Alergias no inverno? São muito mais do que só espirros e comichões
Ao contrário da crença popular, as alergias não aparecem apenas na primavera, estando também bastante presentes no inverno e no outono, e com tendência a agravarem-se quanto mais tempo passarmos dentro de casa. Conversa com João Gaspar Marques, imunoalergologista da Sociedade Portuguesa de Imunoalergologia.

Pensar que as alergias só surgem na primavera, na estação em que há muito pólen no ar, é uma ideia comum mas errada, uma vez que as alergias aparecem também no inverno e no outono, quando as temperaturas descem, e que podem até ser mais incomodativas do que a primeira situação.
"A doença alérgica pode manifestar-se de diversas formas, nomeadamente rinite alérgica (que afeta a mucosa nasal), conjuntivite alérgica (que afeta a membrana que reveste o olho), asma (que afeta os brônquios), dermatite atópica (que afeta a pele) e esofagite eosinofílica (que afeta o esófago), explicou João Gaspar Marques, imunoalergologista da Sociedade Portuguesa de Imunoalergologia, em conversa com a Máxima. "No entanto, em linguagem mais popular, quando nos referimos a alguém como tendo "alergias", habitualmente falamos de uma pessoa com rinite alérgica", definida como a persistência de pelo menos dois sintomas durante uma hora por dia ou por mais de 12 semanas por ano.

Mas, afinal, o que diferencia as alergias do inverno das da primavera? Embora os sintomas das duas possam ser muito semelhantes, como os típicos espirros, comichão e pingo no nariz, as causas são claramente distintas. "Enquanto na primavera a exposição a pólenes é um dos principais fatores envolvidos, no outono e inverno estes níveis polínicos são geralmente reduzidos", clarifica o imunoalergologista. As alergias nas estações mais frias do ano tendem a aumentar quando passamos mais tempo dentro de casa, devido aos níveis elevados a que podem chegar vários alergénios comuns como os ácaros do pó doméstico, os pelos dos animais e os fungos.

A rinite alérgica, uma das condições mais comuns, não está associada a risco de morte, embora tenha um impacto negativo na rotina diária dos doentes, prejudicando a sua qualidade de vida, função cognitiva e produtividade. Alterações do sono, fadiga e irritabilidade são algumas das consequências de menor dimensão. Por outro lado, e se a condição não estiver controlada, esta pode levar ao desenvolvimento de outros "processos patológicos relacionados, incluindo sinusite aguda e crónica, recorrência de pólipos nasais, otite média, diminuição da acuidade auditiva e asma".
É por isso que, a par do aconselhamento médico essencial, devemos procurar outras formas que ajudem a minimizar os sinais de manifestação. "Manter a casa limpa é sempre uma meta, mas pessoas com alergias devem ter cuidados redobrados. Entre os passos que devem ser considerados salienta-se aspirar a casa frequentemente, evitar tapetes e carpetes, manter os brinquedos limpos e evitar os peluches, a utilização de capas para os colchões e almofadas e tentar diminuir a exposição a bolores/humidade". Nos casos mais incomodativos, pode-se também recorrer a medicamentos anti-histamínicos: "a consulta de um imunoalergologista pode garantir a opção por fármacos mais eficazes para a situação clínica em causa e com menos efeitos adversos".
As alergias podem ser hereditárias?
Os dados indicam que "algumas famílias parecem ter um risco acrescido de vir a sofrer de condições alérgicas relativamente à população em geral", e que esta tendência familiar tenha uma ligação genética conhecida como atopia, alerta João Gaspar Marques. "Estima-se que mais de metade das crianças nascidas em famílias atópicas poderão desenvolver uma doença alérgica, enquanto a incidência em crianças sem história familiar do género é de uma em cada cinco. O risco é ainda mais elevado para famílias em que ambos os pais sofrem de alergias".

Saúde, Educação, Alergias, Inverno, João Gaspar Marques
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