Máscaras cirúrgicas, comunitárias ou duplas? As recomendações dos especialistas
É uma questão que está a dividir a Europa. Serão as máscaras sociais suficientemente seguras? Mesmo à beira de um rutura de stock das máscaras cirúrgicas, Áustria, Alemanha e França proibiram-nas, mas a indústria têxtil portuguesa refuta esta tese. A DGS ainda não alterou as diretrizes.

É um tema que está a dividir os especialistas. Enquanto alguns defendem que as máscaras comunitárias certificadas (as ditas sociais) não são suficientemente seguras para evitar o risco de contágio (que com as novas estirpes, vê o seu grau de transmissibilidade aumentar), mas também há quem alegue que não devemos usar constantemente (e apenas) máscaras cirúrgicas, mas sim máscaras comunitárias certificadas para evitar rutura de stock, como mencionou o pneumologista Filipe Froes ao Jornal i, esta quinta-feira.
No entanto, nem todos os pneumologistas seguem este pensamento, e as opiniões começam a dispersar-se. As dúvidas começaram a instalar-se quando países europeus como a Áustria, a Alemanha ou a a França estabelenceram a obrigatoriedade do uso das máscaras FFP1 e FFP2 (com um desempenho mínimo de filtração de 90%) em locais públicos, proibindo o uso das máscaras comunitárias devido às novas estirpes. Gustavo Tato Borges, epidemiologista e um dos vice-presidentes da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, explica à Máxima que "existe uma variedade de máscaras comunitárias desenvolvidas pela nossa indústria têxtil, que têm vários níveis de proteção. No entanto, em termos médios, gerais, uma máscara comunitária tem um nível de proteção inferior, dependendo da qualidade dos tecidos e do material que é utilizado. Algumas até permitem colocar um filtro de tecido não tecido (TNT), mas as máscaras comunitários nunca estarão ao mesmo nível da máscara cirúrgica, que tem uma proteção superior a 80% de filtração." Da perspetiva de Tato Borges, também há outras vantagens em relação à máscara social. "Acaba por funcionar nos dois sentidos, 50% de proteção para si e 50% para o outro. Já a máscara cirúrgica é muito mais eficaz a proteger os que estão à volta. Nós usamos máscaras cirúrgicas para proteger quem está à nossa volta, e não a nós próprios. Sei que há máscaras que admitem a possibilidade de neutralizar o vírus, e essas terão uma maior proteção relativamente às máscaras comunitárias normais, sem qualquer tipo de tecido não tecido a proteger", acrescenta, referindo-se à inovadora máscara da MO, a primeira máscara têxtil testada contra o SARS-CoV-2 pelo Instituto de Medicina Molecular. Sabe-se, de acordo com números oficiais, que 80% dos mais de 3000 modelos de máscaras certificados pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (Citeve) têm uma capacidade de filtração entre 70% e 90%. Como avança uma notícia do jornal Público, se o Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) recomendar uma capacidade de filtração acima dos 90%, próxima ou igual à das máscaras FFP2, são cerca de 2400 modelos que podem perder interesse comercial em Portugal (números do diretor geral do Citeve, Braz Costa). Para já, e perante a expansão de variantes mais contagiosas como as do Reino Unido e da África do Sul, nem a Organização Mundial da Saúde (OMS) nem o Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças, alteraram as suas orientações quanto às máscaras a usar pela comunidade. A DGS, que costuma alinhar as suas diretrizes com estas organizações mundiais, também não se pronunciou sobre possíveis alterações, apesar de a Sociedade Portuguesa de Pneumologia ter afirmado que a entidade deveria seguir o exemplo de outros países europeus e impor o uso de máscaras cirúrgicas em todos os locais. A DGS mantém, assim, a campanha visual que desenvolveu para esclarecer o uso das máscaras, que identifica as normas gerais, os erros, mas também as t Perante a evolução epidemiológica das novas estirpes,

