Chá verde, uma alternativa natural ao Ozempic?
Amplamente conhecido como uma bebida rica em antioxidantes, as suposições da internet garantem ser um aliado para a dieta, mas - uma vez mais - os últimos estudos comprovam o contrário.
A ideia de que o álcool pode ajudar a prevenir ou combater uma intoxicação alimentar é uma crença popular que, ao longo dos tempos, gerou discussões entre especialistas e curiosos. Será que beber álcool durante ou após uma refeição pode, de facto, diminuir as hipóteses de contrair uma intoxicação alimentar? A resposta é mais complexa do que aparenta e depende de vários fatores, como a quantidade e o tipo de álcool consumido, além das características do próprio alimento.
É verdade que o álcool, em concentrações adequadas, possui propriedades antimicrobianas. Estudos científicos já demonstraram que o etanol — o tipo de álcool presente nas bebidas alcoólicas — pode inibir o crescimento de certas bactérias, incluindo aquelas responsáveis por intoxicações alimentares, como Escherichia coli e Salmonella. No entanto, a concentração de álcool necessária para eliminar bactérias é muito superior à que se encontra em bebidas alcoólicas comuns. De acordo com a Harvard Medical School, concentrações acima de 60% de álcool são eficazes para matar a maioria dos microrganismos, um valor muito superior ao presente em vinho (12-14%), cerveja (4-6%) ou até mesmo licores (40%).
Portanto, o álcool em baixas concentrações, como o que se encontra nas bebidas tradicionais, pode não ser suficientemente forte para erradicar as bactérias presentes nos alimentos contaminados. Se, por um lado, o consumo de álcool pode retardar o crescimento bacteriano, por outro, não é uma solução garantida para evitar uma intoxicação.
No entanto, um aspeto importante a considerar é o efeito do álcool no sistema digestivo. O álcool, quando consumido em quantidades moderadas, pode aumentar a acidez gástrica, o que ajuda a degradar mais rapidamente certos patógenos presentes nos alimentos. Um estudo da American Journal of Public Health demonstrou que o vinho tinto, em particular, pode ter algum efeito inibitório sobre a multiplicação de bactérias, graças à combinação de álcool e compostos fenólicos presentes na bebida. No entanto, a eficácia desta proteção é limitada e não deve ser considerada um método de prevenção fiável.
Além disso, em doses mais elevadas, o álcool pode irritar o estômago e até enfraquecer o sistema imunitário, tornando o organismo mais suscetível a infeções, incluindo as de origem alimentar. A Harvard T.H. Chan School of Public Health alerta que o consumo excessivo de álcool pode comprometer a capacidade do corpo de combater infeções, devido à redução da eficácia das células imunitárias.
Embora haja alguma evidência de que o álcool, em certas condições, pode ter efeitos antimicrobianos, é importante sublinhar que não deve ser encarado como uma solução ou substituto para medidas de segurança alimentar. A forma mais eficaz de prevenir uma intoxicação alimentar continua a ser a correta manipulação dos alimentos, incluindo a lavagem das mãos, o cozimento adequado e a correta refrigeração dos alimentos. O consumo de álcool pode ter um pequeno efeito protetor, mas não é de forma alguma uma garantia de que se estará livre de uma intoxicação alimentar, especialmente quando consumido em concentrações moderadas ou em combinações comuns de alimentos.