Sem filtros, maquilhagem ou "camadas" supérfluas. E, sobretudo, sem ceder às múltiplas pressões que sofreu para emagrecer ou para sexualizar a sua imagem. Não foi exatamente assim que Alicia Keys (Nova Iorque, 1981) se deu a conhecer ao mundo, aos 20 anos, mas é assim que é hoje, agora perto dos 40. Como destaca a revista Style do jornal The Sunday Times, numa entrevista recente à cantora, Alicia redefiniu o significado de estrela da pop e de R&B ao revelar, desde sempre, uma atitude vincadamente positiva e resoluta, a par de um timbre autêntico, vibrante e sonante.
Uma mulher à frente do seu tempo (e veja-se que é um tempo de velozes mudanças) e antes de movimentos associados à positividade do corpo natural inundarem as redes sociais e levarem celebridades a anunciar o fim do uso de maquilhagem com #nomakeup selfies, já Alicia havia decidido deixar de camuflar o rosto. É apenas um exemplo. O mesmo vale para as suas formas naturais e sempre assumidas com nível e naturalidade. Filha única, Alicia Keys cresceu no criativo bairro nova-iorquino de Hell’s Kitchen e em criança teve aulas de piano profissionais. Aos 12 anos compunha pela primeira vez e aos 13 foi descoberta por aquele que seria o seu primeiro agente, Jeff Robinson, quando tocava com uma banda no Harlem. É mãe de Egypt e de Genesis, filhos do produtor e DJ Kasseem Dean (Swizz Beat), com quem casou em 2010.
Um sucesso entre a crítica, o disco de estreia Songs in A Minor (de 2001) vendeu 12 milhões de exemplares e foi bem recebido pela crítica e pelo público (o single de estreia, Fallin, esteve 34 semanas na famosa Billboard’s Hot 100). Nessa altura, a revista Rolling Stone comparava-a, sem reservas, a Aretha Franklin. Passaram-se duas décadas e a rapariga nova-iorquina de 20 anos que gravou parte do seu disco de estreia no quarto, somou, desde a sua chegada à indústria, 15 Grammys e vendeu 65 milhões de discos, entre outras conquistas. Não é de estranhar que o mundo fique em suspenso quando a voz que enche salas de concerto com estrondosos singles como No One, You Don’t Know My Name ou Empire State of Mind anuncia um novo disco.
É o caso. Chamar-se Alicia só pode ser um bom presságio para um sétimo disco de estúdio que, premeditadamente ou não, chega ao mesmo tempo que a sua autobiografia More Myself: A Journey (lançada a 31 de março), publicada pela An Oprah Book, a novíssima editora de Oprah Winfrey. Nela, Alicia conta, a par do contexto profissional, o seu crescimento pessoal e a mudança que a levou a ser "mais ela" sem os ditos filtros. O álbum, que foi anunciado na sua conta de Instagram, foi antecipado com o single Underdogs e saiu a 20 de março.