Gustavo Tato Borges, epidemiologista e um dos vice-presidentes da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, explica à Máxima que "existe uma variedade de máscaras comunitárias desenvolvidas pela nossa indústria têxtil, que têm vários níveis de proteção. No entanto, em termos médios, gerais, uma máscara comunitária tem um nível de proteção inferior, dependendo da qualidade dos tecidos e do material que é utilizado. Algumas até permitem colocar um filtro de tecido não tecido (TNT), mas as máscaras comunitários nunca estarão ao mesmo nível da máscara cirúrgica, que tem uma proteção superior a 80% de filtração." Da perspetiva de Tato Borges, também há outras vantagens em relação à máscara social. "Acaba por funcionar nos dois sentidos, 50% de proteção para si e 50% para o outro. Já a máscara cirúrgica é muito mais eficaz a proteger os que estão à volta. Nós usamos máscaras cirúrgicas para proteger quem está à nossa volta, e não a nós próprios. Sei que há máscaras que admitem a possibilidade de neutralizar o vírus, e essas terão uma maior proteção relativamente às máscaras comunitárias normais, sem qualquer tipo de tecido não tecido a proteger", acrescenta, referindo-se à inovadora máscara da MO, a primeira máscara têxtil testada contra o SARS-CoV-2 pelo Instituto de Medicina Molecular.
Sabe-se, de acordo com números oficiais, que 80% dos mais de 3000 modelos de máscaras certificados pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (Citeve) têm uma capacidade de filtração entre 70% e 90%. Como avança uma notícia do jornal Público, se o Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC) recomendar uma capacidade de filtração acima dos 90%, próxima ou igual à das máscaras FFP2, são cerca de 2400 modelos que podem perder interesse comercial em Portugal (números do diretor geral do Citeve, Braz Costa).
Assim, o epidemiologista afirma que "o uso de máscaras comunitárias pode ser insuficiente perante esta realidade epidemiológica do continente português e que necessitamos de uma maior proteção", sendo as máscaras cirúrgias aliadas nessa intenção. "Em Portugal ainda não chegámos a esse nível (mas poderemos vir a chegar)", e caso a "proporção de casos associados a estas novas estirpes continue a aumentar, iremos ter que usar máscara FFP2. Num nível extremo de necessidade de proteção", avisa.

O especialista conclui que as máscaras comunitárias "são uma proteção mas podem vir a ser insuficientes tendo em conta a realidade epidemiológica portuguesa, e sendo aconselhável que as pessoas usem máscaras cirúrgicas que conferem um grau de proteção maior."
Questionado sobre o uso de dupla máscara, uma tendência que já não é raro vermos em consultórios, atrás de balcões ou até mesmo na rua, Gustavo Borges explica que "de acordo com Anhony Fauci [imunologista americano e diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas] essa pode ser uma vantagem" mas que tudo "depende das máscaras que usarmos em cima umas das outras. Se usarmos duas máscaras cirúrgicas, a vantagem é pouca, porque não nos protege a nós, vamos aumentar a proteção dos outros. Possivelmente, usar uma máscara cirúrgica e uma FFP2 poderia aumentar a segurança, sendo que não teria lógica aplicá-la no nosso dia, diria mesmo que seria exagerado", esclarece.
Mesmo assim, não põe a ideia de parte. "Duas máscaras comunitárias serão sempre melhores que uma máscara comunitária, embora possa não fazer o mesmo efeito da cirúrgica. Usando uma máscara cirurgica de forma correta é uma boa medida comunitária. Se não tivermos acesso à mesma, a utilização de duas máscaras comunitárias [em duplicado] pode ser vantajosa" continua. E deixa um alerta. "Para aqueles que têm possibilidade de ter uma doença grave, equacionar o uso de uma máscara FFP2 no rosto e a cirúrgica por fora poderá ser uma proteção acrescida, principalmente nessa população mais frágil que pode ter consequências mortais.

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