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"É verdade que os telemóveis prejudicam a vida familiar?"

Numa altura em que parte da nossa vida se tornou mais digital que nunca, devido a uma pandemia mundial, Alice, 42 anos, Leiria, pergunta-se quão nocivos são as os telemóveis para a vida em família.

Foto: Andrea Piacquadio / Pexels
17 de agosto de 2020 às 07:00 Catarina Rivero
"Sinto que cá em casa estamos sempre agarrados aos telemóveis e tablets. Se é verdade que chateamos os miúdos para terem limites, nós próprios estamos muitas vezes agarrados às redes sociais. O meu marido desvaloriza. Diz que é uma forma de descontrair e que faz parte da geração das crianças e que lhes faz bem estarem por dentro das tecnologias. Eu sinto-me um bocado preocupada… até que ponto é positivo?" Alice, 42 anos, Leiria
 
Cara Alice, smartphones e tablets são de facto novos elementos nas famílias com os quais temos de lidar. Se trazem alguns benefícios, é importante refletirmos sobre os eventuais abusos e seu impacto nas dinâmicas familiares. Cada vez mais cedo as crianças têm acesso aos telemóveis e/ou tablets, sem que isso tenha de constituir um problema em si. Desenvolvem competências ao nível da tecnologia, cognitivas e mantêm-se ligados aos amigos e outros familiares, partilhando experiências. Todavia, a investigação vem de alguma forma demonstrando que o uso exagerado pode ser negativo, na medida em que pode estar a impedir o interesse por outras atividades, nomeadamente desportivas e brincadeiras fora dos écrans, bem como maior dificuldade nos relacionamentos offline, em estar com amigos e família.

Quando têm acesso aos gadgets durante a noite, as horas de sono também ficam muitas vezes comprometidas. O facto de estes dispositivos serem muitos estimulantes podem ainda dificultar o desenvolvimento de capacidades para estar serenamente, sem a multitude de estímulos, podendo comprometer a capacidade de foco, de manter a atenção numa só tarefa. Momentos de maior aborrecimento ou de menor estímulo (que fazem parte do quotidiano de miúdos e graúdos) passam a ser mais difíceis de lidar… o recurso ao telemóvel pode implicar a fuga a esses momentos e de saber estar só, a lidar consigo próprio, com os seus pensamentos e emoções.

 
Se bem que há uma grande preocupação (natural) com crianças e jovens, esta é também uma realidade dos adultos. A dificuldade em desligar o virtual tem mostrado ter impacto nas vidas relacionais e mesmo profissionais dos adultos, sem que estes muitas vezes consigam estabelecer limites a si próprios. Enquanto pais, este comportamento irá influenciar a dinâmica familiar e a relações que crianças e jovens estabelecem com os ditos écrans. Repare-se que, de acordo com alguns estudos, o uso exagerado dos telemóveis por parte dos pais tem facilitado alguns acidentes pequenos, por exemplo, quando as crianças estão a brincar no parque infantil. A comunicação familiar e atividades fora das tecnologias tendem a diminuir, o que pode ter repercussões no desenvolvimento das relações familiares.
 
Estabelecer regras e limites parece ser positivo, quando se sente que há um exagero das tecnologias em casa. De acordo com a idade dos filhos, estes podem ser envolvidos numa conversa sobre o uso dos smartphones e tablets e como melhorar a dinâmica familiar a partir daí. Que limites podem ser estabelecidos? Telemóveis guardados numa mesa? Brincadeiras com "multas" a quem usar primeiro o telemóvel? O que podem fazer de diferente quando se desligam os écrans? Estão disponíveis para um serão semanal sem écrans? Conversar, fazer um jogo de tabuleiro em família e, claro, sair de casa sem tecnologias, podem ajudar no processo de (re)descoberta de outras formas de estar e relacionar.

Nota importante: os pais serão sempre os grandes inspiradores. Dar o exemplo fará toda a diferença!

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