Os homens também choram nos divórcios?
Sabemos de cor que as histórias de amor nem sempre têm finais felizes. Mas quando nos acontecem a nós, quais são as sensações físicas e psicológicas que experienciamos quando um casamento chega ao fim? Jaime Severino, divorciado há seis meses, casado por 34 anos, dá-nos o seu testemunho. Tem 60 anos.

"Poucos dias depois do divórcio (andava em mudanças), a minha ex-mulher aparece em casa acompanhada por um sujeito, vinham de almoçar e não contavam que eu estivesse em casa, no terraço. Ele ficou perplexo por me ver, ficou parado à porta, não entrou. Ela vinha eufórica. Esta situação causou-me um mal-estar, um desfalecimento. A transpiração surgiu de uma forma repentina, fiquei com a camisa toda molhada. Há um conjunto de sintomatologias desagradáveis provocadas por pensamentos que nos inundam de incertezas e perplexidades, relativamente às atitudes do outro. As sensações físicas são de várias ordens, desde calafrios, sensação de desmaio, falta de apetite, a distúrbios intestinais.

O sentimento de perda, o abandono, o desprezo, a falta de diálogo, a arrogância a que somos muitas vezes submetidos, torna tudo mais difícil um divórcio. A sensação é a de passarmos a andar no nevoeiro cerrado, em que só vemos o passo seguinte, nada mais.
No meu caso, os 4 filhos em comum são todos maiores, o que por um lado atenua o impacto negativo que o divórcio possa provocar, ainda que cada um sinta de forma diferente, contudo existe sempre a preocupação de os ajudar e apoiar, acompanhá-los nas decisões e opções que vão tomando, pois estão numa fase de complicada de adaptação ao do mundo da trabalho... No meu caso existe ainda um problema acrescido, pois tenho um filho com problemas mentais que carece sempre de acompanhamento, é um cristal muito fino que deve ser tratado com muito cuidado para não partir. Estas preocupações relegam para segundo plano as minhas, pondo à frente os filhos.
Quando o cônjuge é muito controlador, consegue pôr em causa muitas coisas que não existem, torna o ambiente desagradável minando a relação com suposições e perguntas inquisitórias desnecessárias. A tolerância, o controlo das emoções, o respeito de um pelo outro, dar espaço sem desconfianças, a amizade, o amor, são ingredientes para uma saudável longevidade da relação.

O meu divórcio é recente e nesta fase quero ficar bem. Estável. Voltar a gostar de mim para que possa voltar acreditar no amor sem as sombras do passado e dar o meu melhor à pessoa amada. Como romântico assumido, penso que é possível voltar a acreditar no amor verdadeiro, terá provavelmente nuances diferentes, mas fará parte. Aceitá-las ou não depende de nós."

Divorciadas e sozinhas aos 50. "Descia ao estacionamento do trabalho, metia-me no carro e chorava, é a travessia do deserto."
Lúcia, Maria João e Sofia tinham 46, 50 e 52 anos, respetivamente, quando o amor das suas vidas as deixou. Testemunhos de dor e de superação, narrados na primeira pessoa.