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Prazeres

Como 48h no Six Senses Douro Valley recuperaram a minha respiração

Depois de várias sessões de banho turco e com sal dos Himalaias, massagens ayurvédicas e sauna de flores, Rita Silva Avelar conta como conseguiu curar a sua sinusite sem tomar medicação.

Foto: DR
22 de março de 2024 às 07:00 Rita Silva Avelar

Aqueles que sofrem de doenças das vias respiratórias – no meu caso, de rinite e sinusite, embora em níveis ligeiros, agravados por um desvio do septo nasal – sabem que a chegada da primavera significa longas noites de tosse seca, espirros involuntários e repetidos e uma constante necessidade de ir "buscar o ar" a qualquer lado. E, se no meu caso, são avessos a medicação (olá anti-histamínicos, adeus energia), e se esquecem de fazer os rituais diários de lavar bem as vias nasais com soro fisiológico e praticar com frequência exercícios respiratórios, poucas soluções há. Em casa, não dispenso um ramo avantajado de eucalipto pendurado do duche, e tomo banho sempre de manhã, numa tentativa de descongestionar naturalmente, além de usar todos os dias gua sha, tanto ao acordar como ao deitar, durante a rotina de skincare. Apesar disso, as consequências destas duas condições – sinusite e rinite - são pressão nas têmporas, dores de cabeça intermitentes, dificuldades em respirar, tosse incontrolável.

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Ao chegar a Samodães, mais precisamente ao Six Senses Douro Valley, fui notando o ar mais respirável e limpo - em comparação com o da capital. Os aromas da floresta – encostada à vinha da Quinta dos Machados, há uma floresta de eucaliptos, um desejo da primeira proprietária da quinta, erguida no século XVIII pela família Serpa Pimentel - fazem imediatamente maravilhas por mim. Durante as 48h da minha visita, faremos um passeio pela zona, que é inspirada na Serra de Sintra, pelo amor que na altura essa mulher tinha por aquele sítio, e pelo amor que o seu marido tinha por ela, ao cumprir esse desígnio. É, no mínimo, surpreendente ver como a natureza cresceu e prosperou nos socalcos onde estariam, tradicionalmente, vinhas. A existência da floresta melhora desde logo o ar da região. É como se o Six Senses Douro Valley tivesse um pulmão próprio.

Mas, fundamentalmente, o que este hotel de 5 estrelas no coração do Douro tem para oferecer são momentos dedicados a puro lazer e bem estar, que orbitam em torno do seu majestoso spa – eleito melhor da Europa – e que está apetrechado com tudo aquilo que possamos imaginar. Sauna de infravermelhos e sauna tradicional, banho de vapor (que é o banho turco), sala de sal do Himalaias, e ainda banho de ervas, com ervas da quinta. E, claro, uma piscina aquecida a 30 graus, um jacuzzi com massagem, um jacuzzi de banho frio (entre 8 a 10 graus), e uma sala de banho com um balde cheio de água geladinha, mesmo como antigamente. Todos eles são destinados a melhorar a nossa condição física, e até se aconselha oscilar entre os quentes e os frios, pois isso tem benefícios na regeneração muscular, e dá-nos energia. Em 48h, fiz este circuito três vezes, e devo dizer que a parte do frio não é tão penosa como parece.

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E o que mais fiz que melhorou visivelmente a minha crise respiratória? Uma massagem ayurvédica às mãos de uma das terapeutas do spa, que me ensinou o que é o dosha, e que dosha sou eu: vatta, pitta ou kapha? Deixamos os detalhes para o leitor pesquisar, mas o que importa é saber que esta massagem é personalizada e destina-se a fazer de tudo para que saiamos dali muito melhores do que entrámos, conforme as nossas necessidades. Com recurso a pressão manual em pontos específicos baseados neste sistema de medicina alternativa desenvolvido na Índia e com 4 mil anos, a terapeuta identifica as zonas do rosto, pescoço e costas, pressionando-as, o que provoca, mais tarde, um enorme alívio. Noutro dia, a massagem relaxante com assinatura Six Senses, feita de modo personalizado, pretende identificar que necessidades tem o corpo naquele momento: precisa de relaxar? Aliviar as dores? Descomprimir? Tonificar? Tudo isto é tido em conta num questionário e, mais tarde, durante a massagem, que começa com um banho de pés com leite em pó e ervas da quinta, juntamente com sal, para uma esfoliação e purificação imediatas. Também esta massagem me deixou melhor, e, já agora, deixou-me a dormir durante duas horas seguidas. Dormir é, aliás, uma prioridade no hotel, já que há um programa dedicado ao sono que monitoriza os hóspedes para lhes transformar o ciclo do sono.

