House of Curated, a nova loja portuguesa para quem quer vestir diferente
Roupa dos quatro cantos do mundo, de origem ética, com carisma e sem repetições. A loja perfeita para quem adora looks autênticos, longe do fast fashion.
O que faria se soubesse que ao comprar um hoodie, estaria a salvar centenas de detritos que são jogados ao mar, todos os anos, e que os pescadores apanham nas suas redes durante a pesca? É esta a premissa da marca espanhola ECOALF, altamente focada na sustentabilidade, e cujo fundador, Javier Goyeneche, está sempre um passo à frente. De passagem por Lisboa, conversou com a Máxima na sede da ModaLisboa, onde pudemos ver algumas das peças mais emblemáticas.
Antes de fundar a ECOALF, Javier Goyeneche tinha outra marca, de acessórios, mas cansou-se das exigências sazonais da indústria da moda. "Durante um ano e meio tentei procurar fundações ou projetos ligados à sustentabilidade, mas não encontrei nenhuma que juntasse Moda." Resolveu fundar a ECOALF – a junção dos nomes Alfredo e Álvaro, seus dois filhos. "Pensei que a coisa mais sustentável a fazer não era continuar a usar recursos naturais, mas sim criar uma nova geração de produtos reciclados. Foi assim que tudo aconteceu."
Quando foi ao mercado à procura de fábricas, no final de 2009, "não existiam fábricas de reciclagem cool, no mundo. As texturas não eram boas." Viajou pelo mundo à procura de recursos. "Conheci uma mulher extraordinária no sul de Taichung, que reciclava garrafas de plástico para criar carpetes. Tinha imensa sensibilidade." Os seus primeiros produtos foram desenvolvidos ali, e hoje a marca tem cerca de 500 tipos de tecidos reciclados, feitos "com redes de pesca, garrafas de plástico, algodão usado, cápsulas de café...", entre muitos outros materiais que à partida seriam lixo. A marca nasceu em 2013, depois de vários anos de pesquisa. "A primeira coleção era composta por quatro casacos e duas malas, porque os materiais que usámos primeiramente eram nylon vindo das redes de pesca, e poliéster, vindo das tais garrafas de água." Hoje a ECOALF tem mais peças, incluindo chapéus, mochilas ou ténis.
"Um dia, em conversa com um pescador na costa sul de Espanha, aceitei o desafio de ir pescar e ver a quantidade de resíduos que vinha nas redes. Fui pescar com ele e fiquei chocado. Voltei a Madrid e, embora a equipa fosse pequena, pensámos numa forma de criar financiamento." Foi nesse momento que criou a Fundação ECOALF, cuja contribuição de filantropos de Nova Iorque ajudou a financiar os contentores nos portos de Espanha, para que os pescadores pudessem depositar os resíduos que as redes de pesca apanhavam no mar. "Todas as terças-feiras, durante um ano, fomos a vários portos. Hoje temos mais de 3200 pescadores em 49 portos de Espanha a colaborar neste projeto. A nossa ambição passa por recrutar pescadores ao longo de toda a costa do Mediterrâneo, já temos também colaboradores na Grécia, em Itália e em França. O nosso goal são 10 mil." No total, a marca já recuperou mais de 700 toneladas de lixo do fundo dos oceanos
A importância da origem dos materiais é tão importante que a marca faz questão de estampar a quantidade usada em casa peça na mesma, como parte do design. Por exemplo, o casaco acolchoado Asp poupou 2.09 kg de emissões de CO2, e 1410.00 litros de água, e foi produzido a partir de 70 garrafas.
A marca também tem uma linha premium. "A 1.0 foi uma linha que nasceu durante a pandemia, com a entrada de uma nova designer criativa na empresa, Julie Sohn. Ao conversarmos percebemos que havia espaço para esta linha. Sentimos que era preciso criar uma linha premium dentro da sustentabilidade, até porque estávamos a desenvolver novos filamentos bastante caros." Nasceu uma linha "clean, intemporal, sem estampados, minimal, sem statements." A ECOALF está à venda em 22 lojas na Europa, e em Portugal em 25 lojas seleccionadas.