Mito ou realidade. A alimentação combate a celulite?

Numa era em que o ‘body shaming’ convive com o movimento ‘body positive’, a celulite continua a ser fonte de insegurança. Uma nutricionista explica o que fazer.

Foto: Pexels
21 de junho de 2024 às 00:00 Vitória Amaral

A celulite é uma condição comum na vida de quase todas as mulheres e até de alguns homens. Apesar de se promover cada vez mais a aceitação do corpo e um estilo de vida saudável sem exageros, a ideia do "corpo perfeito" continua muito presente, por exemplo nas redes sociais. Tal é mais evidente com o regresso da estação quente, altura em que volta também uma miríade de sugestões de tratamentos estéticos, exercícios ou dietas espalhados pela internet que alegadamente ajudarão a apagar magicamente a celulite. No entanto, a pergunta impõe-se: será que ser mais ativa e comer melhor faz mesmo a diferença?

De nome científico lipodistrofia ginóide, a celulite "nada mais é do que a acumulação de gordura em zonas superficiais da derme, potenciada por estrogénios cronicamente elevados. Os estrogénios estimulam a produção de colagenase por parte dos fibroblastos, presentes no tecido adiposo, destruturando as fibras da matriz extracelular e permitindo a migração dos adipócitos (células de gordura) para as zonas subcutâneas", explica a nutricionista Joana Jacinto.

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Embora a nutricionista confirme que uma boa alimentação e hábitos de vida saudáveis podem minimizar o aspeto da chamada "casca de laranja" e ter um impacto nos níveis de gordura corporal, o que resultará numa maior quantidade dos referidos adipócitos e numa maior probabilidade de ter celulite, a especialista assegura que não se trata de uma regra geral. "A prova disso é que com alguma facilidade encontramos pessoas com excesso de peso sem celulite", diz.

Assim, será de desacreditar a cultura dos superalimentos e as mezinhas que prometem uma pele lisa? "Não há nenhum alimento ou conjunto de alimentos que ajude especificamente o combate à celulite, mas sim uma dieta equilibrada e ajustada ao indivíduo para potenciar a queima de massa gorda, incluindo a existente na camada subcutânea", assegura a nutricionista.

Joana Jacinto relembra ainda que o perfil hormonal (e a possível toma de anticoncecionais orais) também desempenha um papel no aparecimento da celulite e sublinha que esta é "uma questão estética", uma vez que não constitui qualquer perigo a nível cardiometabólico.

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Atualmente não faltam figuras plus-size que têm alcançado a fama a nível global com a sua mensagem de aceitação do corpo tal como é, desde a supermodelo Ashley Graham à compositora Lizzo, que usa a sua conta na rede social TikTok para incentivar os seus seguidores a ter uma vida ativa e a melhorar por dentro, em vez de se focarem tanto no seu peso. A conclusão de Joana Jacinto junta-se precisamente ao lema destas celebridades: " É tempo de aceitarmos a celulite, bem como as diferentes particularidades do corpo feminino e deixarmos de romantizar a ideia de que sumos verdes, cremes e caminhadas podem realmente fazer a diferença. Na era do digital, o culto da imagem perfeita vem-se adensando e as inseguranças femininas agravando-se, dando o mote perfeito para a procura de estratégias desesperadas e desapropriadas."

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