Nas redes sociais dos famosos, somos todos voyeurs?
Porque é que seguir alguém no Instagram é alvo de tentação, sobretudo se falarmos em celebridades? Um caso recente que o prova é o de Jennifer Aniston. A atriz chegou ao Instagram e “deitou” esta rede social abaixo, tal foi a afluência de seguidores.

Hoje em dia, se disser que não está no Facebook, no Instagram, nem no Twitter, dir-lhe-ão, muito provavelmente, que não existe. Se "googlou" uma determinada pessoa, e nem sombra do seu LinkedIn se vislumbra, então é porque não há dúvidas: a pessoa não existe. Nunca existiu. Isto para chegar ao que todos já sabemos: as redes sociais tomaram conta das "nossas" vidas, como um gigante que se impôs entre a vida real e um ecrã.
Uma vez que é uma rede social focada na imagem, o Instagram é uma das janelas mais escancaradas para a vida privada de alguém. São raras as contas pessoais, por exemplo, em que as pessoas não partilhem momentos de lazer, em família, ou no trabalho – que acidentalmente ou intencionalmente nos dão pistas, mais ou menos evidentes, de quem a pessoa é. Do que faz. De quem é a mulher ou a namorada. Se tem filhos ou não. Se gosta de ir a restaurantes ou prefere ir ao cinema. Quais são, até (e através de ferramentas como a localização) os sítios onde vai com que regularidade. "A questão da privacidade e da intimidade é uma das mais interessantes da atualidade. Com efeito, a privacidade e a intimidade correspondem a direitos, que são correlatos de liberdade e pelos quais se lutou durante muito tempo. Todavia, hoje, para além de mecanismos de controlo, externos e mais ou menos legais, da nossa privacidade, a verdade é que somos nós próprios a abdicar desses direitos ao expor a nossa vida privada, os nossos pensamentos e emoções e os acontecimentos mais íntimos da nossa vida nas redes sociais", começa por explica Maria José da Silveira Núncio, socióloga e professora universitária no ISCSP-ULisboa. "E claro que isso tem a ver com aquilo que é uma curiosidade nata em relação à vida dos outros, em última análise uma curiosidade em tudo semelhante àquela que sempre levou as pessoas a estarem à janela a ver quem passa, nas ruas dos bairros ou das aldeias" acrescenta, sobre a mudança de paradigma dos últimos anos. "Hoje, com as redes sociais, é o mundo inteiro que se converte numa rua e o ecrã a janela. E esta curiosidade tem a ver com a nossa própria sociabilidade e com o facto de o ser humano estar, na sua essência, preparado para viver em convivência."

No dia 15 de outubro de 2019, a atriz Jennifer Aniston publicou a sua primeira fotografia na rede social Instagram com parte do elenco da série Friends (uma selfie, na verdade, com Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer). Foi mais um dos momentos #BreaktheInternet (a rede social foi mesmo abaixo, tamanha a adesão dos seguidores) e a atriz chegou ao primeiro milhão em apenas algumas horas. Em dois meses já atingiu quase 22 milhões de seguidores. Tal episódio serve de exemplo de como aquilo que referimos acima ganha outras proporções quando falamos em celebridades. "No que respeita àquelas [pessoas] que são figuras públicas, a exposição da sua privacidade cria nos seus seguidores uma sugestão de conhecimento íntimo, de partilha de um quotidiano que faz com que os seguidores se sintam ainda mais próximos, que sintam que partilham os acontecimentos e situações do dia a dia destas pessoas e, com isso, gera-se uma maior admiração ou idolatria, o que é conveniente em termos de projeção da imagem para quem vive e/ou depende dessa imagem, mas que também acarreta custos, ao privar essas pessoas do direito à privacidade em toda e qualquer situação" esclarece, acrescentando ainda que "por parte dos seguidores, a possibilidade de terem acesso àquilo que são os pormenores da vida privada daqueles que admiram, vem reforçar e alimentar o sentimento de admiração e de afinidade, alimentando, também, a popularidade do seu ídolo."
Porém, nem todos os rostos célebres querem estar "online" e partilhar as suas vidas com os fãs. À escala portuguesa, Ricardo Araújo Pereira já disse várias vezes que não estava, nem tem intenções nunca de estar presente nas redes sociais. De George Clooney a Jennifer Lawrence, são muitas as personas famosas que não querem partilhar as suas vidas através da Internet. Há incontáveis páginas criadas por fãs da atriz Jennifer Lawrence, mas nenhuma que seja oficial. Ao programa de rádio da BBC 1, terá dito: "eu nunca vou ter uma conta no Twitter. Eu não sou muito boa com telemóveis ou tecnologia. Não consigo acompanhar os e-mails, então a ideia do Twitter é impensável, para mim." A estrela de Sherlock, Benedict Cumberbatch, é outro exemplo. E o idolatrado ator Brad Pitt. Ou a carismática Tina Fey. E a lista continua. Entre outros exemplos, veja, acima, algumas das celebridades que optam, atualmente, por estar offline nas redes.

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