Novo truque viral. Comer cenouras pode mesmo substituir o retinol?

O fenómeno que invadiu as redes sociais vale mesmo o hype ou é só mais uma lenda da internet? Fomos falar com uma nutricionista e um dermatologista para perceber melhor.

Bastidores - Mercedes-Benz Fashion Week Austrália 2018 Foto: Getty Images
03 de junho de 2025 às 17:11 Safiya Ayoob

Se está no TikTok, é provável que já tenha tropeçado em vídeos a falar da que está a deixar toda a gente obcecada com… cenouras. O fenómeno começou com um vídeo da criadora Cassie Yeung, na qual partilha uma salada de cenoura aparentemente inocente. O que chamou mesmo a atenção não foi a receita (ainda que pareça deliciosa), mas sim a pele da influencer - luminosa, com aquele glow de quem dorme 8 horas e bebe 2 litros de água por dia. Resultado? A internet enlouqueceu. Em poucos dias, nasceram milhares de vídeos com o mesmo claim: “Estou a comer o meu retinol.”

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Comer o retinol?  Como é que passámos dos cuidados tópicos para a cenoura ralada? Spoiler: Não se está a comer retinol. Está-se a comer betacaroteno. Vamos às bases. O chamado “retinol comestível” não é bem o retinol que conhecemos dos frascos brilhantes na prateleira de skincare. Trata-se de betacaroteno - um pigmento natural presente em alimentos de cor laranja (olá, cenouras) que o nosso corpo converte em vitamina A. “Embora o betacaroteno seja seguro e eficiente para suprir as necessidades de vitamina A, a sua conversão em retinol é menos eficaz”, explica o dermatologista Joel Reis, à Máxima. Ou seja, sim, tem benefícios, mas não é magia instantânea.

Já a nutricionista Bárbara Plácido reforça o valor nutricional da cenoura, contando à Máxima: “É uma verdadeira fonte de nutrientes essenciais. Tem vitamina A, betacarotenos, fibra, vitamina C… Ajuda a pele, o cabelo, o sistema imunitário e até o intestino.” Um combo completo de bem-estar.

Então… a cenoura faz milagres? Não exatamente, mas ajuda. O betacaroteno atua como antioxidante, o que significa que combate os radicais livres (os que causam envelhecimento precoce), melhora a renovação celular e contribui para uma pele mais uniforme e luminosa. Ou seja, é um boost natural para o glow.

“Historicamente, a vitamina A foi usada oralmente para tratar acne e psoríase, mas as doses necessárias eram tão altas que causavam toxicidade”, lembra o Joel Reis. Isto porque a vitamina A, quando ingerida em excesso, acumula-se no corpo e pode causar uma condição chamada hipervitaminose A - o que não é nada bonito. E há ainda a carotenodermia - nome para aquela coloração alaranjada na pele depois de se comer cenouras em demasia. “Inofensiva, mas visível”, como explica o dermatologista. 

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Pode-se substituir o retinol tópico por salada? Gostávamos, mas não. Comer cenouras é incrível para a saúde, para a digestão e para a pele, mas não substitui um bom sérum com retinol. “Os alimentos ricos em vitamina A e betacaroteno não substituem os tratamentos tópicos para quem procura resultados rápidos e visíveis”, reforça o dermatologista. A verdade é que os retinóides aplicados na pele atuam diretamente na zona onde é preciso, em concentrações controladas e com resultados mais rápidos e evidentes.

Mas isso não quer dizer que a tendência “Eat Your Retinol” seja um flop. Na realidade, faz todo o sentido que olhemos para a alimentação como parte da nossa rotina de cuidados com a pele.

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Criadora de uma das marcas de suplementos mais influentes da atualidade, a nutricionista autraliana tem vindo a redefinir o conceito de bem-estar com uma abordagem honesta, científica e profundamente pessoal. Da experiência clínica à liderança empresarial, a fundadora da JSHealth conta à Máxima que cuidar de nós mesmas vai muito além do que colocamos no prato - é um compromisso com o corpo, a mente e o coração.

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