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Mulheres afegãs proibidas de frequentar salões de beleza e cabeleireiros

Os talibãs fecharam todos os estabelecimentos de beleza. Assistimos a um assustador "apartheid de género", segundo a Organização Mundial de Saúde.

Foto: Getty Images
07 de julho de 2023 Ângela Mata
Os fundamentalistas preparam-se para anular, até o final de julho, as licenças deste tipo de negócios (salões de beleza e cabeleireiros), que era uma das últimas esperanças de trabalho e de socialização das mulheres afegãs. Era ali que podiam ganhar a vida e reunir-se entre elas para falar e sair de casa.

Agora, os salões de beleza e cabeleireiros devem fechar as portas em todo o país antes de 25 de julho por ordem direta do líder supremo dos talibãs, Haibatulá Ajundzadá. A ordem de revogação das licenças dos seus negócios foi reconhecida em comunicado divulgado no domingo passado, 2 de julho, pelo Ministério Talibã da Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

Na carta, o ministério fundamentalista todo-poderoso instruiu as autoridades de Cabul e outras províncias afegãs a encerrar as atividades em centros de beleza para mulheres ao longo deste mês e, uma vez vencido o prazo, "serão proibidos" no país.

Este é mais um veto que se soma à lista de proibições impostas aos afegãos desde que os talibãs chegaram ao poder em agosto de 2021. Ao mesmo tempo, também representa uma perda significativa das poucas fontes de rendimento que tinham.

Desde que os fundamentalistas chegaram ao poder, há um ano e meio, as mulheres têm sofrido um retrocesso em termos de direitos, com restrições como a segregação por sexo em locais públicos, a imposição do véu ou a obrigatoriedade de estarem acompanhadas por um familiar do sexo masculino em viagens longas.

A esta lista de cortes foi incluída em dezembro passado a proibição de trabalhar em ONGs ou de estudar na universidade, despacho que vem na sequência da proibição do ensino secundário feminino imposta desde a chegada ao poder dos talibãs.

A realidade que os afegãos vivem hoje é cada vez mais parecida com a época do primeiro regime entre 1996 e 2001, quando, com base numa interpretação rígida do Islão e do seu rígido código social conhecido como Pashtunwali, as mulheres eram proibidas de frequentar as escolas e eram confinadas em casa.
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Por detrás de muitas dessas regulamentações contra as mulheres está o todo-poderoso Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, instituição que entrou em vigor durante o primeiro regime talibã e se extinguiu com a invasão dos Estados Unidos, deixando uma má lembrança dos afegãos para os próximos 20 anos.

Com o regresso ao poder dos Talibãs, há quase dois anos, a instituição voltou, instalando-se precisamente no agora extinto Ministério da Mulher.
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