Tomar um comprimido que protege do sol? Sim, é possível

O Observatório Heliocare, que estudou os hábitos de proteção solar dos portugueses, apresentou um cenário preocupante. A maioria dos inquiridos não aplica protetor solar na quantidade indicada nem reaplica ao longo do dia. A solução pode estar na fotoproteção oral – um suplemento alimentar que protege a partir de dentro.

16 de maio de 2025 às 11:29 Madalena Haderer

No próximo dia 17 de maio, celebra-se o Dia Europeu do Melanoma e, no dia 23, o Dia Mundial do Melanoma. Maio é, portanto, o mês dedicado à informação e divulgação sobre sintomas, prevenção e tratamentos do cancro cutâneo. Por todo o país, ao longo de todo o mês, haverá rastreios gratuitos, como é o caso daquele organizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, nas suas instalações na Rua Professor Lima Basto, em Lisboa, e que decorre até dia 16. Momento perfeito, portanto, para nos debruçarmos sobre os resultados do Observatório Heliocare, um estudo da responsabilidade da Cantabria Labsuma empresa farmacêutica multinacional, fundada em Espanha, que opera na área da dermatologia há mais de 25 anos, e que detém a marca Heliocare, focada na investigação e desenvolvimento de produtos de proteção solar – sobre os hábitos de fotoproteção dos portugueses, e que foi apresentado em Madrid no final de março.

Não é segredo para ninguém que muito pouca gente aplica protetor solar de forma adequada – para proteger, devidamente, o rosto e o pescoço, por exemplo, é preciso aplicar uma colher de chá de produto –, reaplicar a cada duas horas, de acordo com as recomendações dos dermatologistas, então, nem se fala. Mas não deixa de ser perturbador perceber que, para a maioria das pessoas – 28% de um total de 1511 pessoas inquiridas com uma média de idade de 43 anos – uma pele bronzeada é uma pele saudável, quando se sabe que é precisamente o oposto: o tom bronzeado advém de uma produção excessiva de melanina, a que a pele recorre para se defender dos efeitos nocivos da radiação solar. 

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Mais preocupante ainda é o facto de, apesar de 91% das pessoas que participaram no estudo garantirem usar protecção solar – contra apenas 9% que disseram não usar de todo –, a verdade é que, desses, 73% alegaram apenas usar fotoproteção quando estão na praia, de férias ou quando praticam desporto e que apenas 27% aplicam protetor solar diariamente, durante todo o ano. Isto apesar de 92% das pessoas dizerem estar cientes de que os maus hábitos de fotoproteção podem dar origem a cancro da pele. Dos que não aplicam, 32% justificam-se dizendo que se esquecem, enquanto 21% dizem querer obter vitamina D, 17% acham incómodo, outros 17% têm outros motivos e 13% não aplicam porque querem bronzear-se.

Dos que, efetivamente, aplicam produtos de protecção solar, 60% só reaplicam uma vez ou não reaplicam de todo, 36% reaplicam duas ou três vezes, 20% não reaplicam e só 5% reaplicam mais de três vezes. Mas nem tudo é mau: dos que usam fotoprotecção, 59% preferem os fatores de protecção mais elevados, como SPF50 ou SPF50+.

Durante a apresentação deste estudo, o médico Antonio Torrelo, chefe do Serviço de Dermatologia no Hospital Infantil Universitário Niño Jesús, disse que os cancros da pele estão a aumentar, pelo que as campanhas de divulgação e prevenção são muito importantes. Porém, para as optimizar é preciso entender o que a população sabe sobre fotoproteção e como a utiliza. E é aí que entra este estudo. Ao todo foram inquiridas 3.540.000 pessoas em 17 países, das quais 51% eram mulheres e 49%, homens. 

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Com tanta gente a apontar o esquecimento como motivo para não usar protetor solar, parece haver aqui caminho a desbravar para garantir que mais pessoas passam a usar fotoproteção diariamente e ao longo de todo o ano. Nomeadamente, desenvolvendo produtos que não sejam incomodativos e que não se prestem tanto a esquecimentos e, já agora, que arranjem uma solução para o facto de as pessoas não se sentirem inclinadas a reaplicar o protetor.

Foto: DR

Salvador González, médico dermatologista especialista em fotoprotecção e cancro de pele, professor na universidade de Alcalá de Henares, director da Skin Cancer Unit no Grupo Pedro Jaén, e consultor e investigador da Cantabria Labs, falou, durante a apresentação deste Observatório, sobre o que acredita ser uma solução para todas estas questões: fotoproteção oral. Ou seja, um protetor solar em cápsulas para tomar com um copo de água. Um produto – três, na verdade, mas já lá vamos – que a Heliocare já desenvolveu há alguns anos, mas que ainda nunca tinha comunicado de uma forma ampla, para o grande público, e que as pessoas, regra geral, só usavam quando lhes era recomendado por um dermatologista, nomeadamente, para combater alergias solares.

