Documentário de Carolina Patrocínio estreia na Prime Video "sem filtros e sem tabus", revela-nos
A apresentadora revela-se como raramente a vimos: vulnerável, determinada e humana. Em entrevista à Máxima, fala sobre aquilo que raramente se vê - a maternidade sem filtros, o corpo em transformação, a exposição constante e o desafio de ser mulher num palco em que tudo é escrutinado.
Carolina Patrocínio
30 de maio de 2025 às 21:35 Safiya Ayoob
A estreia do documentário Carol Patrocínio na Prime Video, a 30 de maio, marca um momento íntimo e revelador na trajetória de uma das figuras mais reconhecidas da televisão portuguesa. Pela primeira vez, Carolina Patrocínio convida o público a olhar para lá do ecrã, abrindo as portas da sua vida com uma honestidade rara - desde a exposição constante nas redes sociais até à complexidade de ser mãe, mulher e figura pública num país onde todas essas dimensões ainda carregam expectativas e julgamentos. Nesta entrevista com a apresentadora, a Máxima mergulha nos temas centrais explorados no documentário - a maternidade, o corpo, o equilíbrio entre carreira e família, e a pressão invisível de viver sob o olhar atento do público - numa conversa franca com Carolina, em que não há filtros, apenas a vontade genuína de contar a sua versão da história.
Qual foi o principal objetivo deste documentário? O que a motivou a avançar com este projeto?
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O
principal objetivo deste documentário foi passar de forma digna e
transparente a minha história, porque todos temos uma história, todos somos
feitos de muitos acontecimentos. Acho que tinha chegado à
altura perfeita, ao fim de 20 anos a aparecer na televisão, de poder apresentar-me com as minhas fragilidades, que é um exercício muito difícil que faço neste documentário, porque dificilmente me veem falar sobre mim nestes termos e, por isso, é algo que me emociona muito.
E o
principal objetivo [neste documentário] é passar a mensagem de que os meus
problemas e os meus dramas não são diferentes de tantas outras mulheres que
tenham conciliado a sua vida e a sua carreira com a maternidade. É um
verdadeiro exercício de malabarismo em que somos heroínas dentro das nossas
próprias histórias.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio"
Foto: DR
O que espera que o público retire desta partilha pessoal? Há alguma mensagem central que deseja transmitir?
Gostava
que o público se aproximasse de mim, no sentido de perceber todos os desafios
que tenho no dia-a-dia, como são diferentes do “mundo dos mortais”. Apesar
de haver uma narrativa que paira sempre sobre mim - a da facilidade - e que nem sempre
corresponde à verdade. Esta mulher forte com que me apresento tem os
seus momentos. Foi precisa muita resiliência para chegar ao ponto de vida em
que estou agora e fazer este exercício de auto-reflexão, de poder parar e ter
este tempo, que é um luxo, de pensar em tudo aquilo por que já passei. É
verdadeiramente impressionante para mim. Foi um exercício de que estava a precisar e não sabia.
Define-se no documentário como apresentadora e influencer. Se não tivesse seguido este caminho, que profissão teria escolhido? Tinha algum sonho de infância que ficou por concretizar?
Tinha
muitos sonhos em criança. Sempre, confesso, virados para o palco, nesta veia
artística. Quis ser bailarina, quis ser atriz, quis ser atriz de musical e foi
isso que, numa primeira instância, me atraiu para os castings. Mas, no fundo, procurava uma oportunidade. E, mais do que isso, procurava tornar-me
independente. Sou a segunda de seis irmãs e, naturalmente, a atenção era
altamente repartida. Quis desde cedo tê-la por mim, provar que me
tornaria independente nos meus próprios termos. Essa necessidade de
procurar um lugar foi algo muito vincado desde cedo, e a vida trouxe-me
para esta carreira em 2004, quando entrei na SIC. Ao fim de 20 anos, ainda
consigo concretizá-la.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio"
Foto: DR
No documentário, vemos a Carolina a abordar temas que, em certos momentos, foram alvo de debate público. Um deles é a gravidez. O que a levou a querer falar abertamente sobre esse tema? Sentiu necessidade de dar a sua versão?
