O nosso website armazena cookies no seu equipamento que são utilizados para assegurar funcionalidades que lhe permitem uma melhor experiência de navegação e utilização. Ao prosseguir com a navegação está a consentir a sua utilização. Para saber mais sobre cookies ou para os desativar consulte a Politica de Cookies Medialivre
Celebridades

Júlia Palha. "Não há mal em ser um sex symbol. Sempre que oiço o termo dá-me vontade de rir"

Considera-se feminista e encontra na família as mulheres que a inspiram. Em conversa com a Máxima, a atriz, que é mais uma vez rosto da Intimissimi, partilhou alguns dos conselhos que segue para uma vida feliz.

A carregar o vídeo ...
.
13 de maio de 2022 às 16:06 Ana Filipa Damião

Com apenas 23 anos, Júlia Palha é uma verdadeira femme fatale, sim, mas também é atriz, modelo e amante de poesia. Recentemente, foi Fátima Roque Neto na novela A Serra e participou no filme Ordem Moral (2020), de Mário Barroso, com Maria de Medeiros, Albano Jerónimo e Ana Bustorff. Julia defende a normalização dos corpos, porque a beleza é subjetiva e, pela terceira vez, emprestou o rosto e a voz à nova campanha da Intimissimi, cujo tema é precisamente o empoderamento feminino, um hino a quem não encaixa no "tamanho standard" de lingerie. A coleção especial apresenta, assim, uma gama de soutiens básicos em algodão e renda, com copas diferenciadas, de B a F, em que o conforto, a elegância e a inclusão são as palavras do dia.

Foto: Intimissimi

Consideras-te uma feminista? O que significa a palavra para ti?

Sim, considero. Acho que como tudo na vida, temos de ter algum cuidado com os extremismos, mas acho que feminismo é definitivamente acreditarmos que as mulheres e os homens têm igual direito de oportunidades, que devem ser tratados de forma igual. E isto não vem contra o que muita gente acha erradamente, ou seja, que as mulheres pensam que devem ser mais do que os homens. Isso é o maior erro qda sociedade. [Feminismo] é acreditar que temos os mesmos direitos, acreditar e realçar que isso ainda não acontece, infelizmente, ao contrário do que muita gente diz. Em Portugal ainda há mulheres a receberem menos do que os homens e a serem vítimas de assédio - e por serem mulheres têm medo.

Algumas pessoas consideram-te um sex symbol, mas tu não te importas com o termo e, inclusive, pensas que é uma forma de ajudar os outros.

Sempre que me falam desse termo dá-me vontade de rir. Apesar de tudo, ou tu tens a melhor autoestima do mundo ou não te queres ver assim. Mas se isso for levado no sentido de que sou uma mulher confiante, que acredito em mim, que não tenho pudor em expor-me, expor a minha beleza e o meu corpo, então sim, não me importo de o ser e quero continuar a sê-lo, porque sei que vou influenciar muitas pessoas, principalmente raparigas novas. Acho que não há mal nenhum em ser um sex symbol e a sermos confiantes e acreditarmos em nós.

Foto: Intimissimi

É esta a relação que fazes entre o rótulo e a maneira como o mesmo pode ser uma arma positiva para o empoderamento da mulher?  

Exatamente. Acho que quando as coisas levam um rótulo, acabam por perder um bocadinho o seu valor. Acho que sex symbol tem de ser nesse sentido e foi aí que a palavra nasceu, alguém que é bonito, que é confiante e que as outras pessoas admiravam nalguma medida.

Como é que era a relação que tinhas com o teu corpo enquanto crescias?

Passei de um corpo muito magro sem nenhum tipo de curvas para, de repente, ter muitas curvas, muito peito, tudo muito de uma vez, e foi um choque. Acho que é importante normalizarmos as curvas, que até há pouco tempo não o eram e nós víamos isso nas grandes marcas, infelizmente. É muito importante normalizarmos quando as pessoas começam a ganhar algum peso, a ganhar algumas curvas, ou a perder algum peso, porque também há inseguranças quando se tem peso a menos. É importante sentirmo-nos normais porque não há só um padrão de corpo, há milhares e infinitos padrões e todos são bonitos à sua maneira.

