Há Butterfly no jardim. Está aí o Operafest
Madama Butterfly abre a segunda edição do Operafest Lisboa, que decorre a partir desta sexta, 20, até 11 de setembro. O festival criado por Catarina Molder quer aproximar a ópera de novos públicos e conta com o apoio da Máxima.

No Jardim do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, ultimam-se os preparativos para receber a segunda edição do Operafest. "A primeira edição foi muito arriscada, mas foi uma aposta ganha, porque estivemos praticamente sempre cheios", lembra a diretora artística do festival, Catarina Molder. "Tivemos um público super entusiasta de idades muito variadas, já tínhamos atirado em mira com uma programação abrangente", diz à Máxima. O objetivo do festival, que traz a ópera para o espaço exterior, tirando partido da cidade, mantem-se: "o que queremos neste festival é que seja um público o mais diversificado possível. Toda a gente cabe no nosso festival, desde os aficionados de ópera aos que vão ver pela primeira vez".


A estreia agrada aos dois polos, entendidos e novatos nestas andanças. É Madama Butterfly que marca o arranque do festival, esta sexta, às 21h30. "Os grandes clássicos têm procura até pelo público que tem curiosidade, que já ouviu falar, que tem referências", diz Catarina, confiante de que a angariação de novos públicos para a ópera se consegue "promovendo a criação de novos projetos que se cruzem com o mundo de hoje, fazendo novas comissões a novos compositores, dando oportunidade a novo talento de desabrochar e fazendo uma programação variada que vá ao encontro de vários estilos de ópera, de várias épocas, com vários desafios".
Depois de, no ano passado, se ter revelado crítica das medidas aplicadas pelo Governo às artes do palco por causa da pandemia, hoje mostra-se contente com o diálogo conseguido. Apesar de tudo, alerta: "continuamos com apoios reduzidos. Por isso vivemos muito da plateia. E claro que com uma plateia a 50% significa estarmos a arriscar o nosso próprio pescoço."

Por enquanto, já há sessões esgotadas para quem deseja ver ópera fora de portas, numa cidade que, segundo a diretora artística do festival lisboeta, tem tudo para receber este tipo de iniciativas. "Sempre me fez imensa aflição ver uma cidade como Lisboa e como tantas outras no país [não ser aproveitada], temos um clima abençoado, e uma escala bastante boa para fazer este género de eventos", diz. "Ópera encenada não se faz em pavilhões para 20 mil pessoas, faz-se em recintos para mil pessoas no máximo dependendo, às vezes pode ser mais, mas têm de ser recintos muito especiais para manter aquela ligação com o público que o espetáculo encenado exige", explica.
O que não pode perder:
Madama Butterfly, de Giacomo Puccini


É um clássico que pode ser visto no topo do jardim do MNAA, mesmo em frente ao Tejo. E porque não há coincidências, até o navio branco cantado na ópera de Puccini lá está. "No início das montagens percebemos que está lá um grande navio branco no Porto de Lisboa", diz a diretora artística, "é perfeito". A encenação é de Olga Roriz e a voz de Madama Butterfly é a da própria Catarina, num papel "que exige tudo. Não é uma daquelas heroínas do Olimpo, distante. Há sempre pessoas a sofrer os dissabores que a Butterfly sofreu".
Quando: de 20 a 27 de agosto
A Médium, de Gian-Carlo Menotti

"É uma obra praticamente desconhecida no nosso país, já foi apresentada há mais de 40 e tal anos e é uma história fabulosa, com personagens fortíssimos", descreve Catarina Molder sobre esta obra que marca também uma estreia na encenação de ópera da atriz e encenadora Sandra Faleiro. Molder destaca também a música: "parece que estamos num filme do Hitchcok. É uma ópera apaixonante".
Quando: a 28 e 29 de agosto
Mahagonny Songspiel & Até Que a Morte nos Separe, Kurt Weill e Ana Seara

É a chamada ópera em dose dupla. Há Mahagonny Songspiel, "de onde vem a famosa Alabama Song", que muitos conhecerão pela versão posterior dos The Doors, lembra Catarina, e há Até que a Morte nos Separe, uma ópera "que é apaixonante, fala de vingança, erotismos, das relações complicadas das pessoas que se amam e se odeiam ao mesmo tempo". Esta última é uma estreia absoluta, e por isso "há sempre a sensação de que se está a ver algo especial", admite.
Quando: a 3 e 4 de setembro

