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Beleza / Wellness

Devemos tirar os sapatos antes de entrar em casa? Falámos com uma médica

O calçado é uma peça obrigatória fora de casa, mas quando o tema é trazê-los para dentro do lar a conversa é outra. A Máxima falou com Deolinda Beça, especialista em medicina geral e familiar, sobre este gesto aparentemente simples mas que, na verdade, é mais importante do que pensamos.

Foto: Pexels
20 de maio de 2025 às 11:18 Inês Henriques / Com Rosário Mello e Castro

Hoje em dia, ao chegarmos à porta de casa, os sapatos passaram a ficar do lado de fora. Este gesto, que antes víamos sobretudo nas culturas orientais, está a ganhar força em todo o mundo. Embora não exista uma data exata que marque o início desta prática, sabemos que, na verdade, começou há séculos atrás, pois para entrar em certas casas e templos era exigido que os pés estivessem descalços, por motivos espirituais.

Atualmente, é uma prática adotada de forma mais generalizada, tendo principalmente ganho força durante a pandemia da COVID-19. Tirar os sapatos vai além da religião e é cada vez mais um ritual de bem-estar. Foi entre vários tutoriais de limpeza e rotinas do dia a dia que se multiplicaram nas redes sociais que se popularizou este simples hábito: entrar em casa de pés descalços. Seria fácil pensar que esta prática é apenas mais uma tendência mas, se observarmos com mais atenção as consequências reais deste gesto, podemos vir a perceber que algo simples como descalçarmo-nos à entrada de casa pode, na verdade, ser uma medida com muito valor.

Já alguma vez parou para pensar em quantos lugares os seus sapatos já pisaram? Desde as ruas onde milhares de pessoas circulam a casas de banho públicas, existem diversos lugares por onde passamos que trazemos "agarrados" até casa. "Sapatos são muito mais do que acessórios de estilo ou conforto. São verdadeiras "esponjas de rua". A cada passo, acumulam sujidade, poluentes, toxinas e microrganismos que aderem à sola como se fossem recordações invisíveis do mundo lá fora", explica-nos Deolinda Chaves Beça, médica especialista em medicina geral e familiar.

E que podem eles trazer-nos até casa? Possivelmente mais consequências do que imaginamos. "Os estudos revelam que podemos encontrar bactérias como Escherichia coli (associada a infeções urinárias), Staphylococcus aureus (ligada a infeções cutâneas e respiratórias) e até Clostridium difficile, uma das principais bactérias responsáveis por diarreias severas em ambiente hospitalar", revela Deolinda Beça. Além disso, afirmou-nos igualmente que estas bactérias podem alojar-se em carpetes, tapetes ou até simplesmente circular no ar que respiramos durante dias.

Se tem filhos pequenos em casa, as implicações são maiores. Quando falamos em bebés que gatinham e crianças que brincam no chão e, a qualquer momento, podem levar as mãos à boca, o perigo aumenta e o nosso chão passa a ser um campo de minas para os mais novos. Por isso, ao tornar este gesto num hábito diário, estará a reduzir drasticamente a "introdução de poluentes, microrganismos e toxinas no ambiente doméstico", e os benefícios vão além da saúde. "A separação simbólica entre "a rua" e "o lar" contribui para uma maior sensação de segurança, paz e bem-estar. O acto de descalçar-se é quase um ritual de desaceleração, um convite ao descanso, à intimidade, à pertença", diz-nos a especialista.

No entanto, há outra dúvida que persiste. E andar descalço em casa, tem algum risco? Deolinda Beça explica-nos que andar descalço é, na verdade, "tanto um prazer como um estímulo positivo para a saúde", em especial nas crianças, pois irão beneficiar do contacto direto com o chão. Esse contacto por si só poderá ajudar a fortalecer a musculatura dos pés, desenvolver o equilíbrio e a perceção espacial, além de promover um andar muito mais natural. Para os adultos, "sentir o chão pode representar um momento de relaxamento e libertação".

Contudo, todas as práticas necessitam de alguma cautela e, neste caso, a atenção deve estar nos pavimentos escorregadios ou frios, uma vez que andar descalço neste tipo de chão pode aumentar o risco de quedas. Para não falar obviamente de que, se o chão não estiver devidamente limpo, os pés podem estar expostos a diversos fungos e ácaros.

Questionamos, portanto, qual é a solução ideal. "A resposta está no equilíbrio. O ideal é retirar os sapatos da rua à entrada e, consoante as necessidades ou preferências, optar por andar descalço em segurança ou usar calçado próprio para o interior: limpo, confortável e exclusivamente reservado ao espaço doméstico", assim nos indica a especialista em medicina geral e familiar. As melhores indicações são o uso de chinelos antiderrapantes (fechados no calcanhar para pessoas idosas), meias com sola de borracha ou então sapatos ortopédicos de uso interno. Esta prática não é difícil de implementar, basta reservar um espaço perto da porta da entrada para deixar os sapatos, como, por exemplo, ter uma sapateira.

"Descalçar-se à porta é um símbolo de cuidado com a casa, com a saúde, com os que mais amamos. É transformar o lar num refúgio limpo e seguro. Porque, às vezes, o gesto mais simples pode ser o mais poderoso. E neste caso tudo começa pelos pés", conclui Deolinda Chaves Beça, especialista em medicina geral e familiar. Tirar os sapatos que utilizamos na rua ao chegar a casa recorda-nos que o nosso cuidado pessoal começa nos simples atos. Talvez mais do que uma prática de limpeza, é um sinal de bem-estar interior e, de agora, em diante o melhor é mesmo deixar as preocupações (e os sapatos) à porta. 

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