Testemunho. Os produtos que salvaram a minha pele reativa
Borbulhas, vermelhidão, inflamação – a pele está tão desaustinada e enraivecida que parece não haver nada que a acalme. E é muito difícil enfrentar o mundo quando a nossa própria cara se vira contra nós. Mas há maneira de sair disto. Esta jornalista conta a sua experiência e partilha os produtos que ajudaram.
Foto: Pexels25 de outubro de 2024 às 11:46 Madalena Haderer
Em 2013, a pele da minha cara decidiu que me odiava. Do dia para a noite, acordei com o rosto irritado e inflamado, não a cara toda, mas algumas zonas, como por cima das sobrancelhas, nas têmporas e na linha dos maxilares. Tinha todo o ar de dermatite por contato. Fui tirando e reintroduzindo os produtos da minha rotina, um a um, mas nada fez diferença. Testei alimentos e detergentes para a roupa. Zero resultado. Certo é que, durante muitos meses, qualquer coisa que pusesse na cara dava mau resultado. Ou, no melhor dos casos, não dava resultado nenhum – sim, a pele ficava hidratada, mas continuava irritada, avermelhada e cheia de micro-borbulhas. Depois de muita tentativa e erro, consegui encontrar uma solução mas, sete anos depois, em 2020, o problema voltou em força – com o mesmo aspeto, mas decididamente motivado por causas diferentes. Sim, devia ter ido ao dermatologista, mas não fui. Fiz o que um jornalista faz melhor: li, pesquisei e usei-me como cobaia. Se recomendo? Não. Em compensação, o que aprendi pode agora ser útil a alguém. Se a sua cara também decidiu virar-se contra si, talvez a minha história, e os produtos que descobri para resolver o meu problema, a ajudem a resolver o seu.
Voltemos, então, a 2013. Ao fim de muitos meses, cheguei à conclusão que estava a ter uma reação cutânea motivada pelo stress que estava a viver naquela altura. Nada do que encontrava na farmácia ou na parafarmácia fazia qualquer diferença. Comecei a pesquisar e foi assim que descobri a, a marca britânica Pai Skincare. Sarah Brown, a fundadora, teve um episódio súbito de urticária e ficou com a pele irritada, hipersensível e com tendência a acneica. Tal como eu, nenhum produto de farmácia a ajudou e, como tal, decidiu tentar fazer, ela própria, um produto que a ajudasse, na bancada da sua cozinha. Correu bem. Sarah voltou a ter uma pele normal e saudável e decidiu partilhar as suas descobertas com o mundo. Desta marca, o que mais me ajudou e que fez uma diferença quase imediata foi o Gentle Cream Cleanser, um creme de limpeza que é massajado na pele e removido com um pano de algodão orgânico (fornecido na embalagem) que se humedece. Os produtos da Pai Skincare são naturais, orgânicos e certificados, e é possível comprá-los no site da marca.
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A diferença que um simples produto de limpeza fez na minha pele foi, muito sinceramente, inacreditável, razão pela qual decidi experimentar outros produtos da marca e tudo o que comprei ajudou, em especial o Copaiba & Zinc Blemish Serum. Não faço ideia do que me levou a comprar este sérum – provavelmente uma promoção –, porque não tenho pele oleosa nem com tendência cneica, mas ao fim de meia dúzia de utilizações – este sérum é para aplicar à noite – a minha pele estava melhor do que alguma vez esteve.
Mantive-me, durante uns meses, apenas com esta marca – recomendo também o Chamomile & Rosehip Soothing Moisturiser, que usava como hidratante, e o Rosehip Bioregenerate Rejuvenating Overnight Face Oil, que é o melhor óleo de rosa mosqueta que já encontrei – e a irritação desapareceu por completo e não voltou. Uma pessoa normal ter-se-ia deixado estar, mas eu adoro skincare, adoro experimentar coisas novas e aborreço-me com facilidade. Portanto, aos poucos, fui tentando incorporar coisas novas, sempre com cuidado para não voltar ao mesmo problema.