Aliada a estas medidas, fiz ainda uma sessão de biohacking, que consiste numa espécie de pressoterapia com recurso a umas botas onde me enfiei até à cintura. São 30 minutos de puro relaxamento – drenagem linfática no nível três, porque acima disso é para atletas – a ouvir uma sessão de meditação. Além das botas, são-nos sugeridas ou uma máquina de infravermelhos para estimular o colagénio do rosto e do peito, ou uma cinta para aliviar as dores musculares na zona lombar, ou ambas. É curioso confirmar que, sim, apesar de parecer ineficaz à primeira vista, nas horas seguintes este tratamento proporciona um alívio imediato para quem tem tendência para a retenção de líquidos.

É preciso mencionar que por aqui a manhã começa sempre com um delicioso pequeno-almoço com sumo detox do dia (um que bebi de beterraba e maçã era particularmente delicioso), acompanhado de um cardápio de opções que não desilude os mais atentos a esta refeição. De ovos Benedict com bacon e legumes salteados a panquecas – há de tudo, além da seleção diária de frutas e pães feitos na cozinha. Aos almoços e jantares, o Vale de Abraão tem uma cozinha aberta, com entradas para partilhar, tais como croquetes de carnes fumadas, puré de maçã e pickle de cebola ou tártaro de robalo selvagem, kimchi, ovas de truta, crocante de arroz e algas, os nossos preferidos. Nos principais, é imperdível o cordeiro assado com maçã, acelgas e avelã, como o pregado selvagem no Josper com couve-flor, cebola e pickles, ou ainda o arroz de polvo em forno de lenha. Para quem dispensa a carne e o peixe, o arroz cremoso de brócolos, queijo de São Jorge e pickles é certeiro. Corremos todas as sobremesas, com a de mel, laranja e iogurte e a de tangerina, amêndoa e chocolate branco a liderar as preferidas. Ao jantar, são imperdíveis as ostras de Aveiro, e também a prova dos vinhos Six Senses, com especial destaque para o Rosé Super Reserva 2015 e o Douro DOC Tinto de 2021 com um burro ilustrado no rótulo, ambos marcantes e distintos à sua maneira.

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Todas as semanas há atividades que podem ser feitas por marcação. Experimentei o ioga com Meghan Martin, convidada residente, uma forma excelente de começar o dia, mas também há pilates, TRX, treino funcional, padel, treino em circuito, treino HITT, técnicas de respiração energizante, análise do movimento, caminhada cénica, subida às árvores ou caminhada pela floresta.

Ainda no spa, há um corner dedicado aos workshops de do it yourself. Com o Daniel aprendemos a fazer o nosso próprio spray com óleos naturais, que já agora usámos todas as noites nos pulsos e nas almofadas, de modo a contribuir para a tal desobstrução das vias nasais. Aqui, há ainda workshops dedicados ao bem-estar, como "Workshop de Drenagem Linfática" ou "Workshop Alquimia". Mas a maioria destas sessões acontece no Earth Lab, onde se testam ensinamentos como aprender a fazer pickles e iogurtes germinados, perceber como criar uma kokedama (planta), entre outros.

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Todos os dias, na Wine Library, há provas de vinhos pelas 18h, e outras atividades pontuais dedicadas ao vinho. Às terças, há dois acontecimentos marcantes: a cerimónia do fogo, dedicada ao bem-estar espiritual, pelas 16h30, e o Managers Cocktail, pelas 18h, no bar, o Quinta Lounge, onde o bartender cria um cocktail especial. No Quinta Lounge, servem-se refeições mais ligeiras e os hóspedes descontraem num salão de jogos, numa parte que é original da casa. O tempo aqui estende-se e estica, queremos que não passe, por um lado, e que passe por outro, mas um ponto é assente: sairemos sempre melhor do que entrámos.

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