Eu vim
para este documentário sem qualquer tipo de moldura, sem filtros, sem
exigências, sem temas de que não quisesse de todo falar, sem tabus. Entreguei-me a esta equipa
que cria documentários, para que eles pudessem narrar a minha história, porque, se não o fizesse, seria altamente manipulador eu fazê-lo dentro dos meus próprios
termos. E, portanto, entreguei-me de alma e coração. O tema da gravidez e do
exercício surgiu de forma natural, por este voyeurismo que existe em querer
saber como é que eu me sentia, com tantas críticas. Os depoimentos são reais. Disse exatamente aquilo que senti na altura e aquilo que me motivou a seguir em
frente.
Depois de quase duas décadas como figura pública, como lida atualmente com as críticas, comparando com os primeiros anos da sua carreira?
Lido com
as críticas de uma forma muito mais saudável do que na altura em que comecei,
naturalmente. Gostava que as pessoas percebessem que se uma mulher ou criança
ouvir críticas em alturas diferentes da vida, por mais que sejam as mesmas críticas, vão ser interiorizadas de forma diferente. Quando levava, aos 16 anos, uma
crítica sobre o meu aspecto físico, o mundo ruía, porque tinha as inseguranças naturais de uma menina de 16 anos, e isso criava muita insegurança
na forma como lidava com a vida.
Esse
mesmo comentário hoje, com 38 anos, com o sucesso que alcancei dentro
da minha área, tem a importância que lhe quero dar, que muitas vezes é
nenhuma. Portanto, nunca gosto de menosprezar o valor e o peso que tem
uma crítica na altura errada. E, portanto, nunca [devemos] deixar de forma leviana passar esse bullying cibernáutico, o bullying da vida real, porque pode ser
decisivo ou bloqueador na vida de uma pessoa.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio"
Foto: DR
Como mantém o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, especialmente quando tudo parece estar constantemente sob escrutínio?
Como é
que eu faço essa seleção entre a vida pessoal e profissional? Com uma linha
muito tenue, na verdade, porque gosto que as pessoas se aproximem da pessoa
que eu sou, dando a conhecer a minha personalidade e, por vezes, eu própria
vivo dentro dessa ambiguidade, o que é que eu posso partilhar, o que é que não
posso, em que temas é que eu não me deveria meter, outros que são muito
importantes para mim.
Agora, a
minha família, naturalmente, é uma presença constante, nas redes, acho que esse
escrutínio mediático vem precisamente porque há uma procura das pessoas que me
seguem de querer saber como é que eu lido com as minhas irmãs, com os meus
quatro filhos.... era impossível eu deixar de fora, principalmente quem me
segue nas redes, um lado gigantesco da minha vida que é a maternidade.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio".
Foto: DR
Outro ponto muito presente no documentário — e na sua vida — são os seus quatro filhos. Como é educar crianças hoje em dia, numa altura em que se fala tanto de gentle parenting (parentalidade gentil)?
Bom, a
educação dá para um debate infinito. Eu educo muito através do exemplo e os meus
filhos acabam por ser cópias da vivência dos pais. Eu sou uma pessoa muito
disciplinada e, portanto, a vida deles não poderia ser de outra forma. Para eu
conseguir encaixar a agenda de quatro crianças, com personalidades diferentes, tenho que ter mão firme, é quase como liderar um exército.
Portanto,
os meus filhos são educados com muita disciplina, com muito respeito pelo
adulto; com as injustiças naturais de serem irmãos e que muitas vezes, se
aquilo que está certo não é o que vai vingar, eles próprios têm que ser
deparados com essas injustiças da vida. Muitas vezes eu assisto e deixo que
elas se auto-resolvam. E, portanto, a educação, apesar de não ser uma coisa que
eu tenha constantemente presente na minha cabeça, ajo de forma natural.
