Três Olhares, uma Resiliência: A força feminina no cinema contemporâneo
"Que Mulheres Serão Estas?" é o mote da mostra que exibirá, no dia 3 de outubro, três curtas-metragens que contam as histórias de mulheres dos dias de hoje e os seus desafios numa sociedade por vezes desgastante.
Foto: DR25 de setembro de 2024 às 17:06 Safiya Ayoob
No dia 3 de outubro, o cinema recebe um mosaico de histórias femininas com a estreia de Que Mulheres Serão Estas?. Este trio de curtas metragens – Um Caroço de Abacate, As Sacrificadas e By Flávio – coloca em cena três mulheres cujas vidas, embora distintas, convergem numa mesma procura pela libertação e pelo reconhecimento. Em cada um dos filmes, vemos um espelho das realidades contemporâneas que muitas mulheres enfrentam, desde a luta pela aceitação até ao desafio constante de equilibrar a vida pessoal e profissional.
Em Um Caroço de Abacate, Ary Zara conta uma história de aceitação e descoberta entre Larissa (Gaya de Medeiros), uma mulher trans, e Cláudio (Ivo Canelas), um homem cis, nas ruas de Lisboa. O filme destaca-se pela sua abordagem positiva e luminosa sobre a identidade trans, fugindo aos estereótipos de dor e marginalização frequentemente associados a estas narrativas. O encontro entre as duas personagens torna-se numa celebração da diversidade e da possibilidade de conexão, independentemente das diferenças. Com uma direção poética, Zara desenha um futuro mais inclusivo, onde a identidade de género é abraçada e não reprimida.
Já em As Sacrificadas, de Aurélie Oliveira Pernet, a narrativa é mais sombria, refletindo as pressões sociais e económicas que muitas mulheres enfrentam. Otília (Tânia Alves), uma mulher presa entre o trabalho extenuante como empregada de limpeza e a responsabilidade de cuidar da mãe doente, vive cercada pelas chamas – tanto literais, como metafóricas. Os incêndios que devastam as montanhas portuguesas são um espelho da sua própria luta interior, sublinhando o cansaço e o desespero que sente. Este filme faz uma poderosa homenagem às mulheres invisíveis que carregam o peso do sustento familiar, sem nunca perder a dignidade, mesmo quando tudo à sua volta se desmorona.
Por fim, By Flávio, de Pedro Cabeleira, transporta-nos para o mundo das redes sociais, onde Márcia (Ana Vilaça), uma jovem mãe, tenta equilibrar as suas aspirações de se tornar uma influencer com as responsabilidades maternais. A pressão de projetar uma imagem perfeita contrasta com a realidade da sua vida, e o dilema de levar o filho a um encontro com um famoso rapper mostra o quão difícil é para muitas mulheres conciliarem os seus sonhos pessoais com o papel de mãe. Cabeleira explora este universo digital com uma sensibilidade rara, abordando questões de identidade, imagem e validação numa sociedade onde a exposição pública se tornou quase uma exigência.
Foto: DR
Embora estas três histórias apresentem realidades diferentes, todas elas partilham um ponto comum: a recusa em serem definidas pelos obstáculos que enfrentam. São histórias de resistência, de superação e, acima de tudo, de mulheres que se recusam a ser limitadas pelos papéis que a sociedade lhes impõe. Que Mulheres Serão Estas? é uma celebração da resiliência feminina, lembrando-nos que, independentemente das circunstâncias, há sempre um caminho para a emancipação e a autodeterminação.
Podia ter feito uma carreira confortável, primeiro como modelo e depois como fotógrafa de moda, mas Lee Miller tinha o espírito irrequieto das pioneiras. A sua história é contada no filme Lee, que estreia a 26 de setembro, com Kate Winslet como protagonista.
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