Itália aqui tão perto
O que acontece quando dois franceses decidem abrir um restaurante em Lisboa? A sofisticação de um bistrô alia-se à displicência italiana num menu para bons garfos.

Se há pecado do qual nos orgulhamos é o de comer com gula. Mas tal só faz sentido nalgumas cozinhas e a italiana, tal como a portuguesa, é um desses gloriosos exemplos. Fica num dos mais bonitos largos de Lisboa, este novo italiano com alma de bistrô francês, o que parece uma contradição, mas não é. A sofisticação parisiense alia-se à paixão italiana pela comida – um menu que pede partilha e refeições sem hora marcada.
Elegante sem exageros, o Visconti acaba de abrir no Chiado com o tal toque francês, que vem dos proprietários, Guy-David Gharbi e Marc Laufer, que aqui decidiram homenagear o seu realizador italiano de eleição. A cozinha quer ser uma amostra do que se come em Itália, de norte a sul do país, dos ingredientes frescos aos pratos que vão além das pizzas (deliciosas por sinal e seguindo os preceitos do estilo napolitano). O nosso almoço começa da melhor forma, com uma foccaccia com alecrim que se desfaz na boca e que é um crime não molhar no premiado azeite Marchesi de Frescobaldi Laudemio. Nas entradas – avisamos que vai ser quase impossível ficar-se por uma – para além da burrata e da mozarela, vale a pena provar o carpaccio com alcaparras estaladiças (são passadas levemente pela frigideira, o suficiente para lhes acrescentar deliciosas camadas de sabor) e os cogumelos Portobello com Parmigiano Reggiano, intensos q.b., mas irresistíveis para quem gosta destes dois ingredientes. Entre garfadas, chega ainda à mesa uma focaccia coberta com guanciale, um bacon mais leve e não fumado e que é uma boa surpresa para quem não costuma ser fã de sabores demasiado intensos.

Segue-se a difícil tarefa de escolher entre as já mencionadas pizzas e as massas, sempre cozinhadas al dente, como deve ser. Aqui preferem-se os clássicos com um twist contemporâneo, portanto há possibilidades como a Margherita, a Primavera ou Pugliese, sem esquecer as Calzoni (Clássica, Burrata e Truffa). Nas massas, varia-se entre a Carbonara feita com spaghetti, creme de ovo, guanciale e parmesão ou a muito romana Caccio e Pepe, um simples, mas delicioso linguine com pesto e parmesão. Da cozinha aberta para a sala do restaurante saem ainda uns delicados gnocchi, que ainda não fazem parte da carta mas poderão fazer, também com guanciale e gema de ovo cozinhada a baixa temperatura. Entre a terra e o mar, nada como aventurar-nos pelos dois, especialmente se decidir partilhar: há tentáculos de polvo com linguini nero, o melhor de dois mundos combinados no prato, ou o entrecôte toscano, para amantes de um bom pedaço de carne. Como não poderia faltar numa mesa italiana, o departamento dos doces não se deixa ficar, entre tiramisu, pana cotta ou as mousse de doce de leite – ideais para levar para a esplanada e ficar a ver Lisboa passar.
O quê? Visconti Onde? Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 18, Lisboa Quando? Todos os dias das 12h00 às 00h. Reservas: 213 461 512

A razão pela qual o Bairro Alto Hotel já é um clássico lisboeta
De portas novamente abertas desde o verão, o Bairro Alto Hotel não é apenas destino para passar uma noite. De referência gastronomia a refúgio de bem-estar, o luxo marca todas as experiências que aqui se vivem.