Assim, fruto das minhas experiências continuadas, outra marca que recomendo a alguém com pele sensível e reativa é a REN Skincare, curiosamente, outra marca britânica e com uma história semelhante à da Pai Skincare: foi desenvolvida quando a mulher do fundador estava grávida e descobriu, para seu desconsolo, que todos os produtos que tinha usado até aí lhe causavam sensibilidade. A REN (à venda na Sephora) tem toda uma linha pensada para fortalecer a pele sensível – chama-se Evercalm e o seu produto estrela é Overnight Recovery Balm. Por acaso, não usei este, mas usei (e recomendo) o Global Protection Day Cream. Descubro com tristeza que o sérum que aplicava debaixo deste creme foi descontinuado – chamava-se Omega 3 Optimum Skin Oil, era formidável e era um bestseller, e fazia parte da linha Vita Mineral que, pelos vistos, já não existe – pode ser que volte. Sobreviveu o gel de limpeza Rosa Centifolia Cleansing Gel, que comprei uma e outra vez.
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Nesta fase, em que a minha pele já tinha voltado à sua antiga glória (se calhar não vamos tão longe), mas que ainda me parecia frágil, a Caudalie foi outra marca que nunca me desiludiu. Nessa altura, usei o sérum e os cremes da linha VinoSource, que também já não existe, e que foi substituída pela linha VinoHydra – tem um sérum de ácido hialurónico, que restaura a barreira hídrica da pele, e três cremes vocacionados para a pele sensível, seca, normal e oleosa. Ainda não tive oportunidade de testar estas novas formulações, mas, tendo em conta a minha experiência com a marca, usá-las-ia à confiança. A famosa Água de Uva desta marca, em spray, tem lugar cativo na minha casa de banho.
Por último, outra linha que pude usar com grande sucesso e à qual estou sempre a voltar – mais para a frente tenho um episódio importante para partilhar sobre um produto específico, que foi a minha salvação num novo episódio de pele reativa – é a linha Hydra-Essentiel da Clarins (antigamente chamava-se HydraQuench). Foi reformulada há pouco tempo, mudou o nome, a embalagem, mas também a fórmula. Esta, já tive oportunidade de experimentar e, embora dispense o stress de ver um produto que sei que resulta ser alterado, constatei, com alívio, que continuam a ser excelentes para peles temperamentais. Para mim, os essenciais são o Bi-Sérum "Anti-Soif" e o Masque-Crème "Anti-Soif" Réparateur, mas os hidratantes (eu prefiro as texturas mais ricas, que protegem a pele tipo cobertor de lã, mas cada um saberá o que funciona melhor para si) e o bálsamo de lábios também são excelentes.
Estava tudo muito bem, era agora 2020, e, do nada, a minha pele voltou a enlouquecer. Voltei a fazer a dança de retirar produtos e reintroduzir um de cada vez, e, uma vez mais, não fez qualquer diferença, tirando o facto de ter descoberto uma sensibilidade ao álcool desnaturado (alcohol denat., conforme aparece nas listas de ingredientes), presente em muitos produtos de beleza, e ao lauriléter sulfato de sódio (sodium laureth sulfate), usado em inúmeros produtos de limpeza – recomendo que evite os dois. Mas havia ali mais qualquer coisa. Da primeira vez, a irritação era constante, mas, agora, surgia durante alguns dias. Depois acalmava e voltava a aparecer. Claramente, alguma coisa cíclica a desencadeava, e demorei muito até descobrir o quê. Desta vez, também havia a questão do stress – lembram-se da pandemia? –, e foi ao stress que atribui a culpa, mas o verdadeiro culpado ainda estava na sombra ou, vá, escondido atrás das nuvens.
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Durante este segundo episódio, tive de ser mais imaginativa com os produtos de pele porque a Pai Skincare não era opção. Além de toda a ansiedade causada pela incerteza relacionada com a covid-19, eu estava desempregada e o dinheiro era um bem escasso. Portanto, tentei apaziguar e fortalecer a minha pele ao máximo, usando o mínimo: socorri-me de marcas mais económicas como a CeraVe, a The Ordinary e a La Roche Posay (o Cicaplast Baume B5+ foi uma grande ajuda). Um dia, em desespero, na véspera de um evento importante e com a cara a parecer um sinal vermelho, fui remexer nas gavetas à procura de algum milagre. E foi assim que descobri que a Máscara-Creme da Clarins acalmava a pele reduzindo a irritação em 80%. Não era duradouro, porque o problema voltava sempre, mas em caso de aflição era tiro e queda: aplicava à noite e quando acordava podia sair de casa sem medo de assustar crianças pequenas.
