou na lei que fez com que, durante um ano, os prazos de prescrição para crimes sexuais não se aplicassem, de forma que pessoas vítimas de crimes antigos, que já tivessem prescrito, pudessem apresentar queixa em tribunal. Esse prazo especial expira no próximo dia 24 de novembro.

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