Há séculos que as mulheres têm a fama de terem um temperamento volátil no que toca ao amor. Os homens são constantes de sentimentos, as mulheres viram conforme lhes dá o vento. Os homens interessam-se mais pelo físico, as mulheres são mais emocionais. Os homens demoram a apaixonar-se, as mulheres perdem-se de amores num ápice. “Tretas!”, é o que responderá qualquer mulher com dois dedos de testa e que esteja viva há mais de 18 anos – convenhamos que a adolescência não convida à temperança. E apesar de todas as mulheres terem uma mão cheia de histórias para contar sobre homens que se apegam demasiado rápido, a verdade é que o rótulo da mulher romântica, sensível e apaixonada se pespegou, firmemente, na testa de todas as mulheres.
Finalmente, surgiu uma arma de valor para combater este atentado contra a índole feminina. Um estudo da Universidade Nacional da Austrália veio demonstrar o que todas já sabíamos: os homens apaixonam-se mais depressa e com mais frequência que as mulheres. A investigação, intitulada “Diferenças entre homens e mulheres no amor romântico: uma perspetiva evolutiva”, e que foi publicada na revista científica Biology of Sex Differences, contou com a participação de 808 pessoas oriundas de 33 países europeus, norte-americanos e da África do Sul, entre os 18 e os 25 anos, que estavam, à data do estudo, apaixonados e numa relação amorosa há menos de 24 meses
De acordo com Adam Bode, um dos investigadores responsáveis por esta análise, “este é o primeiro estudo a investigar as diferenças entre mulheres e homens na experiência do amor romântico, usando uma amostra intercultural relativamente ampla. É a primeira prova convincente de que mulheres e homens diferem em alguns aspectos do amor romântico”. Bode sublinha ainda que este é o primeiro estudo a considerar apenas pessoas que estão apaixonadas (ou acreditam estar) no momento da análise.
A investigação comparou homens e mulheres quanto ao número de vezes que já tinham estado apaixonados, quando é que se apaixonaram, a intensidade dos sentimentos, a obsessão que sentiam pelo parceiro, e os níveis de comprometimento. Os resultados demonstraram que os homens se apaixonam, em média, um mês antes das mulheres; já as mulheres experienciam o amor romântico com mais intensidade, pensam mais no ser amado do que os homens e têm níveis ligeiramente mais altos de comprometimento. Por outras palavras: os homens apaixonam-se mais depressa, mas as mulheres são mais obsessivas e mais comprometidas com a relação.
Bode explica ainda que os resultados globais sugerem que quaisquer diferenças entre homens e mulheres no amor romântico se explicam “não apenas pelo sexo biológico, mas também pelas pressões evolutivas que os humanos enfrentaram no seu ambiente ancestral”. Acrescentando que o facto de os homens se apaixonarem mais depressa “pode dever-se ao facto de os homens serem mais frequentemente obrigados a demonstrar o seu compromisso para conquistar uma parceira”.
Outro dado interessante apontado pelo investigador é o facto de o estudo sugerir que “pessoas oriundas de países mais igualitários em termos de género experienciam uma menor intensidade de amor romântico, menos pensamentos obsessivos e, talvez, até menos compromisso.”
Aparentemente, tudo tem um preço. Mas também isso as mulheres já sabiam.