Desta vez, a culpa era de uma alergia solar, também conhecida como erupção polimorfa causada pela luz solar. Como é que descobri? Em outubro de 2021 mudei de casa. O que significa que passei 15 dias entre quatro paredes a meter coisas em caixas. 15 dias em que não pude ir à praia e mal saí à rua. E a minha pele estava impecável. Depois da mudança, o calor persistia, por isso ainda consegui ir à praia. Fui num dia e, três dias depois, tinha a cara inflamada e cheia de pequenas borbulhas. Na semana seguinte, com a pele já sarada, o episódio repetiu-se. Estava aí a correlação que eu tanto procurava. Fiquei, então, a saber que este tipo de alergia demora, por vezes, entre dois e três dias a manifestar-se, um delay que torna particularmente difícil identificar que o problema é o sol.
Desde então, o meu grande amigo tem sido o protetor solar Bariésun 100 Fluído de Proteção Extrema SPF50+ da Uriage, para pele intolerante ao sol. Este produto confere proteção suficiente para que eu pudesse fazer a minha vida normal, mas a praia continuava a ser um desafio. Por muito que me besuntasse, três dias depois lá vinham aquelas borbulhinhas insidiosas – em menos quantidade e menos inflamadas do que anteriormente, mas sempre presentes. Nesta fase, descobri também que uma pequena dose de Hidrocortisona (um creme que se compra na farmácia e é excelente para dermatites e picadas de insetos) fazia maravilhas para acalmar as zonas irritadas. Ainda assim, passei os verões de 2022 e 2023 sem poder aparecer na praia antes das 17 horas. E quem diz praia, diz estar sentada na varanda a ler um livro. E sim, eu sei que cinco da tarde é a hora recomendada para ir à praia, mas em Cascais, salvo raras exceções, também é conhecida como a hora da ventania ou a hora em que se começa a bater o dente.
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Este ano, porém, descobri uns produtos novos, lançados no fim da primavera, que tenho estado a aplicar desde então e, coincidência ou não, foi o primeiro verão desde 2021 em que pude ir à praia mais cedo e passar algum tempo na varanda. Falo da nova linha Skin Resist da Cantabria Labs, que consiste num gel de limpeza, um hidratante e um sérum. O gel de limpeza Velvet Cleanser lava sem irritar; o hidratante Daily Fluid reforça a barreira da pele e aumenta o limiar de tolerância, alivia a irritação e a comichão, reduz a vermelhidão, previne a irritação e a propagação de episódios reativos recorrentes; enquanto o Sensage Serum previne e reverte os sinais de envelhecimento de uma pele mais reativa. A marca chama-lhe "um concentrado com eficácia anti-inflammaging para pele reativa". E é aqui que reside a novidade mais excitante.
Quem tem pele sensível ou reativa sabe que o conselho transversal é sempre usar produtos com o mínimo de ingredientes possível e excluir princípios ativos potencialmente irritantes: retinol, ácido ascórbico, ácido glicólico, ácido láctico… Ou seja, boa parte do que faz falta numa rotina antienvelhecimento. E é um grande golpe ter de abdicar disso para ter uma pele mais calma. Por outro lado, a Cantabria Labs traz para a ribalta este conceito do inflammaging, ou seja, o envelhecimento cutâneo acelerado decorrente da irritação, eritema e ardor persistentes e permanentes. Que é como quem diz, a inflamação envelhece.
Para combater esse envelhecimento, a marca usa a niacinamida (vitamina B3), tanto na composição do creme como do sérum, que é um ingrediente estrela no cuidado da pele porque reduz a inflamação e a vermelhidão, melhora a função barreira da pele, controla a oleosidade, minimiza aparência de poros dilatados, tem propriedades antioxidantes, uniformiza o tom de pele e atenua linhas e rugas.
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Tudo isto para dizer que há soluções para a pele sensível e reativa com produtos para todos os preços e que, muitas vezes, não serão os produtos que estaria à espera. Ou um produto que a ajudou em tempos, não a consegue ajudar noutro momento. Além disso, não precisa de atirar a sua rotina antienvelhecimento pela janela e, a propósito de janela, se o seu problema for semelhante ao meu, sim, vai poder voltar a estar à janela com a luz do sol a bater-lhe no rosto. Só não se esqueça do protetor solar para peles intolerantes ou alérgicas ao sol.
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