Que filmes ver agora?
Setembro promete boas estreias de cinema, como uma biografia de Judy Garland, o aguardado filme Downton Abbey ou a nova realização de Louis Garrel.

Dear Judy
Judy Garland (Grand Rapids, EUA, 1922 – Londres, 1969) começou a representar aos sete anos e teve o primeiro grande papel em O Feiticeiro de OZ, aos 17, o qual a entronizou como a "menina bonita" do cinema desse tempo e do público americano. Foi nomeada para o Óscar em Nasceu Uma Estrela (1954) e em O Julgamento de Nuremberga (1961). Com o crepúsculo da carreira reinventou-se como cantora devido à voz portentosa e quase operática (a canção Somewhere Over the Rainbow ficou-lhe colada à pele até ao fim dos seus dias) e ao culto desmesurado feito pelo público gay. Com uma vida privada tormentosa e acima de tudo marcada por vários divórcios, ficou viciada em álcool e em medicamentos, tendo sucumbido a uma dose excessiva e acidental dos mesmos, aos 47 anos. Agora, Renée Zellweger é a atriz que a encarna e que resplandece ao expressar a relação quase impossível que Garland tinha com as pressões da fama, da família (teve cinco maridos e três filhos, um rapaz e duas raparigas, sendo uma delas Liza Minelli), dos fãs e do manager – e que a terá levado à exaustão. Judy, o filme biográfico realizado por Rupert Goold, retrata os atormentados últimos seis meses de vida de Judy Garland, durante o inverno de 1968, em que se preparava para uma exigente série de espetáculos no clube londrino The Talk of the Town. Estreia mundial a 27.

Aristocracia ímpar
O sucesso da série Downton Abbey, cujo argumento cresce em torno da aristocrática família Crawley, chegou ao grande ecrã. Antecipado pela crítica, há meses, e em destaque em revistas como a Vanity Fair e a Variety ou em jornais como o The Guardian, o filme com o mesmo nome baseia-se no argumento de Julian Fellowes e materializa-se na visão do realizador Michael Engler. Dame Maggie Smith, no papel de matriarca (a condessa viúva Violet Crowley), é a força matriz da história e faz-se rodear de atores exímios como Elizabeth McGovern, Michelle Dockery, Joanne Froggatt, Mathew Goode ou Hugh Bonneville. Dramas familiares, mistérios de heranças e enigmas amorosos viram todos os holofotes para este filme. Estreia a 19.
Um caso particular

Detentor de um encanto irrefutável, Louis Garrel (com papéis brilhantes em Os Sonhadores ou Os Amantes Regulares) aventurou-se, uma segunda vez, na realização com o filme Um homem fiel. Nele, o próprio protagoniza Abel, um jornalista que descobre que a mulher que ama está grávida do seu melhor amigo, Paul. Oito anos mais tarde, Paul morre e Abel e Marianne voltam um para o outro – mas há um amor acidental que muda tudo. Laetitia Casta (Marianne) e Lily-Rose Depp (Ève) compõem esta dança a três de forma tão sublime que já foi distinguida com o prémio Margot Hielscher no Festival de Cinema de Munique, entregue a Garrel, ou o de Melhor Realização na competição do Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires. De referir que o argumento foi escrito em parceria com Jean-Claude Carrière (coargumentista do célebre A Bela de Dia, de Luis Buñuel, com Catherine Deneuve). Estreia a 26.
Must-watch
Descrito pelo The Guardian como "uma comédia negra bizarra sobre status social, aspiração, materialismo, a unidade familiar patriarcal e [ainda sobre] as pessoas que aceitam a ideia de ter (ou de alugar) uma classe serviçal", o filme Parasitas (no original Gisaengchung) tem vindo a ser enaltecido pela crítica após vencer a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes. Uma obra-prima do cinema coreano que surpreende com o seu quê de irónico e de imprevisível ao abordar o tema da servidão numa sociedade ? a asiática ? que é cada vez mais robotizada e abismal. Não só ao que ao luxo diz respeito, mas sobretudo na evolução das relações humanas. Estreia a 26.

Talento sem medida
Selecionado para o Leão de Ouro do próximo Festival de Veneza (de 28 de agosto a 7 de setembro), A Herdade é uma realização de Tiago Guedes que assim ombreia na competição com Steven Soderbergh, James Gray ou Roman Polanski. O filme, produzido por Paulo Branco e com guião do escritor Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes (e ainda com a participação de Gilles Taurand), tem Albano Jerónimo e Sandra Faleiro como protagonistas. Conta a história de uma família portuguesa proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do Tejo, ao mesmo tempo que traça um retrato social e político de um Portugal dos anos 40 até aos dias de hoje, com particular ênfase no período do 25 de Abril. Ao elenco juntam-se atores como Ana Vilela da Costa, Miguel Borges, João Vicente, Ana Bustorff, Victoria Guerra ou Filipe Vargas. Integra também a lista dos filmes selecionados para a competição do Festival Internacional de Cinema de Toronto (de 6 a 16 de setembro). Estreia a 19.
Novas séries
O que acontece quando Ryan Murphy, o criador de séries de sucesso como Glee ou American Horror Story, aposta numa série musical de humor negro? Falamos de The Politician, um exclusivo da Netflix que conta a história de Payton Hobart (Ben Platt), um jovem estudante do liceu Saint Sebastian, em Santa Bárbara, na Califórnia, que aspira a ser Presidente dos Estados Unidos. Lucy Boynton, Gwyneth Paltrow, Zoey Deutch, Jessica Lange e Laura Dreyfuss, entre outros, juntam-se nesta primeira temporada da novíssima e divertida série. Estreia a 27.
