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“Igualdade? Há sem dúvida um longo caminho a percorrer na indústria musical”
Quem o diz, em entrevista à Máxima, é o guitarrista da banda Interpol, Daniel Kessler. O novo (e sexto) álbum, Marauder, chega a 24 de agosto.

A história de um londrino que se mudou para o outro lado do mundo para estudar francês, cinema e literatura na The Gallatin School of Individualized Study (da Universidade de Nova Iorque) e que acabou por formar uma das maiores bandas nova-iorquinas de indie rock seria uma sinopse redutora para falar de Daniel Kessler. Com o gosto natural por música e a experiência adquirida em estúdios de gravação como Jetset, Beggars Banquet ou Domino, Kessler não só se tornou o "guitarrista dos Interpol" como a mente brilhante por detrás do sucesso da banda desde o seu início, em 1997. O marcante álbum de estreia Turn On the Bright Lights, lançado em 2002, não deixou a indústria musical indiferente e o sucesso estava prometido para estes "cool kids" que, hoje, acabam de anunciar a chegada do seu sexto álbum – The Marauder.
Daniel Kessler (que hoje tem ao lado o vocalista Paul Banks e o baterista Sam Fogarino) contou à Máxima como vê a cidade de Nova Iorque, onde cresceu como artista, e como este novo álbum gravado por Dave Fridmann, produtor de bandas como Mogwai e Flaming Lips, vem afirmar a inovação de que a banda precisava desde El Pintor, o álbum lançado em 2014.

Daniel, começando por onde tudo começou para a banda Interpol: Nova Iorque. Continua a ser a cidade mais excitante e fervilhante para se ser artista?
É uma pergunta difícil porque [Nova Iorque] é a minha casa, foi onde vivi todos estes anos. É um sítio que me inspira, uma cidade que está sempre a mudar (e nem sempre para melhor) e apesar de não ser preciso lá estar para escrever música é sempre um ponto de encontro. É a nossa base, o sítio onde gravámos a maior parte dos discos dos Interpol, tal como também o Marauder.
É a cidade que assistiu ao enriquecimento musical estrondoso dos anos 60 e 70. Perdeu o fulgor desses anos ou pelo contrário?

Diria que, hoje em dia, Manhattan se tornou menos friendly para os artistas porque acabou por se tornar uma zona muito rica. E não é qualquer artista que pode lá viver. Nos anos 60 existiam bairros como o Soho ou TriBeCa que estavam cheios de estrelas em ascensão. Havia uma grande mistura de pessoas, artistas, pensadores… e agora está muito diferente. É uma ilha onde pode viver apenas quem tem dinheiro para isso. Mas não penso que é preciso estar-se em Nova Iorque para se ser artista: isso pode ser-se em qualquer lado.
Há algum artista em especial que o inspire a fazer música?
É uma pergunta difícil. Em todos os álbuns, nunca pensei muito em termos de artistas que me inspirem. O que me inspira verdadeiramente são os meus colegas da banda quando estamos juntos [a fazer música]. Inspira-me o que se passa durante esses momentos. Na fase da escrita eu não penso, sem dúvida, no que as outras pessoas estão a fazer.

Como homem parte de uma banda formada apenas por homens, qual é a sua opinião acerca do estado da indústria musical no que respeita à igualdade de género?
Eu vejo a indústria musical de uma perspetiva muito diferente, sendo artista. Sempre trabalhei com mulheres, desde produtoras a managers ou a jornalistas, seja em rádios ou em editoras, nas nossas campanhas… Por isso, quanto a mim e à banda, tivemos a sorte de ter um bom balanço. Mas falando de uma forma geral, quanto à igualdade há, sem dúvida, um longo caminho a percorrer.
O que é que distingue este sexto álbum, o Marauder?

Foi um álbum muito empolgante de produzir, foi uma experiência tremendamente enriquecedora. Quanto à banda, cada um tinha algo a dizer sobre este novo projeto e todos saímos do estúdio a sentir-nos muito entusiasmados como o que tínhamos acabado de gravar. Sentimos que foi um novo capítulo na nossa história, que acabáramos de criar algo novo, ao mesmo tempo que nos focámos nos detalhes. É um álbum muito "cru", radioativo… e senti que ficámos melhor a cada música.
A capa do novo álbum tem uma fotografia do célebre fotógrafo Garry Winogrand, de Elliot Richardson, o ex-procurador-geral dos Estados Unidos conhecido por ter deixado o cargo logo após o Presidente Nixon ordenar que este demitisse Archibald Cox [o primeiro promotor especial nomeado na investigação de Watergate]. Qual é a razão desta escolha?
Sempre admirei o trabalho do fotógrafo Garry Winogrand e este momento captado por ele representou um grande momento [para a América] e tem um peso histórico muito significativo (e incrível). Simboliza o início de algo grande a acontecer, ainda que na altura ainda não se tivesse essa perceção. Há muitas camadas nesta fotografia, por isso era unânime a vontade de a ter na capa deste álbum.

Alguma visita planeada para Portugal, em breve?
Adoro Portugal e mal posso esperar para regressar aí. Tenho a certeza de que iremos, em breve, apresentar aí o Marauder, mas ainda não podemos confirmar. É um dos meus sítios preferidos. Sou um viajante nato.

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