Mulheres na Ciência. Portuguesas distinguidas com o prémio Medalhas de Honra L’Oréal
Cada vencedora, pós-doutorada e com menos de 35 anos, irá receber 15 mil euros para dar continuidade à sua investigação.

Andreia Pereira, Sara Peixoto, Joana Sacramento e Raquel Boia são as vencedoras das Medalhas de Honra L’Oréal para as Mulheres na Ciência, criada em conjunto com a Comissão Nacional da UNESCO e com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Em cada edição, a iniciativa distingue quatro estudos avançados de investigação científica em pós-doutoramento, levados a cabo por cientistas com menos de 35 anos no domínio das Ciências, Engenharias e Tecnologias para a saúde ou para o ambiente. Cada premiada irá receber 15 mil euros de modo a darem continuidade ao seu projeto.
O projeto de Andreia Trindade, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, incide na utilização da energia produzida pelo corpo para alimentar de forma inesgotável dispositivos cardíacos implantáveis, como os pacemakers, cujas baterias têm de ser substituídas no bloco operatório periodicamente, o que pode acarretar riscos para o doente. Tal será conseguido através da criação de nanogeradores triboelétricos biocompatíveis capazes de criar eletricidade recorrendo à fricção. A isto, o projeto aspira encontrar forma de solucionar as falhas nas próteses vasculares, utilizadas para substituir vasos sanguíneos e que nem sempre têm uma boa performance.
Já o objetivo de Raquel Boia, da Universidade de Coimbra, passa pela regeneração dos axónios das células ganglionares da retina – danificados pelo glaucoma – e posterior recolocação dos mesmos, já corrigidos, no sistema visual, de modo a promover a recuperação da visão aos doentes. Esta condição progressiva, atualmente sem cura, é uma das principais causas de cegueira a nível mundial. Anteriormente, a equipa de Raquel já tinha descoberto que a "ativação de um recetor presente nas células ganglionares da retina era capaz de lhes conferir proteção", sendo o próximo passo, então, é identificar se o recetor é capaz de regenerar os axónios das células, através de um implante intraocular biodegradável.
Será possível reverter a diabetes tipo 2? É esta a questão base da pesquisa de Joana Sacramento, da Universidade Nova de Lisboa, que afirma que quando cortada "a ligação do corpo carotídeo ao cérebro, através do corte do nervo do seio carotídeo, é possível reverter a diabetes tipo 2". No entanto, o procedimento não pode ser realizado em humanos, dado que este corpo carotídeo situa-se no pescoço e está ligado a funções essenciais para a sobrevivência do ser humano. Assim, a equipa de Joana procura "usar o potencial de modulação da atividade elétrica do organismo humano para alterar seletivamente a atividade do corpo carotídeo que, em trabalhos anteriores, já se comprovou estar envolvido no desenvolvimento da diabetes tipo 2", como explica em comunicado.

Por fim, o projeto de Sara Peixoto, da Universidade de Aveiro, visa testar em laboratório a aplicação de bioestimulantes em amostras de solos destruídos por incêndios florestais e agricultura intensiva. À Lusa, explicou que estes bioestimulantes são produtos que contêm compostos naturais ou microrganismos na sua formulação", por norma utilizados para promover o desenvolvimento de plantas e melhorar o rendimento das culturas agrícolas. De momento, não são conhecidos os seus efeitos no microbioma do solo, uma lacuna que poderá ser preenchida pela presente investigação.
De acordo com um relatório da UNESCO de 2021, as mulheres representam apenas 33,3% de todos os investigadores a nível mundial e apenas 11% dos cargos superiores de investigação são ocupados por estas na Europa. Ao todo são já 65 jovens cientistas distinguidas em Portugal por este prémio.

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