Porque não devemos adormecer a ver televisão, avisa a ciência

Deixar-se dormir no sofá a ver a sua série favorita está fora de questão. Descubra porquê e perceba o que pode fazer em alternativa.

Foto: IMDb
09 de dezembro de 2021 às 11:54 Máxima

Já muito se escreveu sobre o ritual de adormecer. E mesmo a Máxima já lhe deu a conhecer algumas informações importantes que lhe poderiam estar a escapar: sugerimos sete atividades diferentes para aproveitar melhor os seus finais de dia, falámos-lhes da mais recente investigação que aponta a luz da lua como influenciadora do nosso sono, mas também lhe lembrámos porque não deve dormir com meias ou com os pés virados para porta, sem esquecer as cinco coisas que não deve fazer ao cabelo antes de dormir.

A estas ideias, juntam-se outras noções mais ou menos conhecidas, que conhecemos quase de cor: antes de dormir devemos evitar a cafeína ou o álcool, jantares muito pesados e, como não podia deixar de ser, os aparelhos tecnológicos devem ser postos de lado pelo menos uma hora antes de ir dormir. Televisão incluída.

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E é mesmo sobre a televisão que aqui lhe falamos. A primeira coisa a saber é que não deve, de modo nenhum, adormecer a olhar para o ecrã. Vanessa Slimani, psiquiatra e diretora do Centro Interdisciplinar do Sono em Paris, e Marc Rey, presidente do Instituto Nacional do Sono e Vigília, também na capital francesa, resumiram à Madame Figaro o que a ciência já sabe sobre entre assunto. Entre as principais razões para se evitar adormecer no sofá e em frente à televisão (ou pior levar este objeto para dentro do quarto) destacam-se:

A luz azul. São já conhecidos os malefícios deste tipo de iluminação para o envelhecimento da pele. Mas há mais: a luz caraterística dos gadgets eletrónicos, como computadores, smartphones ou televisores, por ser tão semelhante ao brilho da manhã, confunde o relógio biológico (regulado pelo ciclo circadiano), dando a entender que é de dia e que por isso precisamos de estar despertos. Mas pior, esta luz impede mesmo a produção de melatonina, a hormona que regula o sono.

Sono em fragmentos. O ciclo de descanso é tremendamente afetado pelo ato de adormecer em frente à televisão. Verdade seja dita, durante este tempo, quantas vezes não acorda pelo meio? É o resultado das alterações sonoras – muito comuns nos intervalos entre os programas – mas também do facto de a estimulação visual ser muito variável, pelo que o "sono" se torna muito pouco reparador.

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Conteúdo "impróprio". O que vemos antes de dormir também tem uma grande influência no próprio sono. Não é grande novidade que conteúdos demasiado empolgantes, como thrillers e filmes ou séries de terror não promovem um sono descansado. Até porque despoletam emoções intensas em nós. Da mesma forma, notícias sensacionalistas e fake news também não são a melhor opção. Já ler sobre a pandemia antes de dormir – acrescentamos nós – também estará fora de questão. Para compreender, biologicamente o que acontece saiba que a libertação das hormonas da adrenalina e cortisol gera um efeito estimulante. Adormecer zangado com o seu parceiro também não será bom, já que sentimentos como a raiva e a zanga promovem esta mesma libertação de hormonas. A ideia é que se sinta o mais seguro possível na hora de deitar.

Agora que já percebeu as razões subjacentes ao ato de não adormecer em frente à televisão, damos-lhe algumas sugestões do que pode efetivamente fazer: tomar um banho relaxante com direito a óleos essenciais nunca fez mal a ninguém, o mesmo se aplica a beber um chá quente – sem teína ou ingredientes estimulantes. Por outro lado, delicie-se com uma refeição mais ligeira à noite e guarde os aparelhos eletrónicos uma hora antes de se deitar. Ocupe este tempo com atividades relaxantes como ler ou ouvir música. E não se esqueça, aposte somente em luzes quentes, em tons de amarelo ou laranja - a blue light continua de fora.

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