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Curiosamente, na diminuta comitiva de jornalistas portugueses – quatro mulheres –, havia uma pessoa a quem já tinha sido recomendada a toma das cápsulas Heliocare Ultra-D, para tratamento de uma alergia solar. Alergia essa que, garantiu, desapareceu assim que começou a tomar. Para além desta versão, a marca tem também as Heliocare Cápsulas que, além da fotoproteção, conferem um tom bronzeado à pele, com a adição do betacaroteno, e as Heliocare 360º D Plus Cápsulas. 

Foto: DR

Foi sobre esta opção que se focou boa parte da conversa entre médicos e jornalistas porque é neste produto, centrado na fotoimunoproteção, que residem as esperanças da Cantabria Labs para que as pessoas passem a proteger-se mais e melhor: um suplemento alimentar formulado com uma combinação de ingredientes que ajuda a prevenir o fotoenvelhecimento, as manchas e outras alterações cutâneas devidas à exposição solar, em todos os tipos de pele. A sua fórmula contém Fernblock+ – o ingrediente estrela desenvolvido pela Cantabria Labs –, para uma atividade antioxidante, e ativos reparadores dos danos solares, sendo reforçada com antioxidantes de origem natural, como a vitamina E. Contém ainda vitamina D e niacinamida, que contribuem para o normal funcionamento do sistema imunitário e para a manutenção da pele e mucosas. De resto, se uma parte considerável das pessoas diz não usar proteção solar porque quer obter vitamina D, as cápsulas Heliocare 360º D Plus contém 100% da dose diária recomendada desta vitamina.

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Quer isto dizer que se uma pessoa tomar uma destas cápsulas por dia está completamente protegida e pode prescindir do seu produto cosmético de proteção solar? Salvador González explica que não. "Os produtos de proteção tópicos continuam a ser a linha primária de defesa", diz. E, portanto, o objetivo é que cápsulas e protetor solar sejam usados em concomitância. Porquê? "Porque a fotoproteção oral é sistémica. Ou seja, dura mais de duas horas [ao contrário do protetor tópico], não sai com o suor nem com a água, e é mais homogénea, mais anti-inflamatória, antioxidante e imunoprotetora [do que os protetores solares convencionais]", explica o dermatologista.

Foto: DR

Ou seja, a proteção oral é uma defesa adicional, ideal para todas as pessoas que sabem que deviam ser mais diligentes na aplicação (e reaplicação!) do protetor solar – que, convenhamos, é quase toda a gente. Salvador González diz que é perfeita para adolescentes que, com o natural ennui da idade, tendem a relativizar os efeitos perniciosos da luz solar. O dermatologista sublinha ainda que pode ser usada por crianças a partir dos quatro anos – dando uma paz de espírito adicional aos pais que têm de correr, praia fora, atrás de crianças escorregadias e contrariadas, para aplicar uma nova camada de protetor. Para facilitar a toma, o médico explica que a cápsula pode ser aberta e o seu conteúdo colocado numa papa ou iogurte. 

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"Então, e estas cápsulas têm efeito cumulativo?", pergunta a Máxima ao dermatologista. É preciso tomá-las todos os dias, mesmo que não apanhemos sol? Mesmo que estejamos uma semana fechados num bunker? "A Cantabria Labs provavelmente preferia que eu não dissesse isto," diz Salvador González, em tom de brincadeira, sorrindo aos representante da marca que estão por ali – e que lhe sorriem de volta –, "mas, a verdade é que se não vais apanhar sol, não precisas tomar. É tal qual um protetor tópico. Tomas no sábado, estás protegida no sábado, não tomas no domingo, não estás protegida no domingo, voltas a tomar na segunda, voltas a estar protegida na segunda." E acrescenta, em jeito de conclusão: "Quem tem melasma, vai beneficiar se tomar todos os dias, durante todo o ano. Os ruivos [mais propensos a patologias decorrentes da luz solar] também devem tomar sempre. Tal como as pessoas que tenham uma doença foto-oncológica. Pessoas saudáveis podem tomar só na primavera e no verão, ou no inverno, se fizerem férias na neve. É a isto que chamamos uma fotoproteção personalizada."

Foto: DR

Prova de que esta categoria veio para ficar é que, no início deste mês, a Cantabria Labs lançou um novo produto de proteção solar oral. Desta vez, umas saquetas orodispersíveis, que dispensam água. Chamam-se Heliocare 360º Sport Oral Sticks e, embora tenham sido pensadas para desportistas – por exemplo, um ciclista não vai ter vontade de parar o seu percurso para reaplicar o protetor solar –, são extremamente úteis para ter sempre dentro da mala para um reforço SOS, como naqueles dias em que se sai de casa para fazer um recado rápido e se acaba a ser atraído para uma esplanada soalheira. Quem nunca?

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