Mas,
acima de tudo, aquilo de que mais me orgulho, o que mais quero passar aos meus
filhos é auto-estima, autoconfiança. Para que eles se sintam úteis, se sintam
independentes, confiem neles próprios para conseguirem ultrapassar todos os
desafios da vida. Isso também não é uma coisa mensurável, é difícil passar-lhes
auto-estima, não é dizer que eles são os maiores o tempo inteiro, pelo
contrário: dar-lhes desafios, que eles muitas vezes vão ter dificuldade em
superar, mas deixar que eles resolvam para ver como é que saem dali.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio".
Foto: DR
Este trabalho não segue um horário tradicional das 9h às 17h - é bastante versátil e imprevisível. Recebe críticas quando partilha momentos de trabalho e é questionada sobre o tempo com os filhos?
Eu não
preciso propriamente do julgamento alheio para ter sentimento de
culpa no que toca a esse campo da minha vida, porque eu sou a maior julgadora
de mim própria. Eu sinto muita culpa quando tenho que delegar momentos
importantes dos meus filhos, quando não consigo estar presente em horários
tradicionais da família, porque trabalho com eventos - quem
trabalha com eventos e com publicidade sabe a loucura que são os horários de
trabalho, contra o relógio, contra a família. Muitas vezes ao
fim de semana, sábados, domingos, feriados. Não preciso do julgamento de
ninguém para eu própria já me sentir mal com esse campo da minha vida em que
falho. Em que eu sou quase uma malabarista e vou deixando cair bolas e
apanhando mais à frente .
Agora,
acho que as mulheres estão sempre dentro de uma panela de pressão e elas
próprias se focam nesse campo. E este documentário é também para elas, para que
sintam empatia nesse campo, porque eu não sou diferente, eu tenho exatamente os
mesmos desafios com os meus filhos, de não conseguir estar presente, ou
conseguir, ou tentar compensá-los de outras formas. E, portanto, não sou
diferente dos dramas normais de uma mulher que não trabalha nesta área.
Há um momento no documentário em que surge com o Gonçalo Melo, numa escolha de looks. Acredita que o estilo e a roupa têm influência direta no estado de espírito? Como vê a relação entre imagem e bem-estar?
Eu
acredito que o estilo e a roupa, no meu caso, ajudaram-me até a nível de
posicionamento. Eu tinha uma enorme dificuldade em descolar-me da miúda do
Disney Kids, que foi uma coisa muito marcante na minha carreira. Eu era a miúda
que apresentava os desenhos animados,
sábados e domingos nas manhãs da SIC. E, portanto, eu delegar essa parte da
minha vida do styling, e faço com o Gonçalo Melo que aparece no documentário,
foi entregar uma parte da minha vida que me consumia muito tempo. Deixei para os melhores aquilo de melhor que sabem fazer. Portanto, para mim foi transformador eu
apresentar-me com novos looks, uma nova forma de ser e de estar. Isso me dá
confiança? Dá. Também muitas vezes procuro lugares fora da minha zona de
conforto, mas delego bastante esse campo, confesso.
Imagens do documentário "Carol Patrocínio".
Foto: dr
Em relação à beleza, qual é aquele produto que considera indispensável - um verdadeiro must-have na sua carteira?
Um must-have na minha carteira? Um hidratante para a boca.
Carolina Patrocício não sai de casa sem...
Sem telemóvel.
Qual é a sua rotina de beleza? Tem algum ritual que não abdica, mesmo nos dias mais preenchidos?
A minha rotina de beleza tem que ser muito prática e rápida, porque os slots para tratar de mim são muito curtos. Portanto, são o que eu considero mais básico, que é creme hidratante, máscara no cabelo e uma make-up bem simples.
A atriz de "Euphoria" voltou a ser tema nas redes sociais depois de anunciar a sua nova gama de sabonetes. Numa publicidade que envolveu uma banheira, espuma e sensualidade, houve quem tivesse gostado da ideia e quem a tivesse criticado fortemente.
Há produtos que não são só bons - são vício puro. Fomos saber quais são os queridinhos que seis personalidades portuguesas juram a pés juntos que voltariam a comprar mil vezes (e nós já estamos a tomar nota).