Duas exposições, uma em Paris e outra em Nova Iorque, celebram duas mulheres, de épocas e culturas diferentes, que fizeram da moda parte do seu legado histórico.
26 de dezembro de 2019 às 07:00 Carolina Carvalho
A História está recheada de mulheres cujas vidas podem ser contadas através dos seus guarda-roupas. Muito mais do que as roupas e os acessórios, as escolhas de moda tornam-se registos de uma época e fontes de inspiração artísticas. Em Paris, a exposição Marie-Antoinette - Metamorphoses of An Image, até 26 de janeiro de 2020, celebra a última rainha de França como fonte de inspiração inesgotável e intemporal. A abertura, a 16 de outubro, aconteceu na semana em que se completavam 226 anos da morte de Maria Antonieta (Viena, 1755 - Paris, 1793) pela guilhotina, aos 37 anos, e o local da mostra também tem um significado especial. A Conciergerie é um palácio medieval localizado na ilha onde está a igreja de Notre Dame e que foi residência real até ao final do século XIV e quando os reis de França decidiram trocá-lo pelo Louvre, este edifício tornou-se o Palácio da Justiça com uma prisão incluída. Durante a Revolução Francesa era ali que se encontrava o Tribunal Revolucionário e foi também onde Maria Antonieta esteve presa. Quando a arquiduquesa austríaca chegou a França, com 14 anos, para se casar com o futuro rei Luís XVI, ninguém previa que se tornasse uma figura de tal relevância na história do país, despertando ainda hoje paixões e ódios. Philippe Bélaval, presidente do Centro Francês para os Monumentos Nacionais e responsável pela Conciergerie, disse ao The Guardian: "Ela tinha gostos luxuosos, mas representava o melhor de um determinado período da cultura francesa." A história desta rainha foi contada várias vezes em livros e em filmes (só no cinema, pelo menos 10 atrizes interpretaram-na), a sua residência, o Palácio de Versalhes, é hoje uma referência cultural com visitantes de todo o mundo e o seu gosto por moda e por joias lançou as tendências de uma época. Maria Antonieta teve como costureira real a famosa Rose Bertin, que chegou a ser nomeada ministra da Moda e lhe criou vestidos deslumbrantes. Tudo isso tornou-a uma figura da cultura popular atual. Esta exposição está dividida em cinco partes e conta com 200 obras de arte e objetos, tal como a última carta escrita pela própria, retratos e caricaturas, bem como representações atuais em filmes, na moda e em manga japonesa.
No outro lado do Atlântico, em Nova Iorque, o Metropolitan Museum inaugura a exposição de outono do Costume Institute, In Pursuit of Fashion - The Sandy Schreier Collection, aberta ao público de 27 de novembro a 17 de maio de 2020. Sandy Schreier vê a moda como uma forma de arte e de expressão criativa e, por isso, as peças que adquire não se destinam a formar um guarda-roupa, mas sim uma coleção. E a sua é uma das maiores dos Estados Unidos, tendo feito vários empréstimos ao museu para exposições temáticas anteriores. Em criança, Sandy Schreier (cujo nome de solteira é Miller) acompanhava o pai para o trabalho na filial de Detroit dos armazéns Russeks, de moda e acessórios de luxo, e o seu gosto por moda despertou a atenção de algumas clientes que lhe viriam a dar alguns dos seus luxuosos vestidos. Recentemente decidiu doar 165 peças da sua coleção ao museu, das quais 80 (acessórios, vestidos e ilustrações) compõem esta exposição e cobrem mais de 90 anos de história da moda, sendo a peça mais antiga uma ilustração de Paul Poiret, de 1908, e a mais recente é um chapéu de Philip Treacy, de 2004. Também é historiadora de moda e autora de dois livros sobre figurinos de Hollywood.
Foto: Nicholas Alan Cope1 de 9
Vestdio de Balenciaga, verão 1961. Na exposição In Pursuit of Fashion ‒ The Sandy Schreier Collection.
PUB
Foto: Nicholas Alan Cope2 de 9
Vestdio de Yves Saint Laurent para Dior, verão 1958. Na exposição In Pursuit of Fashion ‒ The Sandy Schreier Collection.
Foto: Nicholas Alan Cope3 de 9
Casaco de Mariano Fortuny y Madrazo, década de 1920/30. Na exposição In Pursuit of Fashion ‒ The Sandy Schreier Collection.
Foto: Nicholas Alan Cope4 de 9
Vestdio de Gilbert Adrian, outono 1945. Na exposição In Pursuit of Fashion ‒ The Sandy Schreier Collection.
PUB
Foto: Nicholas Alan Cope5 de 9
Vestdio de Karl Lagerfeld para Chloe, primavera/verão 1984. Na exposição In Pursuit of Fashion ‒ The Sandy Schreier Collection.
Foto: IMDB6 de 9
Kirsten Dunst no filme Marie Antoinette, de Sofia Coppola (2006). O vestido azul da imagem faz parte da exposição Marie-Antoinette ‒ Metamorphoses of An Image.
Foto: IMDB7 de 9
Kirsten Dunst no filme Marie Antoinette, de Sofia Coppola (2006), com figurinos de Milena Canonero.
PUB
Foto: IMDB8 de 9
Diane Kruger no filme Farewell, My Queen, de Benoît Jacquot (2012). O vestido azul da imagem faz parte da exposição Marie-Antoinette ‒ Metamorphoses of An Image.
Foto: IMDB9 de 9
Diane Kruger no filme Farewell, My Queen, de Benoît Jacquot (2012).