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O novo disco de Cristina Branco (mais 4 novidades musicais)

Em tempos de isolamento, a cultura precisa de continuar viva. É por isso que sugerimos as novidades musicais para descobrir em casa, e combater a sensação de que o mundo lá fora parou.

Foto: Joana Linda
30 de março de 2020 às 07:00 Rita Silva Avelar

"Já não me trava o medo de falhar, brinco com o fogo até me queimar/ Não tenho marido, não tenho dormido/ Hei de me salvar./ Eu não sou de ferro, nem sou de fraca constituição/ Quero sentir-me sempre em casa e nunca me pôr em causa/ E nunca mais ter de me explicar/ Com Delicadeza." As letras que Francisca Cortesão escreveu para Cristina Branco evocam uma maturidade espirituosa, gritam liberdade, acima de tudo, e escrutinam a condição de ser mulher com um suave, mas preciso, toque de ironia. Na voz, a certeza e a firmeza delicada que é um registo bem conhecido da artista. O single Delicadeza reflete a essência deste novíssimo disco, o mais autobiográfico de Cristina Branco (Almeirim, 1972) e que dá voz ao alter ego Eva Haussman. Ao lado de Luís Figueiredo (piano), Bernardo Couto (guitarra portuguesa) e Bernardo Moreira (contrabaixo), Cristina Branco canta as letras de artistas convidados a compor, como Márcia, Kalaf Epalanga ou Sara Tavares. Este novo projeto musical conta, pela primeira vez, com uma letra da sua autoria. É também o disco com uma maior presença feminina.

O conceito do disco Eva ganhou vida entre o Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, e o Museu de Arte Moderna de Louisiana, em Copenhaga. Que conceito é este?

A Eva é um alter ego que eu criei, em 2006, numa altura de transição na minha vida. Eu estou sempre a escrever, tenho um diário e comecei a construir a mulher que gostaria de ser e a identificar o que é que dentro da minha personalidade poderia mudar para me encontrar. A Eva quase poderia materializar-se: não só tem uma profissão como tem um género de roupa e família… É uma história com muitos anos que nasceu de uma pergunta que me pus a mim mesma: como é que eu alcanço a minha liberdade?

Porquê mostrar a Eva ao mundo, agora?

Eu quis fazer um disco mais biográfico. Não só mostrei este alter ego a alguns autores mas também excertos do meu diário. Quando existem barreiras na minha vida e sinto que as tenho de transpor, gosto de escrever. Eu achei que este era o momento de me mostrar mais: a leitura que se pode fazer dos temas que estão neste disco tem tudo a ver comigo. Eles falam sobre mim o tempo todo. Mas podiam, também, falar por qualquer mulher.

Quem foram os artistas convidados a compor? Há, pela primeira vez, uma composição da sua autoria…

Há um texto meu que é a Eva que assina, na verdade. Toda a gente "alinhou" em falar sobre esta Eva e sobre mim, mas houve, curiosamente, pessoas que me pediram para levar frases minhas "para dentro" dos seus textos. A grande novidade é que há um texto meu e uma música de um músico meu que nunca compôs para ninguém e que é o Bernardo Couto. [Além de Francisca Cortesão] juntaram-se nomes como André Henriques, Márcia, Kalaf Epalanga, Sara Tavares ou Pedro da Silva Martins.

É o disco com mais mulheres envolvidas na composição…

Sim, mas isso nunca foi uma coisa pensada. As pessoas perguntam-me sempre o porquê de ter tantos homens a compor, mas não há razão. Aconteceu assim.

Mesmo sendo um trabalho muito autobiográfico, continua a existir uma parte de si que deixa sempre guardada?

Eu só me sinto bem a ser assim, é a minha natureza. Há uma parte de mim que é óbvio que eu tenho de preservar para que ao mesmo tempo possa mostrar a minha autenticidade. No fundo, é um ciclo. Neste caso, vai ser o disco em que a minha personalidade está mais em evidência. Aos 47 anos, sinto que a minha maturidade traz tudo isso. Quero mostrar-me como sou: esta sou eu, passei por isso e tenho momentos difíceis como toda a gente. Acontece que eu os ultrapasso através da música. As pessoas, com este disco, poderão ver-me muito melhor.

Alicia, the girl

Quando a compositora, cantora, pianista e atriz Alicia Keys (Nova Iorque,1981) se deu a conhecer ao mundok, em 2001, mostrou saber balançar com mestria a essência pura do R&B com a modernidade do milénio e tornou-se um fenómeno à escala mundial. Revelador de uma voz intensa, segura e sedutora, o seu estrondoso disco de estreia, Songs in a Minor, vendeu mais de 12 milhões de exemplares e foi bem posicionado pela crítica. Até à data, Alicia Keys venceu 15 Grammys, um número assinalável na história dos prémios, superando os recebidos por Madonna, Lady Gaga ou Mariah Carey. A cantora divulgou a chegada do seu sétimo álbum de estúdio, A.L.I.C.I.A., na sua conta de Instagram, anunciando uma tour mundial. Disco a 20 de março.

No feminino

Este mês ergue-se um coro de poderosas vozes de mulheres. Em Hunted, Anna Calvi recria sete canções do disco Hunter, de 2018, num álbum em colaboração com nomes como Courtney Barnett, Charlotte Gainsbourg ou Julia Holter. O projeto experimental de Meg Remy, U.S. Girls, edita Heavy Light, e as irmãs que compõem o duo CocoRosie revelam o disco Put the Shine On. Todos a 6 de março.

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