Trabalho, autoconhecimento e elegância: 7 ensinamentos deixados por Glória de Matos
Uma masterclass de vida com a graciosidade de quem nunca precisou de levantar a voz para ser eterna.
Glória de Matos personificou trabalho, autoconhecimento e elegância
Foto: Hugo Correia12 de dezembro de 2025 às 12:04 Patrícia Domingues
Glória de Matos (1936–2025) foi uma das grandes damas do teatro português: intensa, rigorosa e eternamente curiosa. Atriz desde os anos 50, estudou em Londres, cofundou a Casa da Comédia, foi musa de Manoel de Oliveira e marcou o Teatro Nacional D. Maria II com interpretações que misturavam técnica, emoção e uma rara autenticidade.
Como professora, formou gerações inteiras, defendendo que um ator só cresce quando cresce também como pessoa. Discreta e luminosa, viveu um grande amor com Henrique Mendes e transformou a sua vida numa lição de entrega e integridade.
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Glória não representava apenas personagens; revelava mundos. E é assim que permanece: como artista, como mestre e como ícone de estilo, por dentro e por fora.
Foto: Pedro Catarino
As lições do legado inspirador de Glória de Matos:
1. Entre ter controlo e abdicar dele, o equilíbrio é a chave.
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“Os acasos acontecem e são eles que proporcionam grandes coisas na vida das pessoas. As pessoas não estão é às vezes disponíveis para o que pode acontecer por acaso.” – Heranças D’Ouro, 2007, RTP
2. O desenvolvimento pessoal é tão importante quanto o profissional (sem alma, até a melhor técnica é vazia).
“Por que é que para ser ator neste país qualquer pessoa serve? Agora é tudo ‘espontâneo’. Esta é uma profissão que não se pode exercer sem a pessoa estar muito bem formada. Não só formada tecnicamente, mas formada como pessoa. Ter os seus paradigmas muito bem determinados, porque para uma pessoa fazer isto a sério é complicado.” – Heranças D’Ouro, 2007, RTP
3. Expectativas bem geridas salvam corações (e carreiras).
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“Temos este problema das pessoas que pensam que é muito fácil entrar no mercado de trabalho, no cinema, na televisão, no teatro. As raparigas mostram as pernas e põem um decote, os rapazes dizem umas graças. É tudo mentira, não é nada assim. O teatro e o cinema verdadeiramente bem feito é uma arte com muitas dificuldades, que nos pede muitas coisas. Nós temos de estar preparados para dar.” – Heranças D’Ouro, 2007, RTP
4. Amor verdadeiro é escolha – e vale sempre a pena.
“Quando se é ator, e se é ator de verdade, acontece uma coisa curiosa, que é... nunca deixamos de o ser.” – O que é feito de si?, 1982, RTP
Glória de Matos e um homem sentados num sofá, em memória de uma vida marcada pelo trabalho e autoconhecimento
Foto: Pedro Paiva
5. Estar só é diferente de estar sozinha
"Não gosto da solidão, mas não temo o estar sozinha. Sinto é muita falta do Henrique [Mendes]. Com ele vivi o grande amor da minha vida.” – Caras, 2008
6. A máscara de oxigénio é colocada primeiro em nós.
“Tenho sobretudo uma enorme preocupação. Estar disponível para mim própria e para os outros. Aceitar os maus momentos e viver os bons momentos que a vida nos proporciona.” – O que é feito de si?, 1982, RTP
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7. A generosidade é como um boomerang“Ensinar é das coisas que me dá mais prazer. Fui uma vez dar um curso a uma empresa de automóveis. E à quinta aula, abriu-se a porta devagarinho e entrou um senhor que me disse ‘venho agradecer-lhe ter feito de mim um comunicador’. É uma missão de todos no mundo: temos obrigação de partilhar os nossos conhecimentos. O ajudar o outro é fundamental e é muito gratificante.” – A tarde é sua, 2019, TVI
Morreu hoje Clara Pinto Correia, mas a frase que deixou em 1991 continua a cortar o ar como se tivesse sido dita esta manhã. Trinta e tantos anos depois, a escritora e bióloga permanece um espelho incómodo de tudo o que ainda esperamos - e exigimos - das mulheres. A sua vida, marcada por fulgor intelectual, fecha-se agora, mas a crítica feroz aos preconceitos permanecerá impressa, como nesta entrevista dada a Maria Antónia Palla, antiga chefe de redação da Máxima.
Nasceu dinamarquesa, mas diziam-na sueca. Chamava-se Snu, mas foi Ebba o nome que os pais lhe deram. 45 anos após a morte de Sá Carneiro e Snu Abecassis, recordamos o texto de Helena Matos sobre esta fascinante mulher.
No seu livro "A Filha Única", a escritora mexicana aborda uma das questões femininas mais íntimas e universais: ter ou não ter filhos. É um romance profundo e cheio de sabedoria que fala de maternidade, da sua negação ou aceitação, das dúvidas, incertezas e até dos sentimentos de culpa que a rodeiam.