Quando a realeza abdica por amor
Relembrando a humanidade da realeza, eis alguns casos em que o amor se sobrepôs ao título.
Our Rainbow Queen (ainda só disponível em inglês) é o livro da autoria de Sali Hughes, jornalista do jornal The Guardian, que explica cada look da Rainha de Inglaterra, a única forma não mediada de comunicação que a monarca tem com o público. Hughes sentiu uma barreira durante o processo de escrita do livro, que aborda o guarda-roupa extremamente colorido da Rainha, apercebendo-se que tinha apenas acesso à informação pública. "Estou bastante intrigada com o facto de a Rainha nunca expressar uma opinião. Ela nunca se queixa, nunca explica," revelou Hughes numa entrevista à revista Vanity Fair. "Estou interessada na forma como as pessoas se expressam ao mundo exterior, e uma das únicas formas através das quais a Rainha o pode fazer é através da roupa".
Depois da compilação de fotos da indumentária real, Hughes notou uma tendência: o seu gosto por cores fortes. Havia tantos exemplos vibrantes que a autora decidiu organizar o livro por cor, tornando-o quase um glossário de cada tom imaginável, desde o laranja Satsuma ao Chartreuse. Apesar de não conseguir desvendar a história por detrás de cada conjunto, a pesquisa de Hughes revelou muito sobre o funcionamento do Palácio Real: descobriu que nada é um acaso, tudo é bem ponderado e documentado, e a memória da Rainha é impecável. Esta lembra-se de quem lhe ofereceu o quê assim como do significado que teve na altura. "Por muito que não saibamos o que ela quer dizer com as suas escolhas, nada é um acidente", disse na mesma entrevista,
No entanto, na sua pesquisa surgiu um outro assunto: o protocolo real. Nos seus primeiros anos na família, Meghan Markle e Kate Middleton eram alvos de escrutínio mediático por algo que tinham usado contra as regras reais, como um verniz escuro ou uma saia mais curta. A conclusão da autora é que essas regras simplesmente parecem refletir preferências pessoas da Rainha. "Algumas são sobre respeito," afirma. Outras regras são uma simples questão de diplomacia, que implica não usar cores que tenham qualquer conotação política, no caso de uma ocasião multinacional, provavelmente não usaria uma cor que expresse favoritismo por um país". Além disso, a própria rainha é conhecida pelas suas escolhas inusitadas, apesar de não seguir tendências. Ainda é incerto qual o destino deste protocolo depois do reinado de Isabel II. "O que vemos com Meghan e Kate é uma nova era. Vemos uma nova forma de autoexpressão, e acho isso ótimo", diz Hughes "De certa forma, a família real deve representar os seus súbditos."
Por estes dias, a stylist da Rainha, Angela Kelly, revelou também que a monarca deixará de usar pelo verdadeiro. Com a sua coleção de casacos e capas de pelo destinados aos deveres reais, estes serão alegadamente substituídos por peças com pelo falso. Ainda não se sabe se esta decisão se aplica a todos os conjuntos oficiais que serão usados em ocasiões especiais (dado que muitas das peças históricas no seu guarda roupa contém pelo).
De resto, Sali Hughes admite que o encanto da Rainha enquanto ícone deve-se ao quão pouco esta mudou ao longo das décadas. De acordo com a BBC, a maioria dos residentes do Reino Unido tinha 40 anos em 2018, o que significa que o reinado de Isabel II já durou mais do que a maioria da vida dos seus súbditos."