O que comemos influencia o cabelo? A nutricionista Charlotte Debeugny responde
Depois de uma carreira de sucesso em finanças, a nutricionista inglesa vive uma segunda vida. A Máxima foi conhecê-la a Madrid e aproveitou para fazer outras perguntas e descodificar alguns mitos.

Depois de uma carreira de sucesso no mundo das finanças, com um currículo que inclui nomes como Goldman Sachs e JPMorgan, a inglesa Charlotte Debeugny decidiu mudar de carreira e tornou-se nutricionista. Tem um consultório em Paris e uma série de livros editados.
Já sabemos que somos o reflexo do que comemos, mas só os nutricionistas podem explicar como e porquê. Como o cabelo não é exceção nesta teoria, a Pantene acompanhou o lançamento do seu novo Champô Repara e Protege com uma apresentação de Charlotte Debeugny. A Máxima foi a Madrid conhecer o produto e falar com a nutricionista.

O que a levou a esta mudança de carreira?
Boa pergunta! Adorava as finanças! Adorava mesmo porque trabalhava num ambiente muito envolvente e dinâmico. Mas depois da criança número três, achei difícil conciliar o trabalho com a família. Estava fora muitas vezes e tendo três filhos queria passar tempo com eles. E nutricionismo sempre foi uma das minhas paixões. Não pensei em fazer disso carreira.

Agora tenho duas coisas na vida pelas quais sou apaixonada: adoro finanças e nutrição.
Até que ponto é que o que comemos influencia o cabelo?

No caso de cabelo espesso e unhas, há células mortas e há novas células a aparecer e isso é muito influenciado pelo que comemos. Acho que tem grande influência no cabelo. Não se vê a diferença imediatamente, mas é algo que se vai ver ao longo de algumas semanas. As gorduras vão tirar o brilho do cabelo, aquela força, aquele brilho, o aspeto não seco. Com antioxidantes conseguimos devolver as vitaminas.
O champô que usamos vai ter aquela reação instantânea porque não tem de passar pelo sistema digestivo e é diretamente absorvido pelo cabelo.

Pode dar alguns exemplos de como o que comemos influencia o nosso cabelo?
Quanto às gorduras, há a ideia de que entram na célula e com o desenvolvimento a célula fica dura, fica forte e mantém a humidade e isto é algo para pensar porque impede de secar e os líquidos de sair e aquela gordura vai ficar ali forçada.
No que toca aos antioxidantes, eles vão ajudar as células a manterem-se sólidas porque impedem os danos. Se quisermos uma imagem, são como um escudo que protege a célula. Dentro da célula temos este processo a decorrer e as vitaminas ajudam a ser eficiente sem desperdício. É como uma minifábrica que está a ser reforçada pelo que comes, o que faz com que seja muito difícil danificá-la e ela continua a trabalhar por muito tempo.

Há alguma tendência alimentar para 2018 que nos possa indicar?
Há muita pesquisa sobre o que se passa dentro da célula. O que concluímos até agora é que o código arquitetónico contém telómeros e quando a célula se divide esses telómeros também se dividem. Quando a célula envelhece e esses telómeros ficam danificados, a célula fica danificada no seu interior. Acho que há muita coisa este ano sobre uma dieta do telómero e como se pode comer para reforçar o que se passa no interior da célula. Isso é uma possibilidade.

Mais nutrição personalizada, não baseada no tipo de sangue, mas no tipo genético. E uma nutrição muito mais personalizada baseada na análise dos genes das pessoas.
Passar longos períodos de tempo sem comer ? porque é que isso seria saudável? A célula está sempre a trabalhar ? quando tens períodos sem comer a célula pode descansar, tomar um café, recuperar a energia e recomeçar a trabalhar de forma mais eficiente.

Parece que nos últimos anos as pessoas têm desenvolvido mais intolerâncias alimentares. É algo que está nas nossas cabeças ou os nossos corpos estão realmente a rejeitar alguns alimentos? Mas não comer glúten e lactose também é uma questão de tendência para algumas pessoas.
Sem dúvida. Isso são doenças. Antes não as diagnosticávamos muito bem porque achávamos que estava na cabeça das pessoas. Sabemos que 10% da população pode ter doença celíaca. Isso significa que as pessoas não podem mesmo comer glúten.
Há de facto uma tendência no momento: há muitas pessoas a evitar o glúten e a lactose que não precisam porque as pessoas acham que é mau. Se evitares o glúten, consegues à mesma o que precisas. A lactose é mais complicado porque se a cortas completamente é difícil conseguir o cálcio de que precisas para os teus ossos. Pode ser feito se tiveres muito cuidado com a tua dieta.

Devemos ir tentando aquilo com que nos sentimos bem?
Sim.

Como médica, não diz aos seus pacientes para cortar com certos alimentos?
Tento mesmo não fazer, a não ser que haja razão para isso. Se alguém chega com um sistema digestivo muito afetado e já tentou tudo, eu posso sugerir uma dieta de eliminação porque, segundo a minha experiência, as comidas mais problemáticas têm tendência a ser o glúten, derivados de leite, soja. Por isso sugiro uma semana de experiência sem glúten para ver se se sente melhor ou não, se pode adicionar o glúten e ver qual é o limite. Se se sentirem melhor, reintroduzem o glúten e experimentam retirar os derivados lácteos por uma semana e veem se se sentem melhor ou não. Algumas pessoas cortam os cereais, os feijões, a carne… O melhor é cortar uma comida de cada vez e ver o que acontece, funciona quase como uma estratégia.

Quantas refeições devemos fazer durante o dia?
Em parte diria três, três e um pequeno lanche, porque estar do meio-dia até à noite é quase impossível. No passado, os nutricionistas diziam que se devia comer de duas em duas horas. Eu diria que depende da pessoa. Se estás sempre a comer, nunca queimas as reservas. Por isso a minha abordagem é: se és saudável, devem ser três refeições por dia.

O pequeno-almoço continua a ser a refeição mais importante do dia?
Não. Antes, uma vida mais saudável e mais longa estava relacionada com o pequeno-almoço. O que percebemos agora foi que não é apenas porque as pessoas tomam pequeno-almoço, é também porque comem mais vegetais, fazem mais desporto, porque têm refeições mais organizadas, têm uma dieta mais equilibrada. É uma associação a um certo comportamento e não uma causa.

E ainda uma sugestão da Pantene…
A propósito da relação entre cabelo e nutrição, a Pantene sugere uma receita para uma Buddha Bowl forte.
Macronutrientes:
35% lípidos; 15% proteínas; 50% carbo-hidratos.
- 7 porções de fruta e vegetais por dia para garantir uma ampla variedade de vitaminas e minerais.
- 1 a 2 porções de fruta ou vegetais coloridos e brilhantes para chegar à necessidade diária de betacaroteno.
- Dose diária de 15 minutos de luz solar ao meio-dia para garantir vitamina D e consumo de produtos fortificados (leite/sumo de laranja).
- 1x30g porção de nozes e sementes por dia para garantir lípidos essenciais.
- Selecione elementos integrais, de preferência para carbo-hidratos refinados, porque contêm mais antioxidantes.
