Filipa Martins. A ginasta que já fez história nos Jogos Olímpicos
É a primeira vez que uma atleta portuguesa chega às finais de "all-around" de ginástica artística nos Jogos Olímpicos. Filipa tem um movimento registado com o seu nome, no Código de Pontos da modalidade, e pode ser a primeira ginasta portuguesa a trazer uma medalha olímpica para casa.
Foto: Reuters | USA Today Sports29 de julho de 2024 às 16:46 Madalena Haderer
Filipa Martins tem 28 anos e nasceu no Porto. Uma veterana da ginástica artística que já foi operada cinco vezes aos tornozelos. Para o comum mortal, seria motivo suficiente para passar metade da vida no sofá, banhado em autocomiseração. Para ela, é o mesmo que nada. Ou talvez mais uma motivação para chegar onde nenhuma outra portuguesa chegou. E conseguiu. No Jogos Olímpicos (JO) de Paris, que estão agora a decorrer, Filipa classificou-se para a final de all-around – que inclui salto, barras assimétricas, trave e exercícios de solo. É a primeira vez que uma portuguesa estará presente nesta final. Das 60 ginastas em prova, só 24 passaram e Filipa ficou em 18ª posição. Na próxima quinta-feira dia 1, a partir das 17h15, altura em que decorrerá a final, a ginasta portuguesa terá oportunidade de ganhar uma medalha, competindo com atletas tão famosas quanto a norte-americana Simone Biles e a brasileira Rebeca Andrade.
Com participações nos JO do Rio de Janeiro, em 2016, e de Tóquio, em 2021, é a terceira vez que Filipa Martins se qualifica para estar presente nesta competição. E, mesmo que não consiga ganhar uma medalha, já teve a sua melhor prestação de sempre – no Rio ficou em 37º lugar e em Tóquio, no 43º. A classificação nos JO do Rio tinha sido a melhor de sempre na ginástica artística portuguesa, mas Filipa acaba de bater o seu recorde.
Esta será, possivelmente, a última vez que Filipa participa nuns JO, afinal, 28 anos é já uma idade avançada para o tipo de esforço que esta modalidade exige, por isso, a ginasta decidiu correr o maior risco da sua carreira, uma espécie de dobro-ou-nada intitulado "Yurchenko com dupla pirueta" – um salto tão difícil que a atleta andava a treiná-lo há 10 anos e que ela e o treinador decidiram apresentar "a medo", como a própria admitiu aos jornalistas presentes na competição.
Mas, afinal, que salto é este, capaz de gelar o sangue? O Yurchenko com dupla pirueta consiste numa rondada com flic por cima do cavalo e um mortal com duas piruetas. Mesmo quem não perceba nada de ginástica, soube imediatamente que tinha corrido bem – a reacção de alegria da ginasta e do seu treinador foi instantânea e chegou mesmo a ser congratulada pelos treinadores das outras ginastas.
O esforço valeu-lhe 14.133 pontos, o que, somando aos 13.800 nas barras assimétricas, aos 12.600 na trave e aos 12.633 no exercício de solo, deu uma pontuação final de 53.166 que lhe garantiu o lugar na final.
Se conseguir chegar ao pódio, não será a primeira vez que Filipa ganha uma medalha. A ginasta recebeu já duas medalhas de bronze na Taça do Mundo de Cottbus, na Alemanha, uma medalha de prata na Taça do Mundo de ginástica artística, em Anadia, e a medalha de bronze na trave na 28.ª edição das Universíadas, em Gwangju, na Coreia do Sul.
Para além dos bons resultados, Filipa Martins é a única ginasta portuguesa a ter um movimento de sua autoria e que, portanto, foi baptizado com o seu nome e introduzido no Código de Pontos – Simone Biles já tem cinco. "Martins", assim se chama o movimento, nas barras assimétricas, foi apresentado ao mundo em 2021 no Campeonato da Europa de Ginástica Artística em Basileia, na Suíça.
Filipa Martins começou a fazer ginástica quando tinha apenas quatro anos. Atualmente compete pelo Acro Clube da Maia e estuda Ciências do Desporto na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
Simone Biles e Rebeca Andrade vão, provavelmente, dividir as medalhas de ouro e prata entre si, mas não seria nada mau se o bronze viesse para Portugal. Graças a Filipa Martins, o sonho continua vivo.
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