A Feira do Livro começa hoje
A 88.ª edição do evento literário decorre de 25 de maio a 13 de junho. A redação da Máxima dá-lhe sugestões de livros que não pode deixar escapar.
Encontros imediatos
Em 1987, Mark Seliger conseguiu os seus primeiros trabalhos para a revista Rolling Stone. Cinco anos depois, assumia-se como fotógrafo-chefe da publicação norte-americana onde viria a ficar durante os 15 anos seguintes. Nesse período, foram muitos os rostos que fixaram a sua objetiva: de Nelson Mandela a Barack Obama ou Hillary Clinton, passando por músicos como Bruce Springsteen, Mick Jagger, Bob Dylan, Jay Z e Kurt Cobain, este último escolhido para protagonista do livro-portefólio onde se celebram os 30 anos de carreira do artista. Mark Seliger Photographs, novo livro editado pela Abrams, apresenta alguns dos seus mais icónicos retratos, mas também facetas menos conhecidas do texano de 58 anos, como fotografia de paisagem e de documentário ou o trabalho desenvolvido com sobreviventes do Holocausto. A completar as fotografias, é publicado um ensaio e uma entrevista conduzida por Judd Apatow, onde o fotógrafo revela detalhes de bastidores, como os dias partilhados com Brad Pitt numa roadtrip ou a proximidade mística aquando do retrato que fez do Dalai Lama.
Under the cover
Diz o ditado que quem vê caras não vê corações, mas quem vê capas vê muito mais do que a mera roupagem de um disco. É o que fica provado em Funk & Soul Covers (Taschen), livro onde se reúnem as 500 capas de álbuns que ficaram na história da música do século XX, de Marvin Gaye a Michael Jackson, de James Brown a Prince. Além das capas propriamente ditas, documentos de um tempo e objetos de uma análise em termos da evolução do design, o livro apresenta ainda entrevistas com figuras-chave da indústria discográfica (compositores, produtores e intérpretes) que fornecem preci(o)sas coordenadas para navegar nestas sonoridades. A obra, editada por Julius Wiedemann, é assinada pelo radialista português Joaquim Paulo, um apaixonado pelo vinil, com uma coleção que já ultrapassa os 25 mil discos.
Em voz alta
A quatro músicos, juntaram-se quatro vozes. Depois chamaram-se mais artistas e, no final, fez-se arte e celebrou-se a poesia. Assim nasceu o Lisbon Poetry Orchestra, um coletivo de talentos onde encontramos atores, músicos, ilustradores e poetas numa viagem livre pela reinvenção da palavra dita. Poetas Portugueses de Agora (Abysmo) é o primeiro trabalho e desdobra-se num livro de poesia com formato sketch book (ilustrado por Daniel Moreira) e em dois CD: um com 15 poemas declamados (de autoria de nomes como Cláudia R. Sampaio, Daniel Jonas, Filipa Leal, Paulo José Miranda e Valério Romão), outro com 15 temas, intitulado Música para Sessões Privadas de Poesia. O convite à interação é precisamente uma das originalidades do projeto: o público é convidado não só a ouvir o disco e declamar a poesia como a escrever novos textos para as músicas apresentadas, podendo vir a fazer parte da comunidade de colaboradores do projeto. Uma mulher, um mundo
Uma mulher, um mundo
A cada linha revela-se um apaixonante universo feminino, a começar pelo de Else, uma jovem burguesa que fez a si mesma duas promessas: viver a vida intensamente e ter um filho de cada homem amado. Tu não és como as outras mães é o livro onde Angelika Schrobsdorff conta a história dessa mulher diferente que, nos anos 20, trocou a Berlim livre, boémia e fervilhante pelo exílio na Bulgária. Uma história que levou 15 anos a contar porque essa mulher era, afinal, a mãe da autora. Partimos depois à descoberta de Adèle, uma mulher de sucesso aprisionada numa vida perfeita e atormentada pelo desejo insaciável de se sentir desejada. No Jardim do Ogre, da marroquina Leïla Slimani, é um romance sobre pulsões, mentiras e impulsos e, ainda assim, sobre amor. Subversivo e assustador, foi distinguido com o Bailey’s Woman Prize para a Ficção: O Poder, de Naomi Alderman, parte de uma hipótese para inverter o paradigma de género ? e se as mulheres ganhassem o poder de magoar, torturar e matar, fazendo com que os homens passassem a ter medo de andar sozinhos na rua? São 17 os encontros com a morte que Maggie O’Farrell apresenta em Estou Viva, Estou Viva, Estou Viva, um livro de histórias-limite contadas na primeira pessoa e diretamente apontadas ao coração do leitor.