Foto: Intimissimi

E agora, quando te olhas ao espelho, o que vês?

Vejo uma Júlia que nem todos os dias se sente tão bonita. Tenho dias em que acho que sou incrível, tenho dias em que acho que podia estar melhor, tenho dias em que acho que sou péssima… e está tudo certo. O certo quando tu tens inseguranças não é pensar ‘Ah, para ser uma mulher confiante não posso ter inseguranças’. Não, tu podes tê-las, tens é de saber porque é que elas existem e como é que podes trabalhá-las. E a partir daí vais começar a desprender-te de tantos estereótipos, de tantas futilidades, e vais ser tão mais feliz, que é um trabalho que toda a gente devia mesmo fazer diariamente.

Qual é a insegurança que ainda não conseguiste aceitar?

Ui (risos). Não sei, tenho várias coisas, que até brinco com as minhas amigas diariamente - estou com papo ou os meus braços estão gordos. Aquelas pequeninas coisas que a tua amiga olha para ti e diz-te, ‘Estás parva?’, mas tu sabes que tens aquela coisa que ninguém vê de fora, mas tu vês. E eu tenho bastantes, pequeninas, não há assim nenhuma grande. Mas sei sempre que são da minha cabeça e gostava que toda a gente percebesse que são tudo coisas da nossa cabeça.

Foto: Intimissimi

Um conselho para todas as pessoas que se sintam mal com o seu aspeto.

Este conselho é para tudo, não só para a insegurança. Desprendam-se das redes sociais, porque elas estão a trazer uma geração que está cada vez mais ansiosa. A ansiedade e a depressão são as doenças do século, porque nós estamos constantemente a confrontarmo-nos com vidas perfeitas irreais, corpos irreais e realidades irreais. Quando digo que muitas das inseguranças que temos hoje em dia, até para mim, são de estarmos a ver vidas, corpos, seja o que for, irreais diariamente, estou a dizer a verdade. As pessoas têm de começar a desprender-se das redes sociais, têm de começar, seja de que maneira for -  com mais desporto, com psicólogos, com yoga - a aprender a gostar mais do seu corpo e de como são.

É a terceira vez que colaboras com a Intimissimi e que crias poemas exclusivos para cada campanha. Conta-nos um pouco sobre o processo de escrita do texto que apresenta a recente coleção.

Eu escrevo muito diariamente. Vou escrevendo várias coisas, e quando a Intimissimi me desafiou para esta campanha novamente eu escrevi este poema já um bocadinho com esse propósito. Sinceramente, não tive de pensar grande coisa, é um dos temas que me sai mais facilmente. E, às vezes, é até um bocadinho contraditório, porque posso estar a escrever isso num dia em que não estou tão confiante, mas é a coisa de ‘Ok, vou escrever aquilo que sinto que é verdadeiro’ e, de repente, sai simplesmente. É sinal que estou num bom caminho comigo mesma, é sinal de que se isto me sai tão naturalmente, então estou mesmo a trabalhar para acreditar e confiar em mim.

Foto: Intimissimi

Quem são as mulheres da tua vida que te inspiram?

A minha mãe, a minha avó e a minha irmã, definitivamente. Eu sei que isto é um clichê, mas se nos ouvissem aqui as quatro a falar iam ver que somos todas iguais, todas mulheres confiantes. Elas, e até a minha irmã que é mais nova do que eu, sempre me ensinaram que eu sou incrível, que não devo nada a ninguém, que não tenho de me sentir mal com ninguém, e acho que é esse tipo de exemplos que devemos procurar na vida. Não é só a nossa família, são as nossas amigas. A tua autoestima vai-se basear nas pessoas que tens à tua volta. Tu precisas de pessoas que te puxam para cima diariamente. Não é só o namorado ou a tua família, é toda a gente à tua volta, o teu círculo é o que tu vais ser.

Foto: Intimissimi
As Mais Lidas