Quem é a mulher do novo primeiro-ministro britânico?

Coincidência ou não, o vermelho dos trabalhistas é a cor que Victoria Starmer, a mulher do recém-eleito primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mais usa. E é provável que essa venha a ser das poucas contribuições que fará para o sucesso político do seu marido. Victoria gosta pouco de aparecer, menos ainda de falar em público. Já fez saber que não vai sair de sua casa para viver em Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro, e que vai manter a sua atividade profissional no Serviço Nacional de Saúde. Para quem se lembra de outras mulheres de primeiros-ministros trabalhistas, Victoria será mais uma Sarah Brown – uma apoiante-sombra do seu marido Gordon –, e menos uma Cherie Blair – uma espécie de máquina de sorrir e acenar ao serviço do seu marido Tony. 

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Apesar de hoje trabalhar do setor da saúde ocupacional, o percurso profissional de Victoria Starmer começou na advocacia, como o do marido. Foi, de resto, nessa condição que se conheceram. Keir estava a defender um caso em tribunal cuja documentação havia sido preparada por ela. Quis certificar-se de que tudo batia certo e, portanto, pegou no telefone, sem a conhecer, e fez-lhe uma espécie de interrogatório. Victoria não apreciou a atitude. No programa de televisão Life Stories, apresentado pelo jornalista Piers Morgan, Keir Starmer contou que, quando estava a desligar o telefone, ainda foi a tempo de a ouvir resmungar: "Mas quem é que este idiota pensa que é?!" Starmer que, pelos vistos, gosta de mulheres que não levam desaforos para casa, ficou impressionado. 

Numa entrevista à Vogue britânica, Starmer conta que a conversa correu bastante melhor quando estiveram juntos pela primeira vez: um jantar de trabalho em que Victoria partilhou o seu prato vegetariano com ele. O agora primeiro-ministro agarrou a oportunidade com as duas mãos e convidou Victoria para uma ida ao pub. Sobre esse primeiro encontro a sua agora mulher, sempre despachada e divertida, comenta o seguinte: "Pelo menos, fez-me companhia até à paragem e acenou-me quando o autocarro arrancou – ganhou pontos por isso!"

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Poucos meses depois, durante uma viagem à Grécia, Starmer decidiu pedi-la em casamento. A sua (espécie de) resposta pragmática não se fez esperar: "Então, mas não é suposto haver um anel, Keir?"  À imprensa britânica, amigos do casal dizem que a maneira de ser descontraída e bem humorada é um contraponto para a seriedade de Starmer, que este muito aprecia. E deve apreciar, de facto, porque com ou sem anel, os dois acabaram mesmo por se casar, em 2007.

Em conversa com seu biógrafo, o jornalista Tom Baldwin, Keir descreveu Victoria como "terra-a-terra, ousada, engraçada, perspicaz – e absolutamente deslumbrante". 

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Victoria e Keir têm dois filhos, um rapaz e uma rapariga adolescentes, com 15 e 13 anos, que os dois protegem ferozmente dos media e da opinião pública, ao ponto de a imprensa britânica – bem conhecida pelo seu escrutínio intrusivo da vida privada de figuras públicas – não ter bem a certeza dos seus nomes, nem ter conseguido fotografá-los. Pelo menos, até ao momento. O que se sabe é que, como Victoria é judia – a sua família é oriunda da Polónia –, os filhos estão a ser educados de acordo com a fé judaica.  Ao jornal Jewish Chronicle, o primeiro-ministro diz que por conta da religião da mulher, faz questão de jantar em casa, com a família, todas as sextas-feiras – o shabat, dia de descanso semanal do judaísmo, celebra-se do pôr-do-sol de sexta até ao pôr-do-sol de sábado – e que recebem também os pais de Victoria, com o pai dela a fazer as orações.

Victoria Alexander – é esse o seu nome de solteira – cresceu no Norte de Londres. Estudou direito e sociologia na Universidade de Cardiff, no País de Gales, e depois regressou ao Norte de Londres e é lá que ainda hoje vive, na zona de Camden, com o marido, os filhos e o gato Jojo. E apesar de a vontade de deixar a sua casa para acompanhar Keir Starmer ser nenhuma, o primeiro-ministro diz ter esperança de a conseguir convencer, principalmente, se puser um cão em cima da mesa de negociações – a preferência da filha recai sobre um pastor alemão. O gato Larry, famoso residente permanente de Downing Street, é que é capaz de não ficar encantado com a ideia. Jojo, então, nem se fala.

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