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Outubro Rosa

Sofia Ribeiro: "Mamas são mamas (...). Quanto mais nos escondermos atrás de tabus, pior serviço prestamos às mulheres"

A atriz sabe do que fala. Foi diagnosticada pouco antes de fazer 31 anos e agora quer ver a preocupação com a apalpação e os exames de rotina a passar de boca em boca.

Foto: DR
15 de outubro de 2024 às 21:42 Madalena Haderer

Outubro é um mês importante para a saúde feminina. Não é por acaso, aliás, que o tema foi debatido, recentemente, na Assembleia da República, com nove propostas aprovadas e que vão agora para discussão na especialidade. Outubro é o mês da Sensibilização para o Cancro da Mama e, no dia 18, celebra-se o Dia Mundial da Menopausa. Pela menopausa, todas as mulheres vão passar, sem excepção. Por um diagnóstico de cancro da mama, passam cada vez mais mulheres e cada vez mais jovens. A boa notícia é que, como as mulheres estão cada vez mais informadas, não deixam passar os seus exames de rotina e fazem apalpação das mamas, os cancros tendem a ser diagnosticados cada vez mais cedo, o que aumenta, em muito, a taxa de sobrevivência. Para esta disseminação da informação contribuem, infelizmente, casos de mães, avós, irmãs e amigas com cancro, mas também as campanhas institucionais e de marcas que se vão unindo à causa. A Intimissimi é uma dessas marcas e, até ao fim deste mês, por cada soutien vendido – tanto em lojas físicas como online – doa dois euros à Liga Portuguesa Contra o Cancro.

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É o quinto ano consecutivo que esta marca de roupa interior lança esta campanha e é também a quinta vez que a atriz Sofia Ribeiro dá a cara pela mesma. A Máxima perguntou-lhe se o cancro da mama é uma causa muito próxima do seu coração e Sofia corrigiu: "É muito próxima da minha pele." A atriz foi diagnosticada com cancro da mama aos 30 anos, pouco antes de fazer os 31. Curiosamente, tinha já uma festa de aniversário marcada com o mote "Vai ser um grande 31" – e foi mesmo. Os amigos que a acompanharam durante os tratamentos fizeram muitas piadas com isso – rir é mesmo um grande remédio.

Questionada sobre se este tipo de consciencialização não é uma obrigação do Estado, mais do que das empresas privadas, Sofia responde o seguinte: "Acho que todas as campanhas são necessárias. Todos os esforços são necessários. E quanto mais marcas se unirem para passar a palavra, seja no tema do cancro da mama, seja na violência, seja nos direitos dos animais, quanto mais formos, naturalmente, mais informação chega a quem tem que chegar e mais acontece." A atriz sublinha ainda a importância do trabalho que a Liga Portuguesa Contra o Cancro faz. "A Liga faz um trabalho exímio e tão importante, não só na compra de equipamento para ajudar no diagnóstico, mas também a apoiar famílias, a apoiar as mulheres, a apoiar famílias que, por exemplo, vêm deslocadas de outras cidades, na investigação."

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A informação que Sofia Ribeiro quer que chegue às pessoas é esta: "É essencial despertar as nossas mulheres para a importância de um diagnóstico, de tocarem nas suas mamas – é assim que se chamam, não vamos inventar outros nomes, nem vamos ter vergonha de usar o nome correto –, de fazerem o seu autoexame, de fazerem os seus exames de rotina, de passarem a palavra, de falarem com as suas amigas, com as suas irmãs, primas, mães, etc. E lembrarem que não acontece só aos outros e que temos que estar atentas porque os sinais do tempo estão aí, os números [dos diagnósticos do cancro da mama] são enormes, não param de crescer."

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E não é só aos sinais exteriores que importa estar atento. Sofia, que descobriu um caroço na mama durante um autoexame no duche, conta que, pelo menos durante dois anos antes disso, o corpo foi dando sinais de desgaste. "Antes de estar doente, dormia em média quatro a cinco horas por noite, comia mal, estava a fazer novela e teatro ao mesmo tempo, comia quando dava, dormia quando dava, tinha acabado de sair de uma relação extremamente tóxica e violenta, um cocktail explosivo. E estava tão embrenhada nos meus problemas, nas minhas questões, na pressa de viver e tentar chegar a tudo, que não olhava para os sinais do meu corpo, mas eles estavam lá. Sinais de exaustão, de tristeza profunda, de irritabilidade, dos mais diversos, eles estavam lá. O corpo fala connosco, mas nós estamos demasiado ocupados para ouvir."

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"Vários estudos" – continua a atriz – "mostram que diferentes tipos de cancro estão associados a diferentes emoções, portanto, olharmos para nós não é só olharmos ao espelho, é olharmos pela nossa saúde física, mental, para aquilo que comemos, as pessoas com quem nos damos, se nos acrescentam ou se nos roubam energia." Com o diagnóstico, os tratamentos e tudo aquilo por que passou, Sofia ganhou uma nova perspetiva. "Uma das coisas que esta nova oportunidade – porque é uma nova oportunidade que, infelizmente, nem toda a gente tem – me trouxe, foi a consciência de que não adianta nada viver no futuro, nem no passado – não posso fazer nada nem por um, nem pelo outro." A atriz refere que aprendeu a dizer não e a rodear-se de pessoas que dão mais do que tiram, tanto a nível profissional, quanto familiar, amoroso e nas amizades.

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Acima de tudo, nesta conversa com a Máxima, Sofia Ribeiro quis deixar uma mensagem de força e esperança a quem possa estar agora com receio de receber um diagnóstico de cancro. "Primeiro, que não entre em pânico, porque o cancro tem tratamento. Procure um médico e tente levar as coisas com calma, sem entrar em paranóia, sem adiantar processos, sem estar a imaginar o que vai acontecer. Depois, não há uma maneira certa de passar por isto. Uma pessoa pode reagir de forma mais zangada, mais revoltada, outra, como foi o meu caso, de forma mais positiva, mais 'vamos embora, vamos resolver, quero sair disto'. Pela minha experiência, o que eu posso dizer é que ajudou-me muito agarrar-me ao que tenho de bom na minha vida, aos sonhos que ainda tinha por concretizar, às coisas que ainda queria fazer. E é o que recomendo a toda a gente."

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