A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) acaba de divulgar os números relativos a crianças e jovens vítimas de crime e violência em 2022 e 2023. Uma estatística sempre perturbadora e que regista um aumento de 18,2% em 2023, face ao ano anterior, com 5661 crianças e jovens apoiadas pela APAV no biénio. Número que, ainda assim, representa apenas a ponta do iceberg uma vez que muitos outros casos terão ocorrido sem que o seu conhecimento tenha chegado à APAV. Vamos aos números.
Em 2022, a APAV apoiou 2595 crianças e jovens e, em 2023, esse número passou para 3066 – o que representa 10.271 crimes e outras formas de violência, na sua maioria, violência doméstica (62,6%), mas também crimes de natureza sexual (30,3%). A maioria destas vítimas são do sexo feminino (60,7%), têm entre 11 e 14 anos (31,5%), são de nacionalidade portuguesa (80,1%), são alvo de violência continuada (32,9%), violência essa que ocorre, maioritariamente, na residência da família (49,9%) e é perpetrada, na generalidade por um homem (60,1%), na faixa etária entre os 36 e os 45 anos (11,5%) e, em 35,7% dos casos, a vítima é filha do autor.
Entre 2022 e 2023, a violência doméstica teve um aumento de 20,7%, com os 2914 casos de 2022 a subirem para 3518 no ano seguinte. O mesmo se passou com os crimes sexuais contra crianças e jovens, que registaram um aumento de 30,3%, com 1356 crimes em 2022 e 1760 em 2023.
Contrariamente ao que seria de imaginar, pelo menos, do ponto de vista demográfico, o distrito com mais casos de violência contra crianças e jovens não é Lisboa, mas Faro, com 1518 vítimas, seguido então de Lisboa, com 836 vítimas, Braga com 609 e Porto com 513. De referir que a APAV desconhece o distrito de residência de 917 vítimas.
Do número total de 10.271 crimes, 6432 foram de violência doméstica (62,6%), 1049 de abuso sexual de crianças (10,2%), 177 de bullying (1,7%), 165 de abuso sexual de menor dependente ou criança em situação particularmente vulnerável (1,6%), 151 de violação (1,5%), entre outros.