Steven van de Velde. A presença controversa nos Jogos Olímpicos
O jogador de voleibol de praia holandês, condenado por violar uma rapariga de 12 anos em 2016, está agora de regresso ao grande palco desportivo, uma decisão que tem suscitado indignação e debate.

Em 2014, Van de Velde, então com 19 anos, viajou de Amesterdão para Inglaterra para se encontrar com a vítima, que tinha conhecido online. Apesar de estar plenamente consciente da idade da rapariga - 12 anos, manteve o contacto e, eventualmente, teve relações sexuais com a menor. Foi apanhado quando aconselhou a vítima a tomar a pílula do dia seguinte, o que levou a clínica de planeamento familiar a alertar a polícia e a família da rapariga. Em 2016, Van de Velde declarou-se culpado de três acusações de violação e foi condenado a quatro anos de prisão, avança o The Athletic. Cumpriu apenas 13 meses da sentença, dos quais 12 foram numa prisão britânica, antes de ser transferido para os Países Baixos e libertado um mês depois.
A decisão do Comité Olímpico Holandês de permitir que Van de Velde participe nos Jogos de Paris, ainda que sob condições restritas, como ficar fora da Aldeia Olímpica e não falar com a imprensa, tem gerado revolta. O diário The Guardian sublinha que o seu nome continua no registo de criminosos sexuais do Reino Unido, uma marca indelével do seu crime.

Muitas organizações e líderes desportivos criticaram duramente a sua inclusão na equipa olímpica. Anna Meares, chefe de missão da Austrália, foi clara ao afirmar que, numa situação semelhante, um atleta com essa condenação não seria autorizado a competir pela sua equipa. O Survivors Trust, um grupo do Reino Unido que apoia vítimas de violência sexual, classificou a sua inclusão como "um apoiso chocante da tolerância ao abuso sexual de crianças", conta a BBC.
A indignação pública não é surpresa, considerando a gravidade do crime de Van de Velde. A vítima, cuja identidade permanece protegida, sofreu enormemente com as consequências emocionais do ataque, incluindo automutilação e tentativa de suicídio. O juiz Francis Sheridan, ao condenar Van de Velde, sublinhou o impacto devastador que os seus atos tiveram na jovem, um dano que a acompanhará ao longo da vida.

O Comité Olímpico Holandês defendeu a decisão, afirmando num comunicado que Van de Velde merece uma segunda oportunidade após cumprir a sua pena e completar um programa de reabilitação. "Ele está a provar ser um profissional e um ser humano exemplar." disse Michel Everaert, diretor-geral da Federação Holandesa de Voleibol. No entanto, esta postura de leniência é vista por muitos como insensível ao sofrimento da vítima e um mau exemplo para a sociedade.
Van de Velde competirá ao lado de Matthew Immers em Paris, esperando replicar o sucesso recente que a dupla teve em torneios internacionais. No entanto, a sombra do seu passado criminoso continuará a pairar, independentemente dos resultados desportivos que alcançar. De destacar que o jogador esta atualmente casado com Kim Behrens van de Velde, da equipa de vôlei de praia alemã, com quem tem um filho.
Esta situação levanta questões cruciais sobre a reintegração de criminosos sexuais na sociedade e, particularmente, em plataformas de alto perfil como os Jogos Olímpicos. Será que a reabilitação e a segunda oportunidade para um criminoso podem justificar a dor contínua da vítima e o impacto na perceção pública da justiça e da moralidade?

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