
Na vida de todas as raparigas há aquele momento em que têm de abdicar do estilo "em tronco nu", seja na praia ou na piscina. De repente crescem-nos umas protuberâncias, que nos parecem elevações desagradáveis à visão e ao toque, e perdemos a liberdade de andar de peito ao léu. Mesmo que ninguém nos avise que está na altura de cobrir aquela zona do corpo, começamos a sentir os olhares evasivos dos adultos ou, no pior dos casos, o mirar interessado de alguém que nos parece automaticamente um pervertido. Seja como for, sentimos claramente que está na altura de adquirir a parte superior do biquíni ou de começar a usar um fato-de-banho.
Recentemente, algumas zonas da Europa, nomeadamente Berlim e Catalunha, acabaram com a proibição discriminatória do topless feminino nas piscinas públicas. Mas no caso de Berlim a situação tem contornos anedóticos, uma vez que começaram por permitir, no ano passado, que se fizesse topless apenas aos fins-de-semana, entre o início de maio e o final de agosto. Se fosse ficção dir-me-iam que era inverosímil. No fundo, era como se as mamas das mulheres tivessem a sua própria época balnear, que só funcionava estritamente aos fins-de-semana. Durante os dias úteis da semana, as mamas tinham de continuar a picar o ponto do pudor. Felizmente esta medida berlinense já se encontra alterada e passou este ano a ser possível fazer topless durante todo o ano. E atenção que esta medida só foi implementada graças à francesa Gabrielle Lebreton, moradora da capital alemã há mais de uma década, que processou o Estado por ter sido discriminada e ganhou o caso. Há uns anos, Lebreton estava com o filho de cinco anos na piscina quando foi convidada por um grupo de policias a abandonar o recinto. Numa entrevista ao semanário Die Zeit, afirmou que "tanto para os homens como para as mulheres, os seios são uma característica sexual secundária, mas os homens têm a liberdade de tirar a roupa quando está calor e as mulheres não".

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