Máxima

O ómega 3 é um dos mais importantes e multifacetados suplementos alimentares. É um tipo de ácido gordo essencial, ou seja, o corpo não o produz, e tem de ser obtido pela alimentação ou suplementação. Existem três tipos principais de ómega 3: o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o ácido docosahexaenóico (DHA), presentes sobretudo em peixes gordos como salmão, sardinha e cavala, e o ácido alfa-linolénico, encontrado em fontes vegetais como linhaça, chia e nozes. Entre os seus principais benefícios vale a pena sublinhar que contribui para a saúde do cérebro, do coração e do sistema cardiovascular, dos olhos, das articulações, da pele e do cabelo. O melhor, já se sabe, é sempre usar a mercearia como farmácia, indo buscar vitaminas, minerais, ácidos gordos e tudo o mais que há de bom aos alimentos que consumimos - a não ser quando os suplementos são mesmo necessários. O ómega 3 é um desses exemplos, mas é tambémn um suplemento que é preciso saber tomar para evitar distúrbios digestivos.

Não sendo uma consumidora frequente de peixes gordos, esta jornalista tem por hábito tomar um suplemento de ómega 3, mesmo havendo uma coisa que sempre a desanimou: o sabor a peixe que fica a pairar no sistema digestivo, às vezes várias horas depois da toma.  No meu caso, ajudava tomar o suplemento depois de uma refeição substancial e dividir a dose ao meio: se devia tomar duas cápsulas, tomava apenas uma – pouco ómega 3 é melhor que nenhum ómega 3. No entanto, nos últimos meses, para além desta questão desagradável, passou a ser recorrente uma sensação de desconforto no estômago, como se a digestão demorasse muito mais tempo e andasse às voltas, causando uma certa náusea com aroma a peixe. Um horror. Pensei que fosse alguma sensibilidade momentânea, mas sempre que voltei a tomar, aconteceu o mesmo. Estava a tomar uma marca que não era nova, e as cápsulas estavam dentro da validade. Experimentei outra marca. Mesmo problema.

Pesquisei este estranho fenómeno e foi então que descobri que é uma ocorrência comum. O ómega 3 tem, de facto, fama de ser de digestão difícil. A boa notícia é que, se padece do mesmo mal, há várias soluções que pode experimentar. Antes de mais, o melhor é tomá-lo sempre com uma refeição principal, idealmente ao almoço ou jantar, com alguma gordura saudável (azeite, abacate, ovo, frutos secos), porque isso melhora a absorção e reduz o refluxo. É de evitar tomá-lo em jejum ou à noite, antes de dormir. Outra opção é dividir a dose, ou seja, em vez de tomar duas cápsulas ao almoço, por exemplo, tome uma ao almoço e outra ao jantar. 

Mas o prémio de dica mais curiosa vai para a sugestão de guardar as cápsulas de ómega 3 no congelador. O frio não danifica o óleo de peixe nem altera os ácidos gordos ómega 3, que são estáveis a baixas temperaturas – na verdade, o calor e a luz é que causam oxidação – pelo que a congelação tem duas vantagens: evita a sensação de azia porque a cápsula demora mais tempo a dissolver-se, coisa que, normalmente, já só acontece no intestino; e ainda tem o benefício de prolongar a vida útil do suplemento, especialmente se o clima for quente ou se o frasco não for opaco.

Esta é a melhor sugestão para quem enfrenta problemas com a marca específica que está a tomar e não está com vontade de deitar o suplemento fora, em cujo caso, vale, de facto, a pena experimentar congelar as cápsulas, sendo que já não tem nada a perder. Mas o melhor mesmo é, quando for comprar nova embalagem, procurar cápsulas com revestimento entérico – uma tecnologia que faz com que esta só se dissolva no intestino, e não no estômago, evitando totalmente o sabor e cheiro a peixe e a indigestão. Como já deve ter imaginado, a versão revestida é mais cara que a normal, mas se significa que vai, de facto, ser capaz de tomar, então, vale o investimento.

Por último, pode também experimentar suplementos de ómega 3 vegetais – também conhecidos como ómega 3 vegan –, ou seja, à base de algas, que não só não são tão caros quanto os de revestimento entérico, como são mais leves para o estômago, não têm sabor a peixe e são mais sustentáveis. 

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