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Não tem televisão, não tem wi-fi, não tem música ambiente nem sunset parties à beira da piscina. A ausência de distrações, provavelmente, já nos terá custado alguns leitores, mas os que persistem são precisamente os que encaixam no perfil da Companhia das Culturas, um Ecoturismo Sustentável e Orgânico, aninhado no extremo sueste do Algarve, mesmo ao lado da Reserva Natural de Castro Marim. As coordenadas geográficas estão dadas, mas é preciso chegar para perceber que é de um outro Algarve que se trata. A envolvente natural, num registo campestre autêntico, nem deixa lembrar que o mar está mesmo ao virar da esquina ? a Praia Verde fica a uns escassos 1,5 km e pode ser alcançada a pé, tirando partido de um dos vários trilhos temáticos desenhados especificamente para os hóspedes. A verdade é que mal introduzimos o código de acesso à propriedade ? são 40 hectares de pinheiro manso, cortiça e alfarroba, damasco e figo, oliveira e laranjeira ? já não apetece sair. Tudo ali parece estar alinhado num despojado equilíbrio, despretensiosamente desenhado e concretizado em materiais naturais, segundo uma filosofia de pleno respeito com a Natureza, mas também com as pessoas.
É Tina (Eglantina) Monteiro quem nos dá as boas-vindas. Antropóloga de formação, apaixonada por arte e com um apurado sentido estético, é a mulher de Francisco Palma Dias, um homem com um passado ligado ao yoga e à cozinha orgânica, que herdou esta bela propriedade agrícola, na sua família há mais de cinco gerações. Juntos decidiram recuperar os 1.500 metros quadrados de ruínas, transformando-as nas salas e quartos que hoje recebem os seus hóspedes. Depois, traçaram um plano que envolve a comunidade da aldeia vizinha de São Bartolomeu: se, no passado, a propriedade era um ponto estratégico na pequena economia local, hoje, continua a sê-lo, já que é das redondezas que chegam muitos dos produtos consumidos à mesa. A política do Km Zero, mais do que uma intenção, é uma prática de todos os dias. E comprova-se logo ao pequeno-almoço, onde são servidos figos e ameixas, sumos naturais de frutos da época, compotas caseiras feitas com frutos da quinta e ovos do galinheiro. Tudo com sabor, peso e medida. Desperdício, aqui, é muito mais do que ruído. E o ruído, diga-se, aqui é mesmo inexistente.
Dez anos passaram desde que abriram pela primeira vez as portas, depois do trabalho de recuperação supervisionado pelo arquiteto Pedro Ressano Garcia. Ano após ano foram sendo feitas melhorias e, progressivamente, os antigos currais, lagares ou casas de despejos foram dando lugar aos quartos (são nove, no total, e quatro apartamentos, perfeitos para famílias), ao restaurante, à biblioteca ou à muito especial cork box, uma enorme garagem revestida a cortiça e transformada na mais que perfeita sala de yoga (a professora chega duas vezes por semana para conduzir a prática, disponível para hóspedes sem qualquer custo adicional). E nem é preciso ser-se um praticante experiente para tirar partido do momento: usufruir, seja de uma saudação ao sol ou de uns minutos de meditação, fica bem fácil com este enquadramento. Não falta sequer um hamam, o primeiro feito de raiz no Portugal contemporâneo, onde é possível fazer banhos purificadores de tradição romana e árabe ou tratamentos com óleos essenciais exclusivos. Até as amenities são especiais: desenvolvidas numa parceria com a Pharmaplant, uma pequena empresa local criada em 2013, são integralmente feitas a partir de plantas locais, sem qualquer tipo de químicos associados. Equilibradas e retemperadoras, também elas potenciam os benefícios da estada, adivinhando-se o verde fresco e viçoso dos seus ingredientes, com a esteva a espreitar a cada inalação. A mesma esteva que nos acompanha no passeio até Alcoutim, aromatizando o percurso e adornando a paisagem enquadrada pelo Guadiana que, por ali, corre bem devagarinho, como o tempo que faz deste um Algarve singular. Até em agosto.
Mais informações: companhiadasculturas.com, quartos a partir de €175 para duas pessoas (sem pequeno-almoço).
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