A parede de exposição do Banco de Espanha é agora embelezada por dois retratos dos reis de Espanha, pela lente de Annie Leibovitz. O uniforme do rei é o clássico, mas o vestido da rainha é uma obra de arte só por si. Um vestido de gala preto cai-cai, de tule de seda, que segue justo ao corpo e abre abaixo do joelho numa silhueta semelhante a um trompete. Letizia conjugou-o com uma capa vermelha. Ambas as peças são assinadas por Cristóbal Balenciaga, o próprio, sendo assim, a primeira vez que a rainha usa esta marca. Descrever o vestido é fácil, mas o peso histórico da peça vai além do seu aspeto estético.
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Recentemente, Balenciaga tem sido associado a malas que parecem sacos de batatas fritas ou saias que imitam uma toalha, mas Cristóbal Balenciaga, nascido em 1895, em Espanha, criou uma marca guiada pela alta-costura, de formas arquiteturais que dialogavam facilmente com o corpo. Vestidos de noite apareciam regularmente nos corpos de estrelas de cinema do início do século passado.
O vestido de Letizia foi produzido exatamente nessa altura. Data a 1948 e pertenceu a Maria Junyent, sobrinha do pintor, cenógrafo e colecionador Oleguer Junyent. Maria era amiga do designer, por morar perto do seu atelier, e foi o seu filho que doou a peça à Fundação Antoni de Montopalau, em Sabadell, na Catalunha, onde está exposto. A fundação emprestou o vestido a Letizia, juntamente com a estola, também em exposição, do mesmo designer, mas de 1962.
O conjunto da rainha, escuro e vibrante, contrasta com a sala do palácio real decorada em tons verdes e térrea, enquanto conjuga com o fato militar do marido. Os dois quadros funcionam em conjunto, como uma contínua imagem horizontal dividida em duas molduras douradas. A imponência é inegável.