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Está de férias mas não consegue desligar do trabalho? Faça estas seis coisas

Para algumas pessoas, o telemóvel e o computador passaram a ser uma constante nas suas vidas, mesmo quando não estão a trabalhar - um fenómeno apelidado de 'FOMO profissional'. Entrevista a Catarina Lucas, psicóloga, sobre sintomas e modos de superação.

'Tal Pai, Tal Filha' (2018)
'Tal Pai, Tal Filha' (2018) Foto: IMDB
16 de agosto de 2022 Ana Filipa Damião

As novas tecnologias introduziram uma lufada de ar fresco nas nossas vidas, é certo, mas também trouxeram uma série de problemas. E graças a elas, desligar do trabalho depois da hora de saída pode revelar-se um grande desafio, podendo inclusive materializar-se na forma de desconforto, por vezes associado ao FOMO (fear of missing out). Embora não exista um termo clínico definido, dado que não é tido como uma patologia mas sim como uma condição, o FOMO caracteriza-se pelo "medo de se ser excluído ou esquecido, de não se estar integrado num grupo, de se estar offline nas redes sociais ou de não se conseguir dar resposta ao trabalho", explicou a psicóloga Catarina Lucas, do Centro Catarina Lucas, em entrevista à Máxima.

"Diz respeito à necessidade de saber o que os outros fazem, gerando-se um forte sentimento de ansiedade" e de angústia, podendo interferir bastante na rotina diária da pessoa, na forma de se relacionar com os outros e até nas quebras de produtividade"

Trata-se de uma condição que pode atingir níveis elevados tanto a nível social como profissional, tanto que, por vezes, a necessidade de se continuar no escritório esmaga o desejo por férias. Noutros casos, há quem vá de férias com a bagagem atrás - portátil, documentos, entre outras ferramentas de trabalho. Responde-se a emails na espreguiçadeira da piscina e agenda-se reuniões no bar da piscina. No geral, os "sintomas passam por estar sempre online e contactável, dificuldade em impor limites, regras e a dizer não, ficar sobrecarregado e preferir estar sozinho", continuou a psicóloga. Tende a ser mais comum em pessoas com baixa-autoestima, sentimentos de insegurança e que lutam pela validação de terceiros. 

No emprego

Em início de carreira, é normal que o foco dos jovens se encontre nisso mesmo, em ser-se bom no seu trabalho. "Não só fomos construídos num sistema económico que coloca o trabalho como fonte fundamental de identidade e crescimento, mas as empresas também viram como as relações humanas aumentam a motivação, esforço e sacrifícios, e utilizam-nas para forjar uma identidade de grupo e corporativismo, o que gera o FOMO", afirmou Gloria Zueco, diretora do Espacio Propio Psicología, à Vogue espanhola. 

Mesmo de férias, "o indivíudo terá muito dificuldade em desconectar-se, pois quererá assegurar-se de que não fica desatualizado e de que está no domínio da relação", avança Catarina Lucas. Existe a ideia de que, se pararmos para descansar, aquela promoção ou novo projeto irá escapar por entre os dedos, daí o vício na verificação constante. Além disso, existe uma comparação constantemente com os outros nas redes sociais, ora porque o colega comprou um automóvel de luxo ou porque foi de viagem às Maldivas.

Modos de superação

Em primeiro lugar, é necessário identificar as emoções sentidas, para que possam ser trabalhadas. Permitirmo-nos a usufruir do momento presente, de refletir sobre a real importância de se estar sempre vigilante e compreender que não se terá menos valor profissional apenas por se estar offline.

"Uma das técnicas mais utilizo com os clientes é pedir-lhes que descrevam a outra carreira que sentem ter perdido", disse Teri Coyne, coach de carreira e liderança, ao site da NBC News. "Seja específico. O antídoto para a perda é obter o que se quer – e isso começa por saber o que se deseja." Não basta apenas apagar as aplicações do telemóvel, pois até pode gerar efeitos de abstinência. Invés, deve-se fazer bom uso da tecnologia. E mesmo que não se elimine a conta do Instagram, há sempre a opção de rever as pessoas que se segue, e reconhecer que aquilo que publicam é apenas uma fração da sua vida, o que nem sempre corresponde à realidade.

É fulcral aceitar que irá sempre haver trabalho à espera, com ou sem dias de descanso. Neste aspeto, a criação de uma lista de prioridades é uma ferramenta simples e eficaz para navegar o caos. O truque é questionar 'sinto-me melhor se riscar um dos marcos da minha lista?'. Se a resposta for negativa, é porque se trata de uma tarefa sem grande importância no panorama geral.  

Por fim, há que celebrar as pequenas vitórias. Ou seja, não são apenas as grandes notícias, como promoções, que merecem ser celebradas. Recompensas por atingir-se metas diárias contribuem para adultos realizados. Os especialistas aconselham ainda a diminuição, no mínimo, do tempo gasto em assuntos profissionais fora do horário de trabalho, e no cumprimento do mesmo.

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Comportamento, Educação, FOMO profissional, Ansiedade, Redes Sociais, Trabalho, Insegurança
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