O seu parceiro importa-se que ganhe mais do que ele?
A união entre duas pessoas deve basear-se na igualdade, mas segundo um estudo da Universidade de Michigan, atualmente os homens sentem-se stressados se o salário da sua parceira é mais alto do que o seu.

Um estudo publicado no jornal científico Personality and Social Psychology Bulletin mostra que, nos casais heterossexuais, os homens são mais felizes quando ambos os parceiros contribuem financeiramente, mas preferem ser os principais provedores. Utilizando os dados recolhidos pela Universidade do Michigan, nos Estados Unidos da América, entre 2001 e 2015 numa amostra de 6 035 casais heterossexuais casados ou juntos por um período de mais de 15 anos, concluiu-se que a relação entre o rendimento da mulher e o sentimento de stress do homem (que se calculou com base em sentimentos de tristeza, nervosismo, inquietação e inutilidade) toma a forma de um ‘U’, com duas situações polarizantes.
Concluiu-se primeiramente que os homens parecem estar mais relaxados quando as suas parceiras ganham até 40% do rendimento total de ambos, apesar do peso da responsabilidade. Mas com o aumento do salário da companheira além deste número, os níveis de desconforto nos parceiros também aumentam drasticamente, geralmente por se sentirem totalmente dependentes da outra pessoa a nível económico. Não tão infelizes como estes são os homens com o único rendimento do agregado familiar, que se mostraram substancialmente pressionados. Ambos os extremos afetam drasticamente a saúde mental masculina, sendo a exceção os homens que mantêm uma relação com uma mulher cujo salário já era muito mais elevado do que o seu antes da união, não apresentando qualquer perturbação maior. Sendo que os parceiros não são escolhidos ao acaso, se a mulher ganha mais antes do casamento a diferença entre salários já está clara.

Há uma miríade de razões que explicam porque é que os maridos com salários inferiores aos das parceiras possam sofrer de angústia. Quando uma das pessoas do casal ganha uma proporção muito maior do que o rendimento total de ambos, isto poderá gerar um desequilíbrio na relação. A possibilidade de divórcio ou separação poderá, assim, fazer com que o parceiro que ganha menos se sinta mais vulnerável. É uma questão de poder, que se torna decisiva se o casal tiver visões diferente do que é melhor para a família, quanto deve ser poupado, no que se deve gastar, entre outros planos e grandes decisões.
Outras justificações, de acordo com o mesmo estudo, lembram o efeito histórico das normas culturais, psicológicas e sociais no que toca a papéis de género. Durante gerações, em muitas culturas, tem havido uma expectativa de que os homens sejam os grandes provedores na família, e a masculinidade está altamente ligada a preencher esse lugar. No entanto as coisas estão a mudar: nos EUA em 1980, apenas 13 por cento das mulheres casadas ganhavam à volta do mesmo ou mais do que os maridos; em 2000, esse número quase duplicou para 25 por cento, e em 2017 estava nos 31%, tendência esta que se tem verificado noutros países.
No entanto, mesmo que as normas de género apoiem esta dinâmica, tem sido dada muito pouca atenção às complicações psicológicas sofridas pelos homens que sustentam o agregado familiar. Esta falta de pesquisa talvez seja sintomática da força da tradição do domínio masculino. As normas dos papeis de género ainda induzem uma aversão clara a uma situação onde a mulher ganhe mais do que o marido, e enquanto o número de mulheres que ganham mais aumenta, a sociedade terá de se atualizar.


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